Limpei o canto dos olhos onde as lágrimas ainda desciam... Tinha sonhado com a vida que havia levado mais uma vez. Isso acontecia com certa frequência, já que as dro.gas que usara para esquecer eram momentâneas e os pesadelos faziam questão de me contar a realidade. Me lembravam da realidade.
Suspirei fundo e soltei todo o ar enquanto fechava os olhos. Os vislumbres retornavam como um soco em minha cabeça.
A dor emocional e a física estavam disputando qual delas acabariam comigo primeiro.
A droga me deixava em êxtase com tudo que acontecia, principalmente com a dor, mas depois tudo parecia voltar três vezes mais forte e era de modo agressivo. Me sentei na cama encarando o relógio que marcava seis e quarenta e cinco, mais uma hora e teria que ir trabalhar.
Repeti um mantra silencioso pedindo por proteção.
É passado. Isso vai passar, você foi tão forte até agora.
Aquelas palavras pareciam não surtir efeito nenhum sob meu corpo e minha mente.
Acho que sou boa em guardar as coisas, ninguém até então tinha percebido absolutamente nada e o alívio que se instalava em meu peito era imensurável.
Como iria contar para todas aquelas pessoas o que eu era? Eu nem sei se vou contar um dia, provavelmente não.
Quero apenas esquecer.
Sou uma nova pessoa, tenho uma nova vida e nada do que vivi tem que ser trago à tona de novo.
Suspirei fundo mais uma vez.
Odiava pedir ajuda ou fazer a linha emocional, mas agora estava tão frágil. Nenhum dos muros que construí fora suficiente.
Só havia restado eu e meus pesadelos.
Eu nem sabia o que era ter paz, deitar tranquila sem parecer uma máquina cheia de pensamentos e sentimentos confusos e assustadores.
Eu sou tão forte.
Repetia em minha mente buscando por paz.
Eu me machucava e era tão cruel comigo mesma.
Eu sou tão forte.
Mas o esforço que estava fazendo para esquecer valia a pena. Minha família estava feliz e comigo, isso era tudo que importava agora. Colocar um sorriso no rosto parecia facilitar tudo, e se fosse necessário colocá-lo para ver meu irmão feliz durante todos os segundos da minha vida... Eu faria isso.
— Georg, 'tá na hora de ir pra escola? — Depois de alguns minutos presas em devaneios, ouço Calleb se aproximando e o vejo em minha porta coçando os olhos.
— Sim, senhor. Vamos tomar banho e ir.
— Não precisa me levar.
— O que? — Franzi o cenho confusa.
Calleb sempre me pedia para leva-lo em todos os lugares.
— É — Resmungou — Eu já sou grande e posso ir sozinho.
— Calleb... Grande no que?
— Georgia! Eu já sou quase um adolescente.
— Banho e espere sua irmã para te levar até sua nova escola. — Sorri de boca fechada.
A porta do banheiro fez um estrondo.
Tomamos nosso café da manhã e estávamos preparados para encarar o dia, mas meu irmão ainda resmungava coisas do tipo: Você nunca vai me deixar crescer?
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THE REFUGE ✔
RomanceGeorgia Roe levava uma vida diferente da maioria das garotas de sua idade. Era difícil. Era caótica. Em meio a perdições e ambientes ruins, havia algo que lhe fazia bem e ela amava acima de tudo, e se chamava Calleb, seu irmão mais novo, por isso, d...