Sentimentos estranhos

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Quando ele saiu do banheiro sem blusa eu percebi que essa viajem tinha tudo para dar errado porque meu corpo não estava de acordo com a minha razão e toda vez que o Sr. gostosão se aproximava eu sentia uma corrente elétrica passar por todo ele. E isso não é bom. Nada bom. Eu sabia que esse negócio de ficar na mesma suíte era armação dele, mas eu seria forte até o último momento porque somos amigos, né? Só isso.

Saímos da suíte e fomos para o restaurante do hotel e eu fiquei admirando tudo. Era tão luxuoso e tão diferente da minha realidade. Ele resolveu pedir uma mesinha do lado externo que dava para um jardim e o céu estrelado tornava a vista ainda mais admirável. Olhei para o Henri que estava lindo, em uma blusa branca com gola "V". Os músculos dos seus braços ressaltavam com a peça. Eu conseguia imaginar milhares de coisas das quais não deveria e foi por isso que resolvi começar a conversar. Precisava me distrair.
- Como você tem tanto dinheiro e nunca saiu para aproveitar essas paisagens?
- Eu trabalho muito. Não tenho tempo.
- Tempo a gente faz sr. Henri.
- Giovanna...
Ignorei sua pequena repreensão, quando uma moça veio nos atender. Já devia estar acostumada com a reação a presença dele, não é mesmo? Ela começou a dar em cima dele e não foi nenhum pouco discreta. Revirei meus olhos, percebendo que ele não tinha se dado conta do que acontecia. Optei por fazer meu pedido, ficando um pouco irritada com a interação. Bebi um pouco de vinho, e não consegui evitar minhas próximas palavras.
- Você quer que eu volte para o quarto para você ir atrás dela?
- Ela quem?
- Da garçonete que estava se insinuando para você.
- Isso tudo é ciúmes?
- Não! Nem um pouco!
Eu com ciúmes?  Onde já se viu? Não mesmo.
- Sei...
Assim que o jantar foi servido, nós comemos em silêncio aproveitando a brisa da noite e depois entramos em uma conversa sobre nossas famílias. Ele me contou um pouco sobre os irmãos dele e dos tios e nunca tinha passado em minha cabeça a barra que ele devia ter enfrentado com tudo que aconteceu. Ficamos muito tempo conversando quando me dei conta de que só estávamos nós dois no restaurante. Então falei baixo só para ele escutar.
- Acho que só tem a gente aqui.
Ele olhou para os lados, e respondeu no mesmo tom.
- Você tem algum problema com isso?
Respondi, ainda sussurrando.
- Bom...Eu não. Mas os funcionários estão nos olhando como se estivessem perguntando "será que eles não vão embora?".
Ele riu e continuamos nesse negócio de falar baixo.
- Deixe que eles pensem. Eu não ligo.
Me aproximei mais dele.
- Mesmo assim acho melhor sairmos daqui.
Ele me encarou um tempo e balançou a cabeça, como se afastasse os pensamentos.
- Por que estamos falando baixo?
Então eu ri com vontade.
- Não faço ideia.
Ele assinou a comanda e fomos para o elevador. Assim que entramos um silêncio se alojou e nenhum de nós sabíamos muito o que falar.
Entramos na suíte que por sinal era enorme e muito luxuosa. Enquanto ele tirava a blusa, eu tentava abrir o zíper do meu vestido que para meu azar parecia emperrado.
- Quer ajuda? - Henri ofereceu.
Eu então desisti de tentar e deixei ele ajudar. Mas me arrependi no instante em que ele abriu o zíper. Pude sentir seus olhos em mim e isso fez um calor nada bem-vindo se espalhar pela minha pele. Inconscientemente meu vestido deslizou pelo meu corpo me expondo totalmente. Mas quando eu virei para ele foi que realmente perdi minha respiração. Vi seus olhos me avaliarem até pararem na minha boca e não sei como, mas encontrei minha razão que estava perdida em algum lugar. Cortei o clima estranho, pegando o pijama e vestindo em uma velocidade impressionante. Peguei alguns travesseiros fazendo uma barreira no meio da cama. Ele me olhou meio sem entender.
- Humm... Para que isso?
- Você fica deste lado e eu desse. Nada de atravessar essa barreira! - Avisei.
Ele riu incrédulo.
- Você é louca. - Falou mais uma vez.
Não prestei muita atenção no que ele disse depois porque precisava acalmar aquela tensão que eu estava sentindo. Deitei e virei de lado apagando o abajur e sentindo meu corpo queimar, ainda sob efeito do escrutínio dele. Seria uma noite longa.

Só consegui pegar no sono depois de muito tempo. Quando acordei, senti um corpo agarrado em mim me causando uma sensação muito boa. Fiquei parada, apenas apreciando a sensação quando me lembrei onde eu estava e com quem. 

Assim que tive coragem de abrir os olhos percebi que estávamos abraçados e eu estava debruçada no seu peitoral. E que peitoral! Estremeci com a cena e resolvi me mover lentamente para não acordá-lo. Fui até o banheiro e abri o chuveiro, encostando minha cabeça na parede, me arrependendo amargamente de ter concordado com essa viagem.

Sai do banheiro enrolada em um toalha e fiquei feliz ao constatar que ele não estava mais no quarto. Troquei de roupa e sai do cômodo, encontrando Henri na sala assistindo TV. Ele me encarou com um sorriso torto que me deixava louca e fazia meu coração bater descompassado.
- Bom dia! Estou te esperando para ir tomar café.
- Então vamos.
Descemos e fomos até o local onde o café estava sendo servido. Assim que nos sentamos eu perguntei:
- Onde vamos primeiro?
- Pensei em te mostrar alguns palácios, igrejas e monumentos que tem por aqui perto. A noite podemos ir à opera. O que você acha?
- Eu não conheço nada eu estou ansiosa para visitar tudo. Mas eu não tenho roupa para ir em um evento desse.
- Não precisa se preocupar com isso. Você fica linda com qualquer roupa. Mas se isso for um problema, tem uma galeria perto daqui que é famosa pelas roupas...
Fiquei meio sem graça com o elogio, e baixei o olhar por um instante.
- Henri, deve ser tudo muito caro e eu não tenho dinheiro para isso.
- Giovanna, isso não é um problema.
Respirei fundo, retomando o controle.
- Henri! Nós já discutimos sobre isso. Eu não quero o seu dinheiro.
- Giovanna, é só um presente e não é como se eu estivesse achando nada ao seu respeito por aceitar um presente.
Parei para pensar, avaliando a fala dele.
- Só deixo se você prometer que vai me deixar te pagar tudo em algumas prestações.
- Isso não é preciso, mas se é isso que você quer. Então prometo.
- Ótimo!

Conversamos mais um pouco e rimos de alguns casos quando deu a hora de irmos. Peguei minha bolsa já animada com a ideia de conhecer tantos pontos turísticos.

Bem vindo a Italia #Livro 1 (Serie De Encontro ao Amor!)Onde histórias criam vida. Descubra agora