Já eram cerca de 9 horas da noite, e nós ainda não estávamos no local desejado, no caso a central.
- Como elas estão? - pergunto.
- Machucadas - responde John, ainda irritado comigo.
- Estou falando do estado de saúde, idiota - sei que não tenho direito de ficar irritado com ele, mas me preocupo muito com a vida de Valentina e Sophie.
- Mal, grave, horrível, terrível, crítico, um caos ambulante. Deseja saber mais alguma coisa?Trinco os dentes e o deixo quieto. Não quero perder a paciência com as ironias de meu amigo.
Paramos nosso jipe perto de um porto de embarcações marítimas, e o escondemos bem. Olhei para trás vendo se não havíamos sido seguidos.
Sinto um volume no bolso de minha calça. Pego meu telefone.
- Hora de avisar o velho. - disco o número de seu telefone e espero ele atender, o que acontece em menos de três segundos. - Pai…pare de gritar por favor. As garotas estão muito machucadas. Sim. Estamos indo para à Central. Tá, tá, tá tchau. - Desligo o telefone e jogo fora o chip.
Peguei Valentina no colo, e Cameron pegou Sophie. John foi na frente, até o fim da ponte, onde que de resto só havia mar. Ele não hesitou em pular.
Colocamos máscaras de ar nas meninas e em nós, pois era somente o asiático que havia resistência com a água. Quando chegamos ao fim da ponte Cameron pulou e sumiu na água, e mesmo hesitante fiz o mesmo.
O sal ardia no olho e meu campo de visão era pequeno. O que me impedia de me perder era uma lanterna, que apontava para Cameron nadando.
Segui-o por 12 metros debaixo d'água, e minha respiração e força começaram a falhar. Quando vi o cilindro de metal escuro, agradeci mentalmente. Apertei a morena em meus braços quando atravessei a porta de entrada que ficava embaixo do submarino.
Quando entrei, John lacrou a porta impedindo a água de invadir o compartimento. Nunca sequer pensei em entrar num desses, odiava saber que podíamos morrer afogados e nosso caixão ser um tubo de aço. Mas essa era a única alternativa para salvar as garotas.
Subi as escadas com um pouco de dificuldade, afinal carregava Valentina em meus braços. Quando cheguei à sala principal do submarino, fechei outra porta de segurança, que era por onde havíamos subido.
- Leve-a para a enfermaria, e seque-a Martin. - Fiz o que John mandou. - Você também Cameron.
Martin off/ Cameron on
Coloquei Sophie numa maca e procurei um pano para que pudesse secá-la. Tirei sua máscara e vi que sua respiração estava acelerada.
Desesperei-me. - JOHN! - grito. Martin me olha interrogativo e mostro a ele a respiração dificultosa da loira. Vejo o medo atravessar seu olhar e ele engolir em seco.
O asiático praticamente voou até aqui. Ele checou pulsação, e outras coisas que não entendia. - Acho que ela não tem nenhuma resistência à água, ou problemas de respiração. E recomendo você vestir outra roupa nela, Sophie está tremendo.
Martin segurou um riso ao ver meus olhos arregalados.
- Faça a mesma coisa, Martin.
Agora eu que tive que segurar a risada. Arranjei uma roupa feminina qualquer e troquei-a rapidamente. Ele tentou reclamar, mas John não deu chance.
- Eu sei me vestir sozinha - uma voz extremamente baixa se fez presente no ambiente. Olhei surpreso para Valentina, que estava com olhos entreabertos.
- Valentina? - Martin está tão surpreso quanto eu. - Está acordada?
- O que você acha? - Responde irônica e logo após dá tosses sofridas. Vou pra perto dela e a cubro. Ela acena fracamente.
- Então, vamos Cameron? - o loiro me pergunta tão rápido que quase não entendo. - John vai cuidar delas!
- Eu? Se virem, elas são namoradas de vocês não minhas! - Sai nos deixando boquiabertos e constrangidos. Valentina está mais corada que nós dois juntos.
- Asiático imbecil. - resmunga e logo depois da um gemido de dor. - eu acho que…preciso do asiático imbecil.
Martin off/ Valentina on
Fiquei extremamente constrangida quando John me trocou, já que não tinha forças pra exatamente nada. Ele saiu, e me deixou sozinha com Sophie, que ainda estava desacordada.
Minha visão estava muito embaçada, via três coisas que deviam ser só uma. Não conseguia mexer um dedo sequer. Com minha visão periférica vi dois compartimentos de soro fixados no meu braço esquerdo e em meu pescoço. Além de um compartimento cheio de um líquido viscoso de cor vermelho escarlate.
Sangue
Estou recebendo uma transfusão de sangue. Isso me deixa nervosa. Não lembro de nada que aconteceu, nem como vim parar neste lugar feito de metal curvado, mas não sinto dor nenhuma.
Devem ser anestésicos. Não sentia fome, nem sono, mas sentia medo de perder Sophie. Eu não queria perdê-la, e eu não iria perdê-la.
Com este pensamento, uma avassaladora dor de cabeça me tomou junto com uma voz conhecida.
"Preparem-se" era o que dizia.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Mente de Hacker
FantascienzaMuitas vezes sonhei em algo que achava ser impossível de acontecer ou existir, mas aí, aquilo surgiu. Era como rir de uma coisa e depois levar um tapa na cara, você fica simplesmente surpreendida, perplexa. Foi assim que eu fiquei quando aceitei aq...