19 | georgia roe

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   Gargalhei alto, sentindo minhas cordas vocais rangerem pelo ato exagerado. Luke me encarava constrangido, mas era tão bonito suas bochechas rosadas por pura vergonha. Voltei meus olhos para os seus mais uma vez, vendo suas mandíbulas cerradas enquanto me estudava fortemente. Sua expressão não ajudava em nada para cessar minha vontade de rir da cara bonita que ele tinha. Coloquei as mãos na barriga, o encarando seria, mordendo o lábio inferior na tentativa de não rir... De novo. Suguei todo ar limpo que cercava o parque, abanei o rosto com as mãos e o encarei.

Risadas.

Jogo de perguntas e respostas.

Central Park em um dia ensolarado e bonito.

Luke Rudenko jogando fora todos seus momentos constrangedores – da vida

Isso não poderia ficar melhor.

— Ok, ok... Eu já parei de rir, tá certo? É super normal ter se enganado na vida, tá tudo bem, Luke. — Falei olhando para o gramado, sem conseguir encara-lo, e tentava mais que tudo não soar debochada.

Certo, eu não estava tento o misero sucesso nessa etapa, mas tentativas são validas de qualquer forma.

— Ela era igual uma mulher, eu juro! Parecia muito uma garota que eu já tinha afundado, mas ela era bem vingativa — Sua expressão era pensativa e seria, como quem estava mesmo justificando aquilo, e tentando mesmo me convencer. — Eu já deveria ter imaginado que seria coisa dela... — Ele balançava sua cabeça em negação seguidas vezes, com as mãos na bochecha de um jeito fofo e um bico enorme.

Levei a mão até o saco de Doritos, enchendo a mesma e colocando tudo na boca de forma bem ultrajada, porém, eu não queria mais dar gargalhadas exageradas e espantar os pássaros, eles faziam um trabalho bonito por aqui. Encarei Luke mais uma vez, que sentava relaxado na grama como se fosse o dono do lugar.

Ele era tão bonito e intenso.

Tudo em Luke era intenso, desde o jeito, até a beleza. Olhar forte, juntamente com um sorriso atrevido que jamais abandonava seu rosto. Um conjunto bonito. Era bem nítido toda atenção que ele recebia do universo feminino. Eram muitas calcinhas em torno dele. E Luke tinha o melhor aconchego do mundo, acho que é por esse motivo que sou sua amiga ainda.

— Tá pensando em que? — Seus dedos acariciavam minha bochecha em um gesto gostoso de ser apreciado.

— Qual seu maior sonho? — Abri os olhos o encarando, as palavras pularam de súbito, e franzi o cenho me lembrando que aquela pergunta clichê ainda não havia sido feita.

A pergunta havia o pegado de supetão, sua expressão afirmava com fervor isso, sua sobrancelha grossa e loira subiu e desceu em espanto. Seus olhos abertos, lábios juntamente abertos, também. Crispei a boca esperando sua resposta. Deitei a cabeça em seu ombro, enquanto dedilhava as tatuagens que estavam traçadas em seu braço. Gostava da rosa, e do pássaro, também.

— Hm — Entortou o lábio, soltando uma lufada de ar — Não sei... Não sei mesmo, acho que eu prefiro deixar o destino dizer, entende? Eu nunca tenho nada programado, sou impulsivo demais pra isso.

— Mas Luke, você tá treinando e lutando para o campeonato em Los Angeles! Esse não é seu sonho?

— Não sei dizer. Cara, nem treinar com Roqua estava planejado. A única coisa que foi planejado pra mim, havia sido fazer faculdade de direito e trabalhar com meu pai, só que, eu nunca me senti muito feliz com isso, mas eu fazia porque esse era o sonho dele, não o meu, queria dar orgulho ao meu pai. Quando decidi parar foi um desastre, minha família toda pirou, sério. Gregers deixou sua taça preferida cair no chão quando lhe dei a notícia. Pai, eu larguei a faculdade — Ele riu como se aquilo fosse muito divertido — E logo depois o barulho de vidro quebrando, eu achei que ele estivesse jogado na minha direção — Me encarou sorrindo — Eu preferi fugir, sair de casa, comprar meu apartamento com meu dinheiro... Eu realmente cortei todos os laços.

THE REFUGE ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora