Capítulo 30

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 Era de esperar que depois do que aconteceu as perguntas fossem surgir assim que saísse do quarto, por isso não o fiz, nem mesmo quando a Amanda me veio chamar para jantar. Deixei-me estar dentada na cama a olhar para o nada, sentindo a minha cara inchada do choro, apesar de já não estar a chorar à mais de uma hora e concentrei-me apenas em manter a minha mente completamente vazia. Já não queria pensar em mais nada.

 De repente, pouco depois da Amanda me vir chamar, ouço uma chave ser introduzida na fechadura, deixando a minha lá colocada cair ao chão e a porta é destrancada. Apresso-me a limpar a cara das lágrimas secas que a marcavam e tentei fingir que estava a dormir.

 A porta rangeu ao ser aberta e o som dos sapatos de salto alto da minha madrinha começaram a aproximar-se à medida que a porta era fechada com suavidade. O Rey deve ter aberto a porta.

 - Sei que não estás a dormir, Âmbar. -informou-me a sua voz autoritária, porém suave, um pouco atrás de mim.

 - Desculpe-me, mas eu não estou com fome. -pedi, abrindo os olhos e deixando-me fitar o exterior pelas enormes janelas, como tenho feitos nestas últimas três ou quatro horas.

 - Eu sei. -respondeu ela, respirando profundamente, antes de sentir o seu peso afundar o colchão atrás de mim- Mas tu tens que comer... Não podes deixar que ela te perturbe desta forma.

 - Eu não quero falar sobre ela. -afirmei com urgência na voz.

 - Compreendo,... mas tenho que perguntar. -pausou- Chegaste a vê-la? 

 Juntei as sobrancelhas confusa. Porquê que ela queria saber?

 - Se a viste, pelo menos agora já podes andar mais atenta à sua presença, mas se não a viste eu acho melhor reforçar a tua segurança. -continuou ela.

 Um tanto que baralhada, remexi-me na cama, até me conseguir sentar e fitei-a curiosa. Ela estava mesmo a tentar proteger-me ou isto tudo não passava de um troque?

 - Como assim, reforçar a minha segurança?

 - Quero que a partir de agora tenhas um guarda pessoal a acompanhar-te. -respondeu-me ela, com aquele seu rosto indecifrável.

 - Isso quer dizer que nunca mais andaria sozinha? Nem mesmo na escola?

 - Não. -fitou-me- Já mandei o Rey investigar todos os empregados e professores da tua escola para ver se algum tem algum tipo de comunicação com ela e ficaremos atentos ao caso da escola contratar alguém novo, por isso, não vejo porque tenhas de ficar com o guarda no teu encalço durante as horas escolares, nem depois delas, quando voltas para casa, mas quando decidires sair, eu acho melhor que tenhas sempre um guarda a teu lado.

 - E esse seria o Rey?

 - Como estás de castigo não podes sair sem autorização prévia, por isso, não vejo qual é a necessidade de contratar outra pessoa, mas se quiseres sair e o Rey não estiver disponível terás de esperar que ele o fique.

 Assenti compreendendo o que ela queria dizer. O Rey é de confiança e além do mais conhece a minha mãe, por isso, não à melhor pessoa para me defender do que ele, porque ele sabe perfeitamente de quem é que me precisa de manter afastada, enquanto eu não faço a menor ideia física desse facto.

 - Conseguiste o que pretendias, hoje?

 - Está feito. -afirmei- Agora um dos amigos da Luna já não se deve pôr no meu caminho.

 - Espero que não, não quero que ninguém estrague o teu futuro.

 Encarei-a. Ela estava muito estranha, é um enorme eufemismo se dissesse que ela está a ser carinhosa, mas por uma vez na vida estou a sentir que ela se preocupa minimamente comigo, mesmo que seja por motivos egoístas, eu estou a sentir-me como se bem lá no fundo ela é mesmo a minha mãe.

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