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Antes que ela pudesse responder ou devolver, bati a porta na sua cara. Respirei fundo para tentar trazer meu eu de volta e deixei escapar um sorriso. Se ela quer guerra, ela vai ter.























Eu sou totalmente sem confusão ou brigas com alguém, sempre fui revoltada comigo mesmo sem ter que me revoltar com as outras pessoas, não culpo ninguém pelos meus problemas e defeitos mas não gosto que me culpe-os pelos seus. Parece que há uma bomba dentro de mim que está em contagem regressiva para explodir, não quero enfrentar esses dias sempre confrontando alguém, eu não sou assim. Ultimamente venho sido quem nao sou, nunca mais fui a praia, nunca mais falei com Steph, não bebi, não fumei e a única parte boa disso tudo é que tô conhecendo uma parte durona minha que eu pensei que nao existisse já que vivo chorando com tudo, essa minha parte está me deixando mais confusa em saber quem sou eu porque nunca consegui me conhecer por inteiro, só sou uma roda de emoções que variam o dia todo sendo sempre tão intensas. Me sinto bem quando fico com o Moon sabendo que ele me faz sentir especial. Mas o culpo por ter feito eu fazer parte de uma traição. Não aguento mais me torturar com isso tudo. Já nao sei se ando bem ou mal. Talvez o amor não é remédio pra todos e sim a doença. Toda vez que me deito no tapete da sala cenas venham me atormentar. Os meus pais foram a minha maior perda e eu estou deixando se perder uma parte de mim para encontra-los. Não consigo entender tudo isso.

Conheci a alguns dias uma versão carinhosa de mim e mesmo parecendo ser pouco tempo para gostar de alguém, se lembre meu caro, o amor une duas almas e essas duas almas se encontram antes que os corpos, era isso que dizia o meu pai, e é agora que tudo faz sentido.

Meu pai era um escritor bem famoso em NY, tinha sardas no rosto, cabelos grisalhos, olhos puxadinhos, era um dos homens mais desejados segundo a imprensa mas largou tudo quando conheceu uma loira de quadris largos, olhos verdes e rosto oval que mas tarde se tornou minha mãe. Toda vez que contavam histórias dos seus passados meu pai dizia que o amor é um quebra-cabeça onde sempre irá faltar uma peça, e essa peça talvez seja a que alguém roubou de você levando consigo uma marca sua, seja ela até mesmo um registro de um sorriso, que é tatuada no órgão mais nobre do corpo: o coração, é por isso que um ex namorado seu sempre terá algo que mexa em você mesmo se o quebra-cabeça se desmontar, a peça continuará contigo. Ele era um grande sábio mas eu não o valorizei por todas as vezes que agredia minha mãe, foi isso que me fez desacreditar de muitas coisas.

Eu não me dava bem com meus pais, brigavamos muito mas carrego um vazio enorme sem eles.

Telefone tocou.
Sem querer o derrubei quando me levantava do chão e bati com a cabeça na ponta da mesa de vidro. Droga. Levei a mão a cabeça e derramava um pouco de sangue, nem consegui me desesperar, eu sorri ao ver o quanto sou tonta. O telefone continou tocando e eu pensava que havia desligado com a queda. Me estiquei e atendi a um numero desconhecido porém de telefone fixo.

A - Disse ainda em risos. Quem é o tipo de pessoa que atende o telefonema de um número desconhecido sorrindo? Eu.
Boa tarde, aqui é do hospital... - Achei irônico com a situação.
Sim, preciso - Interrompi ela.
Calma senhora, aqui é do hospital que o Moonder está internado e que recebe alta amanhã cedo, liguei a pedido dele para dizer que ele está a espera da sua visita a partir das 17:30. - Ela parecia um pouco impaciente e eu sorria.
Obrigada e desculpa pelo transtorno.
Tenha uma boa tarde. - Foi a última coisa que ela falou e desligou. Ignorante.

Como vou deixar ele agora se ele mesmo quer que eu vá? Desculpa Kile mas mesmo sendo errado, não vou o deixar, não agora.

Joguei o celular no sofá e corri para o banheiro, liguei o chuveiro e coloquei o rosto em baixo. Foi apenas um arranhão porém ardia bastante. Desliguei o chuveiro no instante em que ouvi batida de portas.
Leury. Peguei a toalha enxuguei o rosto e fui para o quarto, encontrei ele no corredor que me olhou com os olhos arregalados.

— Está menstruando pela testa, criatura?
— Cala a boca, seu imundo. - Sorrimos. Como ele consegue ser tão escroto e nojento?
— Vou com você ver o seu boy, vai se arrumar. - Ele estava vestido com um short laranja e uma camisa cinza comprida que valorizava sua magreza, caia tão bem nele.
— Ele não é meu e hum.. ainda é 16:20.
— Falei apontando para o relógio.
— Vai logo que não quero me prender ao engarrafamento. - Como ele sempre mandão, meu melhor amigo que é um irmão e pai quando quer. Segui meu caminho de volta ao banheiro antes que ele me fizesse desistir de ir.

Enrolei meus cabelos na toalha, optei por uma calça preta, camiseta braca com uma jaqueta azul enorme em mim mas do jeito que me faz sentir bem e um tênis cano médio azul. Assim que me vesti, soltei meus cabelos e os penteei com o intuito futuro de prender com uma prisilha.
E como sempre nada de maquiagem.

Fui até o Leury que estava um pouco sério, entrei no seu carro e permanecermos em silêncio até nos 22 minutos de engarrafamento, o clima estava tenso e eu já me arrependia de ter saído de casa, queria perguntar se aconteceu alguma coisa mas sabe quando trava as palavras e você acha o silêncio bem melhor?


















Leury me deixou na frente do hospital, e seguiu seu caminho. Passei por um porteiro que foi bem educado comigo, e passei por algumas pessoas que choravam na recepção. Hospital é um lugar tenso.

Assim que estava de frente para a porta que me faria ver o Moon. Uma onda de calafrios percorreu pelo meu corpo me trazendo arrepios. Nunca vou me acostumar com sua presença, sempre vai parecer como a primeira vez. Uma vontade de ir ao banheiro surgia e eu encarei a porta por alguns minutos.

— Hey gata, o que está fazendo aqui? - Virei e me deparei com os olhos redondos e grandes sedutores do Pierry. O abracei com tanta força e ele retribuiu, consegui sentir o mesmo cheiro de doce na gola da sua camisa.
— Vim visitar, han, um amigo que está doente. E você? - Disse um pouco rápido para ele não querer entrar em detalhes sobre meu "amigo".
— Vim ter notícias da minha mãe que está em coma. - Ele fez uma carinha triste e mexeu um pouco comigo. Uma barra muito pesada que ele deve está sentindo. Eu apertei sua mão e disse baixinho:
— Vai ficar tudo bem no final.
— Com seu amigo também. - Dei um sorriso lhe mostrando confiança. - Gata preciso ir, vou ligar pra você, vou pegar seu número com aquela maluca. - Ele se referia a Steph. Eu sorri, ele virou de uma vez em cima de mim e me roubou um selinho, deu sorriso de canto de boca e foi embora. Fiquei paralisada. Porque isso aconteceu? Merda. Iria olhar o Moon depois disso? Não minto quando digo que Pierry me atrai.

Abri a porta lentamente quando vi seu peitoral descoberto, o cabelo molhado em cima dos olhos. Como ele pode ser tão lindo? Ele estava com uma aparência um pouco melhor. Tinha duas muletas ao lado dele, acho que elas serão úteis para ele se manter de pé. Dei um sorriso quando nossos olhos se encontram. Os seus olhos sempre trazem um convite para um lugar que não consigo saber.

— Esperei por você, anjo. - Ele disse sorrindo assim que eu segurei suas mãos. Acho que nossas almas sempre se conectam quando nos damos as mãos. Devolvi o sorriso. Ele ficou me olhando por alguns segundos, fechou a cara de repente, sua feição de carinho mudou mas sua expressão o deixou sexy. Ele arqueou a sobrancelha esquerda. Até que disse:
— Era aquele babaca que estava aí fora com você? - Ele soltou minhas mãos e as empurrou de perto dele.

Ciúmes você sente quando tem medo de perder alguém, porém mesmo sendo irônico, ele sendo possessivo pode mandar alguém embora trazendo uma perda bem mais sentida.

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