2. Irmãos de batalha e o Inocentemente perspicaz.

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O Professor de Crânio não teve muito o que fazer na posição em que estava. Um de seus melhores alunos que também era o responsável por conduzir um dos mais novos experimentos precisaria se afastar por conta de tragédia familiar. Não havia nenhuma outra forma de lidar com aquilo. Crânio conduzirá toda a pesquisa sem pausa e sem diminuir os esforços por quase um ano inteiro. A sua tese vinha sendo editada e seria lançada como livro no final daquele ano. Ele tinha crédito de sobra.

-Eu entendo, Volte quando estiver melhor. Usaremos suas anotações. Pedirei que María assuma no seu lugar até o seu retorno.

Crânio havia sido um dos primeiro a saber, da morte de Andrade. Provavelmente teria sido a primeira pessoa a que ligaram. Sem sombra de dúvidas, ele era o mais fácil de ser localizado. Durante dois dias o garoto que já fora o gênio dos Karas não esboçou reação. Conversava pouco e não parecia querer estudar. Queria apenas ficar Sozinho com seus pensamentos. Sentia-se culpado por não estar lá. Sentia-se culpado por tanta inutilidade. Seus dias foram silenciosos e parados até o dia de uma ligação por telefone. Mais especificamente, três dias depois de saber da notícia da morte.

Saindo do pequeno mercado perto de sua casa, Crânio era a imagem viva de um ser desanimado. Rodou a chave na fechadura e foi recebido pelo clima fúnebre que seu apartamento havia se tornado.


O Telefone tocou e Crânio atendeu sem se importar com quem seria a pessoa do outro lado da linha, porém como uma mão que vem no momento certo, antes da pessoa se afogar, a voz do outro lado da linha parecia trazer Crânio de volta. Crânio conhecia muito bem aquele que falava com ele.

-Ei, Crânio? Sou eu, Miguel.

Miguel e Crânio não se viram mais do que duas vezes nos últimos anos. Encontraram-se por acaso uma vez em um restaurante. Crânio com uma nova namorada e Miguel com a família. Miguel entendia bem o que estaria acontecendo então, evitou ir até lá conversar com o amigo. Sabia que Crânio buscava por maneiras de tentar esquecer Magri. Ele também havia feito muito aquilo. Na outra, se viram rapidamente quando Crânio e sua equipe foram conhecer o laboratório da faculdade de Miguel. Não trocaram palavras nesse dia. Apenas um acenou para o outro.

-Hey Kara... -Crânio disse revelando no seu tom aquilo que sentia-

-... Já entendi.- Miguel concluiu que Crânio já entendera o motivo da ligação - Há Quanto tempo você já sabe?

-O Bastante pra me sentir culpado, mas não o suficiente para ter feito algo. -Crânio se sentou trazendo o telefone para mais perto- Uma mulher me ligou, passou os endereços de onde será a cerimônia...

-Sim, ela me disse isso também. Estou ligando para confirmar a sua presença. Ele iria gostar de nos ver novamente. Todos nós. - Miguel parecia estar melhor pelo telefone. Crânio não imaginava o quão aquilo abalará Miguel nos primeiros dias. Mas o amigo de longa data era forte de corpo e espírito

-... Entendo. -Crânio parecia decepcionado -

-Qual o problema?

Crânio olhou ao redor de sua casa solitária. Não havia nada a perder.

-Se fosse há quatro anos, você estaria me ligando para marcarmos uma reunião de emergência Máxima... - Crânio disse de uma vez - Eu já estava me recuperando e pensava em começar sozinho, mas a sua ligação me fez pensar que...

-...Que eu iríamos investigar a morte do Andrade?- Miguel cortou Crânio - Ele morreu no dever, Crânio... Não tem o que ser investigado.

-Tem alguma confirmação disso?

-Só pode ser isso. - Não, ele não tinha. Crânio enxergava. -

-Depois de tudo o que passamos, e de tudo o que o Andrade já fez, Não pode ter sido apenas algo assim.

Os Karas | Cigarros & Moscow Mule.Onde histórias criam vida. Descubra agora