Reação

15 1 0
                                    

Acordei por volta das 6 da manhã, estava demasiadamente enjoada, parecia que algo subia pela minha garganta, apunhalando minha boca na tentativa de sair do meu corpo urgentemente, corri para o banheiro o mais rápido que pude, vomitei aproximadamente mil litros de milk shake, consumido na noite anterior, quando finalmente acabei lavei o rosto e escovei os dentes, em seguida fiquei admirando a terrível figura no espelho, aquela criatura pálida, coberta por sardas, acariciei a barriga, foi muito estranho imaginar que havia algo dentro de mim, um ser que crescia cada vez mais, e que sairia do meu corpo como um alien me destruindo de dentro para fora, não pude conter as lágrimas, "o que será de mim?" Pensei, eu só tinha 17 anos, não possuía emprego e com toda certeza demoraria um tempo para conseguir um, eu era somente mais uma adolescente fodida, apenas serviria para aumentar a estatística das adolescentes que são mães solteiras.

Algum tempo depois voltei para a cama, minha aula só começava as 8 horas o que me dava direito a outra hora de sono, resolvi aproveitar, a gravidez me deixava sonolenta, extremamente preguiçosa e faminta, com certeza faminta, estava comendo por um time de futebol nas semanas que se passaram. Peguei o celular e chequei a caixa de mensagens, havia apenas mensagens de Cassie, não que eu esperasse que Arthur fosse falar algo, embora eu quisesse muito ouvir dos seus lábios perfeitos "Aurora, vai ficar tudo bem! Vamos enfrentar isso juntos! Eu vou amar tanto esse bebê!" , sabia que não iria rolar, ele era um idiota que só quis transar comigo para ganhar uma aposta. Pensar em Arthur deixava-me enjoada. Acariciei mais uma vez à barriga e decidi abrir as mensagens de Cassie, ainda deitada na cama.

Cassie: bom dia, flor do dia.
Como você está? E o baby? Como foi a conversa com o Arthur? Estou curiosa ;)
Bjs
Me liga.
Hesitei em responder porque não podia nem sequer ouvir falar o nome "Arthur". Porém, Cassie mostrou-se leal, dando-me o suporte primordial para enfrentar tantas adversidades.  Por fim, acabei ligando. Ela atendeu no terceiro toque.

Eu: Bom dia, Cassie.

Cassie: eeeee, bom dia. Como estás? E o miudinho?

Eu: Nós estamos bem, tecnicamente o neném é muito pequeno para esboçar emoções, mas ele agradece sua preocupação.

Cassie: Então, como foi a conversa com o Arthur?

Eu: Ele não quer o bebê, sugeriu um aborto!
Falar sobre o assunto fez com que as palavras ditas na noite anterior girassem em minha cabeça, o que deixou -me muito nervosa, culminando em uma leve tontura.

Cassie: Não acredito que ele sugeriu isso, sério, esse cara é mais idiota do que eu pensava, ele tirou sua virgindade, te expôs, iludiu e para completar quer matar o próprio filho, ele é um filho da puta que tem que se foder logo.

Ela parecia realmente nervosa, o que acabou por deixar-me feliz, afinal de contas alguém estava sentindo minhas dores e querendo dividi-las. Então, acabamos combinando de caminhar a tarde, visto que eu decidi passar o dia em casa pelo excesso de dores. Resolvi que estava no momento de procurar uma ginecologista, mas como faria isso sem contar para os meus pais? Pois, o plano de saúde estava no nome deles.

Eram dezessete horas quando encontrei Cassie no parque que ficava próximo a minha casa, o lugar era belíssimo, havia um castelo no centro e um jardim que formava labirinto de rosas em volta. Ela apareceu em meio a multidão a acenou, repeti o gesto, Cassie estava belíssima como sempre, vestia um short esportivo e uma camisa do one direction, sua banda favorita, seus cabelos presos em um coqui desfiado conferiam um ar elegante, e os tênis all star deixavam seu estilo ainda mais "blogueira", eu optei por um moletom rosa e tênis esportivo. Após uma hora de caminhada sentamos em uma lanchonete para comer um hambúrguer, estava faminta, o bebê gostava de comer, OMG!

_Quando vai contar para os seus pais?_ Disse Cassie com a boca cheia, algo que achei muita falta de educação por sinal.

_Não sei, estou com vergonha e medo_ Respondi pensativa, meus pais iriam pirar, eles achavam que eu iria para Oxford, que seria uma grande médica e que ganharia o Nobel, meu futuro estava traçado desde que eu era um espermatozoide no saco do meu pai, não sei como reagiriam, sempre fui responsável como pude esquecer uma camisinha?.

_Eles são tranquilos, pelo que já contou deles. É melhor fazer isso logo._Insistiu ela.

_Você está certa, em pouco tempo não terei mais como esconder, além disso preciso de uma ginecologista, e o plano de saúde está no nome deles._Bufei ao lembrar da minha condição de dependência com os meus pais, afinal de contas, como raios eu cuidaria de um bebê, nem meu cereal eu pagava, nem meus absorventes, nem aquele hambúrguer que estava dividindo com o bebê. Enfim, tentei não chorar, ser forte, eu precisava ser forte e eu seria, não por mim, mas pelo meu filho. Me despedi de Cassie.

A noite chegou, decidi que contaria para os meus pais assim que eles chegassem para o jantar.

361° As Faces De AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora