Um dia para recordar
Uma semana depois estava de volta à escola, um exagero, mas, mamãe achou melhor ficar de olhos bem abertos em mim, porém, o que ela não entendia era que a única maneira de eu não me machucar era desaparecendo, o desastre estava no meu DNA, meu corpo era composto por moléculas de desatenção, que combinadas aos obstáculos ao meu redor, reagiam e formavam um produto chamado vexame.
Ao entrar na sala fui surpreendida por gritos, como: "seja bem-vinda!". Todos estavam a minha espera (Nossa! Eu não esperava por isso.), a sala estava lotada de balões e havia uma faixa onde estava escrito "Estamos felizes por tê-la conosco", fiquei paralisada por alguns minutos, era estranho acreditar que eles haviam sentido a minha falta, estavam eufóricos , correram em minha direção e me cobriram de abraços, (Tanto alvoroço por causa de um tombo, Omg!). Logo, as frases de apoio deram lugar a perguntas, e infelizmente não tinha muitas respostas , além disso multidões me sufocavam.
Saí aos poucos da multidão, estava ficando sem ar, toda aquela atenção era desnecessária. Corri o mais rápido que pude em direção ao refeitório, fiquei ali parada como uma estátua grega, de todos os lugares possíveis eu tinha que me esconder no local mais visível da escola, sempre eu...
Em seguida comecei andar em círculos, numa tentativa frustrada de espantar a ansiedade, mas, meus esforços eram inúteis, meu corpo começou latejar, as batidas do meu coração estavam frenéticas, afinal qual o motivo de tanta agitação? Foi apenas uma gentileza. Por que criar laços me assustava tanto?
Mantive os olhos fixos ao chão, num piscar de olhos surgiu um par de tênis femininos desgastados, continuei olhando para baixo, não queria saber a quem pertencia aqueles pés.
_Aurora. _ Fui surpreendida pela voz firme, não contive o ímpeto de olhar em sua direção.
Era Arthur , estava lindo como sempre, parecia eufórico, mas bem vestido, além dos sapatos desgastados usava calça caqui e um casaco branco.
Não respondi, estava tão assustada, apenas acenei com a cabeça.
_Você está bem?_ Disse me olhando fixamente.
_Sim, estou._ Minha voz parecia mais um sussurro.
_Não quis te assustar ontem, eu só precisava desesperadamente saber como você estava._ Sua voz transmitia conforto.
_ Precisamos resolver isso de uma vez, estou sem energias para tanta... nem sei como chamar isso, o que você quer?_ Minha fúria estava estampada, e escancarada, nunca fui muito de pensar nos momentos de medo ou raiva, falo impulsivamente.
_ você_ Afirmou irredutível ._Não posso obriga-la a nada, mas confie em mim, não sou um cara ruim como pensa, eu sei que a primeira vez que nos falamos fui rude, estava assustado, um dos meus amigos disse que no incidente do refeitório você me olhou, de maneira diferente, logo eles ficaram me zoando e dizendo que você me queria, como ainda estava com a Beline, achei melhor te repelir, peço desculpas._ Ele pressionou a mandíbula, e segurou meu queixo, seus olhos faiscavam.
Onde isso iria parar ? Realmente não sei, mas talvez eu quisesse arriscar. Só estava achando aquele interesse súbito demais.
_Ok, vamos para um lugar mais reservado._ Por fim, acabei cedendo.
Chegamos a floresta que ficava nos fundos do colégio, o lugar era sombrio e úmido, o que mostrava-se estranho para uma região tão arejada. Arthur, posicionou-se sob uma árvore e sentou-se , sua postura invejável. Imitei o gesto, mas estava tão curvada que meu corpo lembrava a letra "C". Ficamos em silêncio, até que ele sorriu, era tão delicado, por mais doido que pareça estava sentindo algo bom.
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361° As Faces De Aurora
RomanceVocê já olhou para o céu e percebeu a sua insignificância hoje? Eu sim. É estranhamente inquietante saber que sou apenas um ponto em vasto e desconhecido universo. E se eu for apenas uma bactéria, o universo um corpo e a terra não passar de uma...