Um jantar

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Onde eu estava com a cabeça quando entrei nessa aposta? Talvez fosse ela. Ela e o seu jeito de me convencer a fazer coisas irracionais! Não vou dizer que não estava animado pelo desafio, seria mentira. Por isso eu ia me empenhar para mostrar para ela que não era esse perfil que ela descreveu.

Apesar de eu saber, lá no fundo, que realmente ela não estava totalmente errada. O fato é que eu há muito tempo eu era assim, agia para que tudo me fizesse alcançar sucesso. Não passava por cima de ninguém por causa disso. Mas que mal havia querer ser reconhecido pelo trabalho duro que você faz?

Por um momento, viajo no tempo só para lembrar de que nem sempre foi assim. Lembro quando éramos uma família grande e feliz. Meus pais se amavam, e criaram com mesmo amor nós quatro, eu e meus irmãos: eu, Rodrigo, Miguel e Ariana. Estávamos sempre unidos em tudo, meu pai arrastava a família toda para meus jogos de futebol, ou para os campeonatos de natação da Ariana. Qualquer coisinha era motivo de grande celebração entre nós. Era fácil sentirmos segurança e acolhimento nesse nosso mundinho de paz.

Tudo mudou quando minha mãe faleceu. Meu pai revoltou-se e começou a beber demais. Em poucos meses, ele era outro homem, amargo e carregado de revolta. Eu acabei assumindo a responsabilidade de cuidar dos meus irmãos porque meu pai simplesmente não estava mais ali. Ele entrou em um transe, como se minha mãe fosse tudo que ele tinha. E ela não estava mais ali. E nem ele estaria mais. Foi um momento difícil para todos nós. A empresa estava à beira de falir e meus tios acabaram assumindo a responsabilidade de nos criar.

Quando fiz 18 anos, decidi cursar administração e assumir a empresa juntamente com meu tio. Ele me ensinou tudo sobre design, refinamento de jóias. Ele me fez apaixonar por isso. E até hoje se preocupa com nós. Foi um pai para a gente.

Eu quebrei a cara algumas vezes, mas depois de alguns anos, a empresa finalmente cresceu e se expandiu para vários países. As minhas criações se destacavam. Eu revezava entre o serviço administrativo e o de criação. Uma marca internacional realmente chama atenção, principalmente uma marca de jóias, isso remete a status. Meu feito foi reconhecido, e o fato de estarmos em tapetes vermelhos e passarelas fez meu rosto também estar estampado em revistas.

Meu pai faleceu pouco tempo depois de eu me formar, e meu tio aposentou em seguida, o que me obrigou a ficar com toda a parte administrativa. Não sofri com a ida de meu pai. Ele nos abandonou pela bebida, foi fraco. Prometi para mim mesmo que eu não seria jamais esse tipo de homem e alcançaria tudo que ele abriu mão de alcançar.

Quando estava perdido em pensamentos e lembranças, meu celular vibrou me trazendo de volta para a realidade. Era meu tio Ulisses. Assim que atendi ele começou:

- Viajou e nem ligou para nós! Esqueceu que tem família? Quer me matar de preocupação? - ele veio com seu sermão. Esse era seu jeito de mostrar seu carinho por nós. Eu sorri.

- Oi tio! Não consegui avisar porque estava, na verdade ainda estou, atolado de serviço.

- Sua tia disse que vai arrancar suas orelhas quando chegar! - eu dei uma risada em resposta. O que seria de mim e dos meus irmãos sem nossos tios?

- Fala com ela que não será preciso tio. Está tudo perfeitamente bem. Na verdade, muito melhor do que eu poderia imaginar. - respondi, me divertindo

- Como se você não conhecesse sua tia. - eu conhecia bem.

- Ah, mas eu sei. Ô se sei. Minha orelha arde, lembrando dos puxões. - brinquei.

- Filho... Eu liguei para saber de você sim. Mas tem outra coisa que preciso dizer; É seu irmão, ele está impossível... Não sei mais o que fazer, Henri. - a voz dele era preocupada e apreensiva.

Bem vindo a Italia #Livro 1 (Serie De Encontro ao Amor!)Onde histórias criam vida. Descubra agora