A casa do Simon era um apartamento partilhado entre ele e os amigos, no último andar de um prédio já um pouco velhinho e percebesse logo à entrada que aquele lugar é todo partilhado por rapazes, porque o caos de desarrumação no interior era mais que muita.
Eu nem sei como é que nem ripostei quando ele me disse para onde me estava a levar, mas o cansaço e as dores de cabeça estavam a dar cabo de mim a cada minuto que passava e acho que isso ajudou, para eu simplesmente me deixar ser levada pela ajuda. Conseguimos subir de elevador até ao último andar, mas depois ainda tivemos que subir as escadas para o seu apartamento, que ficava protegido por uma simples porta de madeira.
Nas escadas eu mal conseguia elevar os pés das dores que aquela caminhada me tinha provocado nas palmas dos mesmos, por isso, ele acabou por me pegar ao colo e levar-me sem qualquer dificuldade escadas a cima.
Quando chegámos ao topo reparei nas três "camas" dispostas no meio da sala e percebi que dois deles eram mesmo sofás, que apenas tinham cobertores e roupas espalhadas como se se tratassem de verdadeiras camas.
Ele pousou-me deitada no sofá/cama mais afastada da entrada e começou a tirar-me o casaco e os sapatos, antes de me cobrir com um cobertor.
- Estás a dormir em pé. -comentou ele baixando-se à minha frente- Descansa, quando acordares comes alguma coisa e tomas algo para a gripe.
Apenas tentei assentir e assim que ele se levantou e afastou, eu fechei os olhos e pouco tempo depois caí no mais profundos dos sonos.
(...)
O som de água a correr deixou-me despertar calmamente. Abri os olhos pesados e dei-me conta que já não estava no mesmo lugar que me lembrava.
Tinha um pano molhado na cabeça, o que poderia justificar a minha cara molhada, e um cobertor quente a cobrir-me o corpo, porém apesar de saber que tinha adormecido na sala do apartamento do Simon, eu já lá não estava. Estava num quarto. Um quarto pequeno, com uma pequena janela na parede do outro lado e um monte de tralha amontoada a um canto, a maior parte dela, fazia parte de instrumentos de música.
Afastei o pano da testa e com esforço sentei-me encostada à parede, apercebendo que a meu lado, em cima de um banco, estava um tabuleiro com bolachas de água e sal e um copo com algo borbulhante e transparente lá dentro, quase como água com gás.
Estava quase a entrar em pânico quando reconheço a guitarra do Simon junto à tralha. Isso, unido com a comida deixou-me chegar à conclusão que ainda estava no apartamento dos rapazes da Roller Band e isso deixou-me mais relaxada.
Este cómodo deve ser outro que o Simon me trouxe enquanto estava a dormir, o "porquê" é que ainda não tinha chegado à conclusão.
A cama onde estava deitada tinha uma toalha onde antes estava deitada e pelas manchas castanhas, percebi que era para eu não sujar os lenções com a lama. Tinha a minha roupa decrépita ainda no corpo e os pés ainda descalços.
Curiosa puxei-os de debaixo do cobertor e observei-os com atenção. Como esperava tinha os pés feitos em sujidade a ponto dos meus pés ficarem pretos e as feridas que pareciam estar ainda a sarar tinham sangue seco à volta. Era horrível e doloroso.
Afastei os pés da cama, pendendo-os no ar e continuei a analisar-me. As dores de cabeça tinham amenizado um pouco, as dores corporais permaneciam iguais e o meu estômago parecia ainda que tinha levado um soco.
Não estou com fome e sim um tanto enjoada.
O som da água a correr parou e eu olhei imediatamente para a porta, porém ninguém entrou. Sem vontade para me levantar e espreitar para me certificar do lugar que me encontrava, apenas repousei a cabeça para trás e fitei o céu acinzentado que se via pela janela, levemente aberta.
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Verdades Ocultas
FanfictionEsta é a história contada do ponto de vista da Âmbar Smith, de Soy Luna, a partir do último episódio da primeira parte da segunda temporada, onde Luna foi quase atropelada por seguir os mistérios da sua vida e Âmbar prestes a descobrir a verdade sob...