18 | luke rudenko

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A intensidade, juntamente com o misto de sentimentos indescritíveis atrai o ser humano para o fundo do poço. E para ser sincero, no momento, eu estou aqui abraçando a Samara. Meu coração parecia querer pular do peito e enfiar o dedo na cara de Georgia, a acusando de toda essa confusão causada.

Eu estava há uma semana sem ir pra cama com alguém, e isso, na minha lista de regras era uma afronta total para minha honra.

Aquele negócio de borboletas no estomago, eu tinha vontade de vomitar. E olha, eu realmente pensei que nada seria pior do que deslocar o maxilar, mas contando de zero à dez, saber que estava gostando de sua amiga e para ela tudo não passava de mera amizade... Isso, isso sim conseguia ser pior do que levar um golpe e destroncar alguma parte do corpo.

Eu estava fodido, mas não é um fodido: "olha, podemos consertar isso.

É um fodido: "cara, você tá bem fodido." Com uma lamentação qualquer logo depois.

Meu relógio no pulso marcava exatamente oito e quarenta e cinco da manhã. Estava uma manhã bonita, apesar da brisa gélida fazendo com que algumas pessoas se agasalhassem. Acho que esperavam algo mais intenso, como uma chuva no fim de tarde. Essa cafeteria no Chelsea era o meu lugar favorito, como um esconderijo, ou código entre eu e meu melhor amigo desde quando nos conhecemos. Quando era um assunto bem sério, tipo a morte, nós nos reuníamos aqui e lamentávamos com boas canecas do liquido fumegante.

E bom, aqui estávamos nós.

E minha expressão caída, e ombros tensionados diziam o quanto tudo estava perdido.

Bastian me encarava com seus olhos verdes. Em suas mãos, o liquido fumegava, soltando uma fumaça corriqueira, com o cheiro que eu tanto amava. Seus dedos seguravam a caneca, e ele me encarava como se eu tivesse acabado de dizer que estava com uma doença seriamente transmissível, e ia ficar isolado bem longe daqui, em um lugar subterrâneo, talvez.

Respirei fundo algumas vezes, passando a mão no rosto com raiva, enquanto espremia a caneca nos dedos, vendo os nos mais brancos que o habitual.

— Cara, eu não vejo outra saída a não ser você se matar. — Sua expressão era bem seria, quase me fazendo acreditar na veracidade da sua sugestão.

Meu amigo me encarava com um misto de pena e diversão em seus olhos.

Bom, essa realmente não seria uma má ideia.

— Você acha que eu já não pensei nisso? Estava mais cedo escolhendo um caminhão digno de um bom estrago. — Meu tom era bem sério, e meu maxilar travado reafirmava o que foi dito.

— E se ela sente algo por você, também? Bom, você nunca questionou, você sempre concorda com a friendzone. — A palavra final teve um sorrisinho idiota brincando em seus lábios.

Bastian realmente não tinha misero medo de ficar sem os dentes.

— O mínimo que ela sente nós já sabemos o que é — Ele abriu a boca, pronto para ir contra o que lhe disse — Essa palavra está proibida entre nós. Não vou suportar ouvi-la daqui pra frente.

— Você tá parecendo um frango correndo dela assim, e eu to sendo bem sério — Sua expressão afirmava isso. Bastian voltou a caneca à mesa, e colocou os dois cotovelos me analisando — Quatro dias sem ir no Brooklyn, sem atender aos telefonemas... Você voltou ao fundamental? Aliás, nem no fundamental você fazia isso. E é isso que me preocupa.

A coisa era bem pior e mais dramática do que todos imaginavam.

— Eu ia! — Bati a mão na mesa com certa força, fazendo alguns talheres pularem — Mas cara, eu não sei se ia conseguir ficar com meu autocontrole intacto se ela estivesse com ele.

THE REFUGE ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora