Capítulo 16 - Natalie

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Quando eu acordei de manhã e comecei a descer as escadas de mármore da "casa" de Alex, percebi que ele já tinha saído havia muito tempo. Foi melhor assim. Quero dizer, ontem à noite foi muito embaraçoso. Eu tinha planejado certa coisa para fazer da minha vida e quando e o vi... PUM! Tudo que planejei foi pela culatra.

Fazer o que? Meu momento traumático e indeciso veio. Mas, sinceramente, se eu estiver mesmo sentido algo pelo Alex, então esse sentimento terá que esperar até minha cabeça se ajustar e finalmente me deixar pensar com sanidade.

No momento que entrei na sala dele eu tentei - realmente - ter uma postura profissional, mas no momento em que percebi que Alexander estava agindo como uma adolescente de quinze anos, não pude segurar o riso. Na verdade, as gargalhadas. Foi um momento agradável entre nós que não envolveu beijos repentinos, brigas ou dúvidas. Foi...espontâneo, simples e me sorrir - até demais.

O vi quando saiu de sala feito um furacão - como sempre - e ir direto para as prateleiras de livros, e também vi um pedaço de papel em sua mão. Alex tinha escrito mais um poema filosófico? Contei os minutos. Só faziam quinze que eu tinha saído lá de dentro. Será que fui a inspiração para esse? Será que falava algo bom, engraçado ou ruim sobre mim?

Minha mente começou a ficar à mil, pensamentos pra lá e pra cá. Todas as pessoas que iam saíam da área das estantes eu verificava se era ele. Toda a espera estava me matando. Eu fiquei me remexendo, mudando de posição na cadeira giratória constantemente. Será que o poema estaria no mesmo livro que o anterior?

Argh! Santo Deus, onde está aquele homem?! Calma, Natalie Grace, se controle. Logo, logo o Alexander irá voltar para a sala sem graça dele e você, finalmente, poderá xeretar o que diabos está escrito naquele papel branco!

Ouvi passos e minha atenção se voltou para as estantes outra vez. Lá estava a vítima, andando descontraidamente enquanto que olhava para todos os lados. Espera. Todos os lados?! Santa mãe de Cristo! Arregalei meus olhos e comecei a abrir as três gavetas da minha mesa, fingindo procurar algo.

Que ele não olhe para mim.

Que ele não olhe para mim, por favor.

Que ele não olhe para mim, por favor, meu Deus.

A porta atrás de mim bateu suavemente. Expirei pesadamente e percebi que prendi a respiração o tempo todo. Agora sim eu poderia ir pra lá, mas... E se ele soubesse que eu vi o poema? Claro, seria meio que impossível, mas dizem que os chefes tem olhos por todos os lados. Então, se isso for uma armadilha - impossível -, é melhor que eu espere quando ele não estiver aqui. A hora do almoço seria ótimo, ele estaria com aquele amigo dele...Nate! Isso, Nate. O caminho estaria livre.

Quer dizer... Quase. Tinha Malu e o almoço que marcamos. Droga! Combinamos quando eu estava saindo para o trabalho. Ela ficou entusiasmada, não com o almoço e, sim, porque Clara - que milagrosamente estava com nenhuma ressaca - se ofereceu para mostrar a cidade à ela. Já dá pra imaginar no que isso deu, certo? Gritinhos e pulinhos vindos de Malu e depois um "até" meu não respondido.

Suspirei e voltei ao meu trabalho. Desculpe, acho que você pensou que era trabalho da editora? Achou errado. Eu ainda estava esperando uma resposta de Alex sobre o meu livro, mas isso não me impediu de começar a continuação dele. Eu sei que disse que os personagens principais morriam. Porém, e se eles não estiverem mortos - eis a questão? Pois é, pensei em pegar certas brechas que deixei do primeiro livro e as usei para fazer toda a cena de "o jogo virou". O único problema é que nunca fui muito boa com enigmas, mas eu dou um jeito. Sempre dou, pelo menos em relação a isso.

Até Que A Luz Se ApagueOnde histórias criam vida. Descubra agora