31 | luke rudenko

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Diana morreu. 

Sim, Diana estava morta. A mãe de Georgia e Calleb estava morta. Hera nos trouxe a notícia no meio da noite enquanto minha namorada dormia entrelaçada ao meu corpo, como sempre fazia.

Georgia, em um ímpeto de fúria e descontrole emocional me contou sobre todo seu passado, e Calleb decidiu gritar que talvez tudo isso fosse egoísmo.

Que talvez Diana pudesse ter tido uma vida normal.

Que talvez Diana pudesse estar viva se ambos tivessem dando uma segunda chance a ela... Mas quantas chances foram dadas, até então?

Georgia jogou toda merda fora. Tudo que a sufocava. Tudo que a prendia em um passado sombrio e nada feliz. Logo depois correu até o banheiro se trancando no mesmo, sozinha, sem permitir que eu entrasse. Ela só bateu a porta e me mandou ir embora, sumir para qualquer lugar que não fosse ali, perto dela, porque ao seu lado não era um lugar bom para estar.

Eu apenas ri com ironia e logo a porta foi batida em meu rosto, dando o veredito final.

Estou, há exatamente uma hora. Sessenta minutos, do lado de fora, sentado em sua cama, ouvindo seus gritos entonados por uma dor que eu não seria capaz de segurar tanto assim. Não por tanto tempo. Eu era, de fato, um lutador, mas quem merecia o cinturão era ela. Minhas mãos iam de encontro a madeira da porta seguidas vezes, até que, lhe deixava chorar mais, limpar todo seu corpo daquela dor.

E eu nem sabia que existia tanta dor assim.

A chamei duas vezes, desde então, mas ela só gritou para que eu sumisse de sua vida, enquanto os outros buscavam incessantemente pelo mais novo que correu para sei lá onde.

Seria loucura, até mesmo egoísmo discutir com Georgia sobre: sumir de sua vida. Quando já estou em sua vida até o ultimo fio de cabelo.

Seria egoísmo dizer que cada célula do meu corpo completava cada célula do seu corpo.

Seria egoísmo dizer que se não dissesse pelo menos um dia o quanto a amava, o quanto ela me mudou e me ajudou no amadurecimento, eu não estaria completo.

E francamente? Fodas para o seu passado turbulento e se ela pensava que isso era um motivo plausível para o nosso fim. Me recuso a deixa-la ir. Nós não vivemos na merda de um passado, e mesmo tendo ciência de pelo menos um pouco do que lhe aconteceu, eu não conseguia ver isso como uma mentira, omissão ou qualquer coisa do tipo. Nós não precisamos acabar com todos os nossos planos juntos porque ela acha um absurdo minha cara de paisagem enquanto me conta sobre tudo que já fez. E me conta da pior forma, como se aquela fosse sua arma para que eu sumisse de sua vida e ela pudesse lidar com toda merda sozinha.

Eu me recuso.

Dois anos atrás não é tanto tempo assim, mas é tempo suficiente para conhecer seu coração. E para conhecer bem o meu coração, e o que ele diz agora... Não vou sair daqui. Não de novo. Não depois de lhe mostrar que mereço seu amor.

O barulho de algo quebrando dentro do banheiro me tira dos meus devaneios. Me alertando. Não tenho controle sobre o que acontece lá dentro, não com a porta fechada. Bato algumas vezes.

— Você nem vem usar força para destruir a porra da minha porta, que está na porra da minha casa! — Em meio aos soluços, ela grita, e eu paro de bater.

Está viva.

Sento na cama mais uma vez, usando toda paciência que adquiri ao logo dos treinos e do tempo. Usando todo autocontrole que nem sabia que tinha.

THE REFUGE ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora