06 | georgia roe

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         New York era uma cidade imensa. Mais bonita do que via na televisão, ainda estava boquiaberta com o tamanho. O jogo de luzes acessas por todos os lados enchia meu peito de expectativas e vontade de realizar todos os sonhos que espontaneamente começavam a rodear minha cabeça. As pessoas caminhavam em passos rápidos, com seus celulares, quase sem perceber que havia mais mil pessoas ali imitando seus atos.

Pareciam robôs, sem sorriso, aperto de mãos ou aquele abraço tímido porém aconchegante.

Andando rapidamente, celular frente aos olhos em um universo particular.

Era uma cidade linda, tudo ali parecia ser novo, requintado e planejado milimetricamente para que pudesse causar essa reação em todas as pessoas que chegavam aqui, mas aposto que muitos dali não partiam de uma cidade tão pequena como eu. Hera estava ao meu lado extasiada, olhava através da janela com suas orbes azuis piscina brilhando.

New York era o lugar mais assustadoramente lindo que já havia pisado um dia... Não que tivesse visitado vários lugares, mas toda aquela imensidão era tão bonita e convidativa. 

Assustadoramente bonita e convidativa. 

A cidade que nunca dormia parecia estender a mão para quem quisesse conhece-la melhor, e no enlaço do convite ela te levava muito além, mais além do que você podia imaginar.

Um mundo de expectativa vinha surgindo ali, eu sabia que minha amiga partilhava desse sentimento comigo. Meu irmão dormia profundamente em meu colo, segurando forte na sua mochila como pedi a ele, estávamos em um lugar desconhecido e não podíamos perder o pouco que tínhamos.

Sentia meu peito palpitando, minhas pernas latejando, mesmo se passando horas que havíamos fugidos da Vegas com toda a economia que Gregori guardava quase secretamente em um chão falso que eu só havia descoberto porque Lorellay nos contou.

Os flashes ainda passavam pela minha cabeça, sua voz dizendo quase num sussurro "Pegue todo dinheiro ali e corra sem olhar para trás" Eu voltaria para pagar tudo que ela havia feito por nós. Tomamos a decisão de roubar o dinheiro da Vegas quando vimos que nossas economias não ajudariam durante muito tempo, e não sabíamos se íamos conseguir emprego. 

Me recusava a ir para o plano Z, o último plano, última letra do alfabeto no qual era voltar para a vida que tinha.

Com um solavanco o coletivo parou. Com dificuldade acordei Calleb, que quase precisou ser arrastado para descer, caso contrário ficaríamos ali. Seguimos rapidamente para a porta de trás quando Hera gritou para que ele nos esperasse só por mais um minuto, e ele assim fez, dando um sorriso quando arrancou o ônibus e foi embora.

— Williamsburg, Brooklyn! — A voz da loira soou com bastante animação.

Ela namorava cidade apenas com os olhos e o sorriso que rasgava seus lábios.

— Nova vida! — Abri os braços rodopiando.

— Será que podemos gritar? — A encarei franzindo o cenho parando no meio da rua, a loira me encarava com expectativa, como uma criança que estava prestes a receber um presente.

— Gritar? — Calleb questionou coçando os olhos e encarando minha amiga com uma expressão engraçada. 

Podia jurar que ele estava se perguntando se ela não era louca.

— É — Retrucou óbvia batendo as mãos na lateral do corpo — Gritar de felicidade! Vamos lá — Cutucou meu ombro enquanto analisava todos que passavam ali.

THE REFUGE ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora