Decisões importantes

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Grávida? Eu estava grávida? Não podia ser! Já era o quinto exame da farmácia que eu fazia e todos mostravam a mesma imagem: dois risquinhos. Positivo. Nesse momento eu já estava andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Dio mio! Eu estava muito mais que encrencada. Peguei o telefone e fiquei passando a lista de contatos procurando por alguém, até que decidi ligar para a Helena.
- Preciso de você agora! - Eu praticamente berrei, quando ela atendeu.
No instante seguinte, ela estava lá em casa, ofegante, e com o semblante de preocupação.
- O que aconteceu, Gio?
Sem conseguir falar peguei todos os exames e joguei no colo dela.
Ela  olhava dos exames pra mim com os olhos arregalados, processando o que aquilo tudo significava.
- Você está grávida?
- Pelos exames sim. - Eu sentia minha respiração acelerada, e uma gota de suor desceu pela minha nuca.
- E esse filho é do Henri. - Ela constatou o óbvio.
Fez uma constatação mais para ela mesma, enquanto eu ainda andava de uma lado para o outro, nervosa. Quando parei, respirei fundo e disse:
- É dele mas ele não vai saber. - Me decidi.
- Como? Gio... - Ela tentou argumentar.
-Não, Helena! Eu quero ele longe da minha vida e dessa criança. Eu só não sei como vou contar isso para a minha família.
Ela levantou e segurou minha mão :
- Eu estarei aqui para apoiá-la em tudo. Apesar de achar que o Henri, por maior babaca que é, tem o direito de saber que vai ser pai. - Havia um pouco de repreensão em sua voz.
- Ele perdeu o direito quando fez o que fez comigo. E eu não quero mais falar disso!
Precisava ligar para os meus pais, mas cadê a coragem? Respirei várias vezes e quando consegui clicar para chamar, meu coração acelerou. Chamou algumas vezes antes de minha mãe atender.
- Buongiorno, bambina! 
- Oi, mama. Eu preciso conversar com você e com o papa. É importante. Tem como vocês pedirem algum dos meninos para fazer uma chamada de vídeo?
- Giovanna, você está me deixando preocupada.
- Por favor, mama. É um caso de urgência.
Ela desligou o telefone e eu conectei no notebook. No mesmo instante, não só meus pais, como toda a família estava me encarando e conversando ao mesmo tempo do outro lado da tela. Comecei a chorar desesperadamente e atrai a atenção de todos. Minha mãe rapidamente chegou perto da tela e disse:
- Não chora, filha. Estamos todos aqui. Seja o que for que aconteceu pode contar com sua família.
Sequei as lágrimas e disse:
- Mama! Papa! Eu nem sei como falar...
Meu pai disse:
- Filha...
Interrompi e disse de uma vez:
- Estou grávida!
Houve um instante de silêncio e por um instante achei que ia começar a discussão. Até que meu pai disse:
- Giovanna...Como?
Um dos meus irmãos brincaram com a situação, até meu irmão dizer:
- Quem é o pai, Giovanna?
Começou um batalhão de perguntas,  e meu pai teve que interromper eles mais uma vez.
- Quietos! Não é hora pra isso. Minha filha, eu quero que você volte para a Itália. Não posso deixar que fique aí sozinha com uma criança.
Respirei fundo, antes de começar a contra argumentar.
- Pai, eu amo o senhor e todos vocês, mas tenho que terminar o que eu comecei aqui. Daqui dois meses me formo e só então posso decidir o que fazer.
Minha mãe foi quem arguiu dessa vez.
- Minha bambina. Como você vai conciliar isso tudo? E o pai dessa criança?
- Mama...Eu sou a mãe e pai dessa criança. Vou amá-la como vocês me amaram e vou ensinar todos os valores que vocês me passaram. Sei que devem estar decepcionados comigo e eu entendo. Não era isso que vocês queriam de mim e eu peço perdão.
Meu pai interveio, antes que eu começasse a chorar. Já podia sentir as lágrimas se formarem.
- Filha, uma criança é bênção e vai ser amado e protegido por todos nós. Queremos que você seja feliz e é isso que importa. O que me preocupa é você aí sozinha.
- Não estou sozinha, pai. Tenho amigos aqui.
Olhei para a Helena que já estava em prantos confirmando o que eu disse.
Assim que nos despedimos eu me senti mais aliviada porque minha família me apoiava em relação a ter essa criança e eu sei que essa decisão não seria fácil!  Assim que tentei respirar profundamente, corri para o banheiro e coloquei o que eu não tinha na barriga. Esses enjoos eram horríveis. A Helena se aproximou de mim e disse:
- Ou você vai para a minha casa ou vou ter que vim morar aqui. Você precisa se alimentar e ir a um médico. O médico você vai amanhã sem falta e a comida vou tentar fazer algo leve pra ver se fica no seu estômago.
Nem ousei contestá-la. Uma vez que esta falou com tamanha autoridade. Sentei no sofá sentindo minha cabeça rodar. Helena se aproximou com um copo de água. Estou tentando recuperar do enjoo e da tontura quando alguém bate na porta. É Helena quem atende, e entra no cômodo de novo, acompanhada do marido e do bebê.

- Por que vocês não atendem o telefone? Querem me enlouquecer?
Depois de um tempo contando tudo, ele finalmente sentou no sofá, pasmo e diz:
- Seus pais devem estar querendo me comer vivo. Eu prometi proteger você e olha o que aconteceu!
- Vocês protegem até hoje. - Faço questão de esclarecer. Não tem porque James se culpar por algo que é minha responsabilidade.
- Amor. Vamos ter que ficar aqui para cuidar dessa moça teimosa que não comeu nada até agora. Acho que ela ainda não se deu conta de que precisa se cuidar por dois. - Helena diz com ternura, e eu fico tocada com as palavras dela.
Deixei Helena na sala, passando uma lista de coisas para o James fazer, enquanto eu ia tomar um banho. Assim que terminei de me vestir, fui até a cozinha e lá estavam eles cozinhando e rindo de algo com o bebê dormindo. Algum tempo atrás, eu sonhei acordada que poderia ter isso para mim também. O companheirismo, a cumplicidade, uma família completa e feliz. hoje eu vejo que era tudo ilusão. Não estava destinada a ter nada disso. 

Mas eu farei tudo por essa criança.

Me aproximei e fiquei brincando com o neném, enquanto eles terminavam de fazer a sopa. Tomei a sopa com os dois me vigiando e depois fui dormir, na esperança de não colocar tudo para fora. Alisei a barriga, que não dava sinais de que um serzinho habitava ali. Mas eu já sentia tudo em mim mudar. Meu corpo, meus hormônios, meu coração. Esse parecia expandir para caber essa nova vida, e meus olhos marejaram com o pensamento.
- Oi. Estou aqui, tá? Você está aí todo protegido e a mamãe aqui fará o possível pra que continue assim. Você nem tem um rostinho e eu já o amo demais. A mamãe vai errar muito, mas saiba que eu nunca abandonarei você, meu amor.
Deixei o sono me levar na esperança de me ajudar a encarar o dia que estava para começar.

Bem vindo a Italia #Livro 1 (Serie De Encontro ao Amor!)Onde histórias criam vida. Descubra agora