A noite em já estava quase caindo, e isso denotava que era hora de trabalhar. Esse pensamento me fez rir com toda ironia. Lidar com todos aqueles homens imundos, nojentos e sem escrúpulos, jamais seria trabalho. Aquilo soava mais como uma tortura, mas eu precisava da Vegas, então não havia muito o que fazer.
Eu odiava aquele lugar.
Odiava tudo que me submetia.
Odiava ainda mais ter me acomodado a essa vida vazia e sem esperança que melhorasse.
Claro que eu quero sair daqui, ter uma vida digna, trabalhar, estudar e cuidar de Calleb como sempre fiz, mas por enquanto, por agora, a realidade que batia em minha porta era diferente até demais. Diana era uma alcoólatra, viciada em drogas, que apanhava de Javier, mas ela era minha mãe e eu não podia simplesmente mandá-la sumir dali.
Diana era minha mãe, mesmo que não exercesse seu papel com maestria.
Bom, quanto ao meu pai eu nunca soube quem ele era, e também nunca perguntei, a medida que fui crescendo entendi bem algumas coisas e uma delas foi que todos iriam embora um dia.
Todos, sem exceções.
Com essa parte da vida eu me dou bem fácil.
Despedidas nunca foi um problema pra mim.
Enquanto desci a rua perdida em meus pensamentos, cruzei a avenida enquanto o sinal estava fechado e caminhei até o pequeno beco escuro que havia ali. Havia seis meses que vinha aqui quase toda semana, e todas as vezes fechava os olhos e rezava para que aquela fosse a última vez.
Prometia a mim mesma que seria a última vez, porém, sem sucesso.
Voltava sempre.
Aiden já me conhecia. Ele assim como eu, se lamentava pela vida que eu estava levando.
Era tão suja quanto aquela boate.
Tão fraca quando Diana.
Bati na pequena porta de madeira quando cheguei frente sua casa, apoiei os ombros na pilastra que havia ali e logo a sombra de um homem alto e magro apareceu sendo iluminada pela lua.
— Georgia? — Aiden proferiu antes de abrir a porta se certificando que era apenas eu ali.
A polícia estava fazendo uma limpa nessa parte, e havia deixado todos com medo.
— Ei, Aiden — Sorri de boca fechada ouvindo o barulho de chaves — Sou apenas eu. — Pensei no quanto o homem ali do outro lado estava tenso, mas logo se acalmou.
— Entra — Sorriu assim que me encarou, logo pude notar o sorriso de Leona atrás dele enquanto me encarava. — Você sabe... As coisas não estão indo muito bem por aqui.
Eu adorava Leona, adorava esse casal e o quanto eram regados de amor.
— É, eu fiquei sabendo que a polícia estava fazendo rota por aqui todo dia agora — Entrei indo em direção a Leona lhe dando um abraço apertado. A casa era bem simples, mas era muito aconchegante e parecia ser o suficiente para os dois. — Que saudades de você.
— Eu te digo o mesmo — Leona mostrou sua carreira de dentes perfeitamente alinhados enquanto me encarava com ternura. — Achei que você não trabalhava mais na Vegas. — Sorriu sem graça me fazendo devolver seu gesto.
Era uma mulher linda, seis anos mais velha que eu, e com um corpo escultural. Negra, cabelos lisos como de uma índia e olhos escuros.
— As coisas andam bem complicadas — Respirei fundo mordendo o lábio inferior me recordando que havia dois alugueis atrasados, pelo fato que entregava o dinheiro para Diana e ela gastava até o último centavo. — Mas isso vai acabar mais cedo que eu imagino, bom, é o que eu espero.
VOCÊ ESTÁ LENDO
THE REFUGE ✔
RomanceGeorgia Roe levava uma vida diferente da maioria das garotas de sua idade. Era difícil. Era caótica. Em meio a perdições e ambientes ruins, havia algo que lhe fazia bem e ela amava acima de tudo, e se chamava Calleb, seu irmão mais novo, por isso, d...