THE REFUGE ✔

04 | luke rudenko

Meredith estava gritando.

Gritando, não.

Ela estava literalmente aos berros.

Todos os funcionários saíram do cômodo. como se não soubessem de nada que estava acontecendo ali. 

Eles são pagos para fingir que não sabem, na verdade. 

Pela fresta da porta podia ver Alba se encolhendo assustada, e podia também ver algumas lagrimas se formando na beirada de seus olhos azuis, como os meus são.

Travei o maxilar, fechando os olhos e balançando a cabeça em forma de negação. Não posso acreditar que esse é o motivo de Meredith, a suposta mulher que me deu a luz, está gritando com minha irmã. Uma garota de dezessete anos.

Não acredito que Alba passava por tudo aquilo em silencio. 

Não acredito que Meredith havia sido tão cruel a esse ponto, ela havia passado de todos os limites.

Fechei as mãos em punho na tentativa de me controlar e não invadir aquele quarto, na verdade, eu queria apenas ouvir até quando ela estivesse terminado com todos seus insultos, para assim ter um motivo para odiá-la em paz e esquecer que ela era minha mãe.

Minha irmã só tem dezessete anos. É uma criança.

— Você já se olhou no espelho hoje? — Seus olhos são tão firmes, e sua voz é carregada de rispidez. Alba ficou em silencio fitando o chão, e seu rosto coberto por lagrimas. — Responda, Alba Dominic Rudenko! — Esbravejou mostrando toda sua raiva. — O que significa isso, então?

Meredith pegou uma caixa rosa, a caixa era um tanto quanto grande e tinha uma tampa com laço vermelho. Alba colocou as mãos na boca na tentativa frustrada de calar seu choro. A mulher virou a caixa em cima de sua cama, balançando várias vezes até que tudo caísse. 

— Você não passa de uma porca gorda.

Minhas mãos foram até a maçaneta da porta, empurrando a mesma com tanta força e raiva que ela simplesmente bateu na parede e voltou num estrondo. Caminhei em passos firmes até Alba. Seus olhos vacilaram e ela encarava Meredith nitidamente horrorizada.

— Alba — Chamei sua atenção, indo até seu closet e jogando todas as roupas em cima da cama — Arruma suas coisas agora. Você não fica nem mais um minuto com essa mulher louca!

— Tire as mãos da minha filha. Agora! — Meredith segurou meu braço na tentativa de impedir qualquer ato que eu fizesse. Apenas empurrei seu corpo e segui em direção a Alba que me abraça tão apertado que posso ter certeza que me quebraria.

— Você ultrapassou todos os limites, Meredith! Você é completamente louca! — Gritei em sua direção respirando fundo.

O ar do cômodo havia ficado pesado. 

Sentia tanta raiva, com um misto de ódio que seria capaz de quebrar toda essa casa.

— Alba, você fica — Minha irmã estava colocando todas suas roupas na mala rapidamente.

Seu cabelo agora estava preso, mas as lagrimas ainda desciam descontroladamente de seu rosto.

Ela estava quebrada. 

Eu estava quebrado.

Alba sempre foi tão alegre, como eu não percebi o que acontecia diante dos meus olhos? Todo esse seu desespero para sair de casa tinha uma explicação.

— Se você encostar a mão nela mais uma vez eu juro, Meredith. Eu juro que não respondo por mim — A empurrei tirando ela de perto de Alba e encarei seu rosto com nojo.