O voo mais cedo que tinha era o das vinte e vinte e seis, por isso, comprei não apenas três bilhetes para mim, o Tino e o Cato, como mais um para o Simon que insistiu que vinha comigo. Por mais que lhe tentasse convencer a ficar, ele dava sempre a volta, provavelmente porque queria correr para os braços da Luna reconfortá-la como todos os outros e simplesmente deixei-me estar, irritada mas deixei-me na minha, com a condição que eu é que lhe pagava o bilhete.
A viagem era de treze horas e quarenta e cinco o que quer dizer que só chegava às cinco da tarde em Buenos Aires, apenas porque não havia voos diretos, que reduziria o voo para oito horas e meia.
O tempo todo fiquei no meu lugar encostada à janela do avião, com o Tino e o Cato atrás de mim e o Simon a meu lado, que por alguma razão insistia em estar a olhar para mim sem dizer absolutamente nada.
Eu estava irritada com ele e se ele queria tanto perceber isso, então eu fiz-lhe o favor e coloquei os fones e continuei a ver as nuvens. Eu sei que ele só está a vir comigo porque mencionei que a sua melhor amiga estava mal, caso contrário ele ficaria com a sua família até domingo como combinado.
Mandei uma empregada fazer-me as malas, enquanto acompanhava o Simon até casa, para ele poder avisar a família e fazer as suas próprias malas, já que tinha prometido à mãe dele que me despedia delas assim que fosse partir.
Elas ouviram o Simon curiosas enquanto ele contava o porquê de ter de ir mais cedo para Buenos Aires, mas assim que ele disse que a Luna estava mal elas reagiram e começaram logo a ajudá-lo a despachar-se, pedindo-lhe vezes e vezes sem conta para que depois ele lhes telefonasse para informar se estava tudo bem.
Toda a gente gosta da Luna. Toda a gente a admira e faz tudo por ela. Só eu é que pareço ser diferente nesse aspeto, como se fosse a única que não é capaz de ver quem ela verdadeiramente é, ou como se eu fosse a única capaz de ver quem ela esconde ser.
De qualquer das formas, adormeci e porém uma hora depois voltei a acordar, deparando-me com o casaco do Simon por cima de mim, a proteger-me do frio, que ainda se fazia sentir. Todos eles estavam a dormir, atrás de mim ouvia os roncos do Tino e do Cato e a meu lado estava o Simon encostado contra o assento de expressão serena.
Os meus lábios moldaram um subtil e rápido sorriso, perante a sua cara de dormir, porém logo lembrei-me do porquê dele estar ali bem do meu lado e suspirei, desviando o olhar para a paisagem.
Aterrámos às cinco e três da tarde e a ansiedade já estava a tomar conta de mim, por isso, não tive qualquer piedade a despachar o Tino e o Cato para fora do avião. A única coisa que queria era sair dali para dentro de um táxi e dirigir-me o mais rapidamente possível para a esquadra, mas para pegarmos as nossas respetivas malas demorou mais do que a minha paciência permitia e eu já estava enrolada num monte de stress a gritar com todos e a mandá-los mexerem-se.
- Calma, Âmbar. -pediu o Simon, acompanhando o meu passo para fora do aeroporto- Vai correr tudo bem e além do mais não podes fazer nada, quando chegarmos à esquadra não poderás entrar, por isso, tenta respirar e pensar em outra coisa.
- Não dá para pensar em outra coisa! -reclamei, parando em frente a um táxi vazio- A minha madrinha está na cadeia a ser julgada neste momento e se não fosse a Delfina e a Jazmín eu jamais saberia de alguma coisa!
Eu estava tão zangada com tudo que a minha voz saiu ríspida, enquanto o taxista guardava as nossas malas na bagageira. O Tino e o Cato ainda estavam a vir, sonolentos a arrastar as suas malas.
- Como é que podes dizer uma coisa dessas? -perguntou o Simon calmamente, colocando-se à minha frente e fitando-me com um pequeno sorriso- Talvez a Luna e o Alfredo tenham tentado telefonar-te a avisar, mas como estavas sem rede no céu, eles não conseguiram contactar-te.
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Verdades Ocultas
FanfictionEsta é a história contada do ponto de vista da Âmbar Smith, de Soy Luna, a partir do último episódio da primeira parte da segunda temporada, onde Luna foi quase atropelada por seguir os mistérios da sua vida e Âmbar prestes a descobrir a verdade sob...