Capítulo 21 - Natalie

32 3 7
                                    

- Não acredito! – gritou Clara, que está sentada ao meu lado no restaurante em que viemos almoçar.

Malu também estava lá. Eu as chamei para contar a novidade e mais um pouquinho de outras coisas. Assim como Alex, não esperei para contar. Alternei meu olhar entre Clara e a minha sobrinha.

As duas tiveram reações bem diferentes. Enquanto que minha amiga dava pulinhos e gritinhos – que me faz passar vergonha –, Malu ficava inerte, com a boca entreaberta e com os olhos esbugalhados. Aquilo estava me deixando desconfortável e preocupada.

Me inclinei sobre a mesa e peguei a mão dela que era quase do mesmo tamanho da minha. Assim que ela sentiu meu toque, olhou para mim – mais normalizada, devo dizer – e fiquei mais aliviada. Deus me livre de ela ter um ataque de pânico aqui no restaurante e começar a chover.

Chuva. Nossa, mal me lembrava de que ela ainda existia.

- Você está bem? – perguntei, quando a mulher louca ao meu lado se acalmou.

- Sim, é que... Não sei, fiquei sem saber o que deveria fazer e... – Começou a gesticular com as mãos. Aquele feito me lembrou da minha irmã explicando para mim que descobriu que estava grávida. – Eu meio que fico assim quando escute grandes notícias, sabe?

- Agora sei. – Apertei a mão dela e depois a afastei com delicadeza. – Mas, enfim, era isso que eu queria falar com vocês.

- Ah, não - reclamou Clara. Jesus, vai começar. – Eu sei que tem mais aí e que você está doidinha para falar. E não adianta se esquivar, eu sei que você ligou para aquele ser, que não deve ter o nome mencionado, ontem.

- E eu aqui achando que o nome dele era só Felipe Alcântara – comentou Malu.

Rolei os olhos e gemi. Odeio, odeio muito quando Clara faz com que o ponto da conversa seja minha vida amorosa. Por que não falávamos da dela? Pelo simples fato de ela não existir, ainda. Ainda porque essa mulher irá se casar com o homem ideal para ela. Eu tenho fé.

- Sem interrupções, por favor, Malu – disse. – Primeiro, por qual motivo ligou para ele? Não me diga que está tentando reatar o relacionamento de vocês, porque, se for isso, tenho que te dizer que voltar com ex é como vestir uma roupa que não é lavada há duas semanas. – Deus me guarde.

- Claro que não quero voltar com ele. Não, eu só queria dizer que...

- Que? – disseram as duas juntas.

Não estou acreditando que vou dizer que fui adúltera. Quero dizer, eu sou meio que exemplo para as duas, certo? Clara sempre fica irritada por eu sempre querer estar certinha a toda hora. Não duvido nada que irá jogar isso na minha cara. Mas tenho que falar a verdade.

- Que eu o traí. – Pronto, joguei meu pecado no ar.

Fechei meus olhos e coloquei minhas mãos no rosto esperando meu julgamento. A primeira coisa que ouvir de uma das duas foi a risada da minha amiga. Uma gargalhada, para ser mais sincera.

Claro que eu estranhei de imediato. Claro que eu sei que ela é uma louca maníaca que conversa muito com aquela velhinha que vende comida lá na esquina, mas... Não sabia que era tanto a esse ponto.

- Por que o riso, tia Clara? – Pois é, Malu estava chamando ela assim agora.

- Porque... – Gargalhada. – Ai, Meu Deus! – Gargalhada. – Tudo bem, já me acalmei. – Respirou fundo e, por incrível que pareça, recuperou a postura. – Porque a sua tia aí sempre me dá conselhos de como ser uma pessoa melhor. E, agora, ela me diz que traiu o Felipe. Nunca achei que iria testemunhar uma coisa dessas.

Até Que A Luz Se ApagueOnde histórias criam vida. Descubra agora