Alguém tocou a campainha, e eu gelei. Não exatamente alguém qualquer. Alex acabou de tocar a campainha da casa de Clara – ou seria nossa casa? E ele continua apertando o maldito botão porque eu ainda estou aqui, em frente a porta, paralisada! Sacudi a cabeça e respirei fundo. Era somente um encontro; iríamos ir a algum lugar comum, comer e conversar. E quem sabe, no final da noite, ele não me beija? Ok, foco, Natalie. Pra começar, você tem que abrir a droga da porta!
Abri a porta, finalmente, e dei de cara com o Alex – obviamente. Ele estava...lindo. Usava uma camisa social azul com as mangas arregaçadas e com os dois primeiros botões abertos e uma calça preta. Olhei para seus olhos verdes que atingiram um tom profundo e notei que ele também usava os mesmos óculos que o da segunda noite que dormi na sua casa. Inspirei e quase arfei porque seu perfume inundou minhas narinas. Ok. Talvez eu devesse ter deixado a porta fechada.
– Natalie, você está de tirar o fôlego, mais do que o normal – ele disse, olhando para mim de cima a baixo.
Eu corei sob seu olhar. Eu não estava tão bonita assim... Me vesti com uma calça skinny com top cropped branco de viscose e uma jaqueta preta. Ah, e ainda tinha a bota de cano curto. Eu havia feito cachos no meu cabelo com o modelador e uma maquiagem que realçava meus olhos.
– Obrigada, Alex. Você também não está mal.
– Esse era um dos objetivos. - Ele estendeu sua mão. - Então, vamos antes que aquela dupla lá em cima tenha um infarto?
– Dupla... Ah, entendi! - Fechei a porta e segurei sua mão.
Enquanto que colocava o cinto de segurança pensei no quanto aquelas duas me mataram de vergonha. Mas se bem que não seria nenhuma novidade, então acho que hoje não é o dia que elas irão morrer.
– Pra onde vamos? - perguntei assim que saímos do condomínio.
– Bem...
– Não gostei desse "bem". Por acaso está tentando me sequestrar, e me assassinar em algum beco escuro dessa cidade escura? - brinquei.
Paramos em um sinal vermelho e ele me observou sério.
– Você sabe que não estamos em nenhuma das novelas das nove, certo? E que existem postes de luz?
– Nossa, como você é observador. - Rolei os olhos, mas eu sorria feito boba.
– Sim, Natalie. - Olhei para Alex que me observava com um olhar sério. - Eu sempre serei um ótimo observador.
Seu olhar era...intenso. Muito intenso. Quero dizer, não aquele intenso que te deixa desconfortável, e sim, faz suas mãos ficarem suadas, o coração bate mais rápido, tudo parece mais lento. E lá vamos nós voltarmos à adolescência.
O sinal ficou verde e ele voltou sua atenção para a avenida a nossa frente. Uma conversa saudável surgiu depois de alguns minutos e eu pude relaxar um pouco. Eu gostei do lado descontraído do Alex. Depois de er tantos, queria que aquele se sobressaísse sobre os outros.
Eu estava tão absorta na nossa conversa - falávamos em como os patos que eu vi uma vez em um zoológico poderiam dominar o mundo – que quase não percebi a placa de limite de município. Isso mesmo, quase não percebi.
– Hã... Alexander?
– Sim, Natalie?
– Por que estamos saindo da cidade? - Coloquei minha mão esquerda sob a minha perna tentando acalmar aquela tremedeira.
– Não confia em mim?
– Bom, confiava até você passar pela aquela placa. - Como ele não respondeu, eu continuei: – Escuta, eu não quero ser aquelas mocinhas dos filmes de terror que morre primeiro. Quero ser a maldita pessoa que fica louca, mas ainda assim viva.
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Até Que A Luz Se Apague
RomanceNo mesmo instante que Natalie fica noiva, Alexander sofre a perda do irmão e "desfruta" de uma paraplegia. Um ano e meio se passa desses momentos impactantes, o caminho dos dois se cruzam. Ela aos poucos vai tirando aquela dura armadura que o proteg...