Capítulo IX - Fuga de madrugada

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Minhas pálpebras pareciam que pesavam milhões de toneladas. Não consegui abri-las, mas consegui escutar a voz de Martin.

- Já fazem dois dias que ela está dormindo, Marcus. Quando ela vai acordar? - Pergunta para o tal Marcus e eu continuo com olhos fechados.

- Ela perdeu muito sangue e está sobre efeito de sedativos muito fortes. - Respondeu. - Mas garanto que ela logo acordará!

Passados alguns minutos, a voz de Anthony Alexander se fez presente. Ele se sentou na poltrona ao lado de minha maca.
- Temos que conversar, Valentina! - Me assusto, pois ele nota que estou acordada. - Pode abrir os olhos. - Com muito esforço, fiz o que ele pediu. - Boa tarde, senhorita!

- B-Boa tarde? - Minha voz sai rouca, como se eu tivesse gritado por horas seguidas. - O que aconteceu...- Olho para as gazes em meus braços, pernas e a que cobre parte de meu abdômen. - Comigo?

- Bom, você levou uma surra, fraturou duas costelas e teve um corte interno na cabeça, o que ocasionou uma hemorragia interna, mas que já foi controlada. - Respondeu, fazendo-me ter flashes de lembrança. - E por fim, levou dois tiros que atingiram sua coluna vertebral e sua perna. Além de vários cortes e hematomas.

Fiquei surpresa. Como eu não sentia dor?

- E Sophie? - Está pergunta escapou de meus lábios antes que eu pudesse me conter. Ele ficou tenso, e notei que me escondia algo. Me desespero. - O que houve com ela, Anthony?

- Sabe os dois tiros? - Pergunta e eu assinto. - Foi Sophie quem os disparou.

Isso foi como se cem pessoas me dessem murros ao mesmo tempo. Começo a rir. Uma risada completamente sem humor, falsa e nervosa.

- Que piada sem graça, velho! - Rio nervosa. - Agora me conta a verdade. Cadê ela?

Ele me olhou e vi que não tinham resquícios de brincadeira em suas orbes castanhas. Não...

- Sophie vai passar por uma prova. - Lembrei-me de Martin somente quando se pronunciou. Olhei para ele, vi que seu rosto estava inchado. - Ela irá ter o direito de defesa se conseguir sobreviver 2 semanas fora daqui.

- O QUÊ? - Me exalto. Levanto-me da maca irada. Senti dor por meu corpo inteiro quando fiquei em pé, mas me mantive forte. - Sabem que ela pode morrer, não sabem? - Me acalmo, repentinamente.

- Melhor deitar Valentina! - Ignoro Martin e arranco os vários tubos de soro e de respiração que estavam presos ao meu corpo. Saio andando, mas me arrependo amargamente. Meu corpo doía muito, meu rosto ardia muito e quando passei a mão, vi que estava inchado. E para piorar, minha perna falha e eu vou de cara ao chão. Antes que meu corpo se choque contra o solo duro, sinto braços rodearem minha cintura e me segurarem.

Martin me colocou em pé de novo e me olhou irritado. : - Quem te deu permissão para sair do quarto, garota?

- Primeiro: eu não preciso da permissão de ninguém! - Olho para ele, exaltada. - Segundo: não me chame de garota, porque eu tenho nome! É Valentina! - Dei às costas para os homens e fui andando sem direção correta.

***

Sophie nunca vai conseguir sobreviver fora daqui! Ainda mais ela não sabendo dos perigos deste lugar. Mas me preocupo principalmente com os sanguis venatores.

Eles são seres aliados dos SSD's. Sanguis venatores procuram sangue humano de qualidade, para ser utilizado em experimentos e descobrir se há chances da pessoa ser um SSD. O próprio nome já diz, caçadores de sangue. Eles possuem beleza intensa e conseguem atrair sua presa com facilidade, retiram 80% de sangue do corpo e deixam as vítimas em locais estratégicos para serem levadas à base dos alienígenas.

Descobri tudo isso em livros escritos a mão, que estavam no quarto de Cameron. Meio que ele é minha babá, enquanto estou ferida. Ele me olhou entediado enquanto lia.

- Você vai ficar lendo até quando, coisa? - Se pronunciou, estressado. Ignorei completamente a existência dele, pois Martin falou que ele que teve a decisão final.

Preciso logo de um plano pra sair daqui e ir ajudar Sophie. Mas com certeza, não irei levar Cameron. Talvez eu precise da ajuda de John e Martin, mas Cameron não! Ainda não acredito que Sophie atirou em mim, ela nunca faria isso. Aquela criatura não mata nem mosca.

- Vai me ignorar mesmo? - Olho para ele sem expressão e ele sorri, irônico. - Ótimo! Assim eu não preciso te explicar sobre os SSD's e nem sobre a CPSI. Ou talvez sobre o novo planeta que foi descoberto.

"Que chantagista, ignorante, imbecil e ordinário!" Reviro os olhos.

- OK, Cameron. - Ele sorri vitorioso. - Você venceu. Agora fala!

- Você já consegue correr? - Desvia do assunto. - Pois nós vamos procurar por Sophie! - Olho para ele incrédula, mas ele quer se redimir, isso é bom. Quer confiança de volta. Eu odeio admitir, mas a proposta é muito tentadora.

Meu orgulho é derrotado quando respondo : - Já arrumou as armas? E nossa saída? Avisou John e Martin? Porque é lógico que eles vão!

- Eles já sabem! - Se aproxima de mim e diz baixo. - Durante a noite nós vamos sair pelo outro lado do complexo central. - Uma interrogação se forma em meu rosto. Ele sorri. - Você e nem Sophie, não conhecem nem 30% deste lugar! Muitas surpresas nos acompanharão, Valentina. Junto com muito perigo!

- Eu estou disposta! - Me levanto e caminho até a porta do banheiro. - Sophie nunca tentaria me matar. Ela foi enganada, eu sei disso. Eu sinto isso, Cameron!

***

Já eram cerca de meia noite quando fui acordada por John. Se me perguntarem como essa criatura entrou no meu quarto, não saberia responder.

Estava pronta. Vestia roupas pretas e levava uma aljava e um arco leve, com várias coisas embutidas. John também me entregou um coldre com dois compartimentos, ambos ocupados por duas pistolas e me entregou um fuzil, que coloquei nas costas ao lado da aljava, além de cinco pentes de balas, cada uma com 25 cápsulas; 3 pentes da pistola e 2 do fuzil.

Pesava um pouco, admito. Ainda mais com os coletes de titânio e o cinto com várias ferramentas. Fomos até o refeitório e lá encontramos Martin e Cam. Utilizamos uma passagem por dentro das paredes e chegamos até um carro já preparado, o portão já aberto. John assumiu o volante. Saímos da central. O céu estava nublado. Um arrepio subiu por minha espinha.



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