Capítulo 8

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Estou habituada a secadores para tratar do meu cabelo após o banho, por isso, fazê-lo apenas com uma toalha não foi fácil nem resultou como esperava. Os meus cabelos permaneciam molhados, apenas tinha conseguido tirar a maior parte do excesso de água e tive de os alisar apenas com os dedos, porém quando acabei até que achei que não estava mal, porque não levaria muito mais tempo para que se secassem sozinhos.

Tive é que mudar de roupa. Sem sutiã e o tecido molhado, este colava-se mais ao meu corpo e deixava mais evidente o meu formato, por isso, troquei rapidamente a t-shirt pela camisa axadrezada e fiquei contente por esta não se permitir moldar o meu copo.

As conversas travadas na cozinha eram-me imperceptíveis, tanto pela distância, como pelo ruído dos cozinhados, por isso, nem sequer tentei perceber o que eles estavam a falar. Sentei-me direita na cama e pensei em algo que me pudesse distrair das dores que ainda me sobravam.

Estava mole e com sono, porém não queria dormir antes do Simon voltar com o medicamento, porque aquilo está mesmo a amenizar as minhas dores e eu não quero voltar a sofrer da mesma maneira que à horas atrás.

Os meus pés, que é a parte do meu corpo que se encontra em pior estado, parecem-me relativamente bem, os ferimentos já não sangram, já não me dói tanto só ao toque e acredito que bastará mais um dia para fazer aquela crosta mais sólida. A única coisa que não sabia se iria melhorar assim tão rápido eram as dores que tinha no calcanhar do pé esquerdo. A minha queda no parque nacional só pode ter sido má, porque ainda sentia o pé a latejar cada vez que o tentava rodar.

Ouvi a porta a ser aberta, despertando-me a atenção e o Simon entrou mais sério com o pacote de bolachas e uma sandes na mão esquerda, enquanto na direita tinha a água com o medicamento ainda a dissolver-se. O cheiro a comida entrou igualmente com ele e o meu estômago protestou, porém, felizmente,e desta vez já não tanto.

Afastei o meu pé e deixei-o pousar as coisas no banco, antes de se sentar a meu lado.

- Está tão escuro aqui. -queixou-se ele, ligando o interruptor atrás de si- Assim está melhor.

- Então? Correu bem o jantar? -perguntei-lhe, enquanto comia a primeira bolacha.

- Sim. -respondeu ele sério.

- Está algo a preocupar-te?

- Não. -forçou um sorriso e apressou-se a desviar o olhar para os meus pés- Ainda te dói?

- Um pouco. -admiti- Estou mais preocupada com o pé esquerdo. Acho que fiz uma espécie de entorse quando caí no parque e ainda me dói.

- Deixa-me ver. -pediu ele.

Assenti e virei-me de frente para ele, estendendo-lhe o meu pé esquerdo, até este lhe pousar nas pernas. Ele primeiro conferiu o estado dos ferimentos, perguntando quando é que me doía ao seu toque e depois partiu para a massajem no meu calcanhar.

- É aqui que te dói? -perguntou ele.

- É. -assenti- Mas não fujas do assunto. O quê que aconteceu ao jantar?

Ele suspirou derrotado, desviando a atenção para o meu pé.

- Estive a falar com a Juliana.

- E?

- E ela acabou por ceder à minha folga para amanhã, mas disse que a teria de compensar as minhas folga com mais um dia de trabalho.

- Oh! -lamentei-me- Eu não te queria causar problemas.

Ele encolheu os ombros.

- Não és tu, eu só... Estou um pouco farto da Juliana sabes? Tenho que a ver como patroa, superior e treinadora, começo a ficar verdadeiramente saturada dela.

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