Capítulo X - Borboletas

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   Minha vida nunca esteve pior do que agora. Suor escorria por todo meu corpo, juntamente ao meu sangue, que escorria dos cortes e arranhões feitos por uma mistura genética.

"Deus? O senhor pode me ouvir? Pode me ajudar?" Cai ajoelhada no chão e olhei para a vasta imensidão repleta de pontinhos brilhantes, mas que porém, estavam cobertos por uma nuvem escura. "Por que eu? Por que o Senhor deixou que isso acontecesse? Por que não me manda um sinal de que está comigo?"

Um som retumbante ecoou, acompanhado de um raio à poucos metros de distância. Olhei para o pequeno buraco no solo, causado pela queimadura. Uma linda borboleta surgiu de onde o raio havia caído, suas asas possuíam os incríveis tons da galáxia - azul, rosa e roxo -. Bateu suas asas calmamente em minha direção e pousou em cima de meu nariz.

- Impossível...- Sussurrei, olhando-a.

- Tudo irá ficar bem! Estou contigo. - Essas palavras ecoaram diversas vezes em minha mente. A voz doce e calma preencheu cada vazio de meu ser, reconfortando-me como nem mesmo Valentina havia feito.

Deus se comunicou comigo... Ele está comigo.

A borboleta se encaminhou para os céus, até que a perdi de vista. As batidas de meu coração estavam calmas e meu corpo parecia novinho em folha. Mas continuava cansada. Caminhei até um lugar seguro, embaixo de uma árvore, e ajeitei um lençol no solo seco. Usei a mochila que havia recebido, como travesseiro e, surpreendentemente, dormi.

Sophie Off / Valentina On

Havíamos saídos da A.S.C pelo setor 3, onde ficavam os mais importantes, por uma passagem. Seguimos de jipe em baixa velocidade. Não queríamos atenção, mas para nosso azar, obtivemos o efeito contrário. Havíamos acabado de sair dos portões de 5 metros de altura, quando levamos um enorme susto.

Fomos surpreendidos por um Humanis Pantheris.

Uma mutação genética que une os traços biológicos de um humano e uma pantera negra num só ser. Tinha cerca de 2 metros de altura, olhos vermelhos e dentes pontiagudos na boca. Seu corpo era recheado de feridas e pelos negros, e não possuía um sexo definido. John freou bruscamente e o animal aproveitou para pular em cima de Martin, o arrancando do carro sem teto com suas mãos-garras. Gritei desesperada.

Pulei do jipe e lancei flechas na direção do monstro até que ele se virou pra mim. Deu alguns passos até quase encostar seu corpo no meu. Sua respiração era pesada e a minha estava presa. Li que esse animal é cego, mas possui o olfato e a audição apuradíssimos. Não ousei me mexer, até John pular do banco frontal e dar um chute na lataria blindada do carro, atraindo a atenção do monstro. Aproveitei este tempo e peguei uma flecha de aproximadamente 1 quilo e com penas amareladas, arrumei no meu arco composto, mirei na cabeça da criatura que parecia prestes a atacar, e soltei-a.

O mundo pareceu ficar em câmera lenta enquanto a flecha voava para à cabeça do animal. Vi a seta se chocar contra o crânio e entrar em combustão imediatamente, ateando fogo na pantera-humana. Seu corpo caiu no chão sem vida e em chamas*.

Corri para Martin que já havia se levantado. Segurei seu rosto entre as mãos, sentindo um mal estar ao ver um corte fundo em sua testa. Sangrava demais.

- Meu Deus! - Exclamo. - Temos que dar ponto nisso aqui, Martin!

- Tá, Valente! - Sua voz estava mais fina, quase demonstrando impaciência. - Faz logo a droga dos pontos e John, estou com fome!

- Folgado do caramba! - Ouvi John esbravejar, pegando algo em sua mochila. - Eu sou escravo de todo mundo nessa choça! Tudo eu! Vou virar escravo, aliás, acho que já sou!

- Cala a boca, Johnny! - Berrei. Levei Martin até o carro e tratei de fazer algo em sua testa. Peguei a maleta de primeiro socorros que estava no porta luvas e comecei a limpar o sangue com água. - Isso pode arder. - Não esperei resposta e passei algodão com álcool no ferimento, ele grunhiu alto e me olhou feio. Desinfectei o corte e passei uma pomada chamada Meltafosso na ferida e fiz um curativo. Não havia condições de fazer pontos ali!

- Toma! - John entregou uma garrafa de água e uma maçã para o loiro. - Espero que morra engasgado. - Resmungou. Ele realmente estava chateado em ser nosso escravo!

- Hey pessoal! - A voz de Cameron atraiu minha atenção. - Olhem isso! - Minha boca se abriu levemente ao ver três borboletas, em uma espécie de dança sincronizada. Eram lindas!

Elas seguiram uma atrás da outra, pareciam saber o caminho até Sophie. Eu seu disso! Mas, é estranho saber isso.

- Entrem no carro! - Entramos no jipe e assumi o volante, ligando o motor silenciado.

- Sabe dirigir? - Martin pergunta, curioso.

- Não. Estou pegando o carro para nos matarmos naquela linda pedra ali. - Respondi sarcástica. - Agora fecha a droga dos olhos e dorme. Tenho certeza que as borboletas nos mostrarão o caminho!

Cameron riu.: - Você está paranóica, giganta! Borboletas, sério?

- É agora cala a boca! - Respondeu por mim, John. Ele ficou quieto.

- Obrigada, japa!

***

Uma grande tempestade de raios se iniciou fazendo, infelizmente, as borboletas se recolherem dentro do tronco de uma árvore seca. Parei o carro embaixo da mesma árvore. Olhei para os rapazes no banco traseiro.

Cameron dormia com a cabeça apoiada no ombro de John, que por sua vez, dormia todo torto quase caindo do banco. Ri baixo. Tinham que ser esses retardados!

Olhei para o banco do carona. Martin me encarava de olhos bem abertos e sorriso no rosto. : - Você vive falando que vai nos enforcar, mas nos ama né garota! - Afirmou.

Fechei a cara, não por raiva, mas porque havia corado.

- Devia estar dormindo. - Falo. - Não quero papo. Estou com sono! - Sai do automóvel e peguei uma lona no porta-malas, cobri todo carro, com a ajuda de Martin. Deitei lentamente o banco traseiro e cobri Cameron e John. Esses dois são muito crianças!

- Agora entendo porque Sophie tanto te valoriza! - Martin falou baixo. - Você é a melhor pessoa que alguém poderia ter. Sempre nos ajudando, e eu agradeço. Vamos achar Sophie e acabar com o hacker que invadiu nosso sistema.

"O mesmo que me colocou nessa roubada!" Penso. - Boa noite, Martin! -Me virei de costas no banco frontal e me cobri. Passadas exatamente meia hora, de acordo com o meu relógio, todos já dormiam, menos eu. Precisava ajudar minha amiga.

Inquieta, peguei minha mochila e armas, saltei do carro e comecei a vagar pelo deserto, em plena tempestade de raios.



Oi, Oi

Desculpe a demora pro cap sair, problemas técnicos. Já votaram e comentaram? Ajudem Euzinha aqui, viu?

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