13. Na pista do subordinado.

88 3 0
                                    


—Me deixa ver se eu entendi... — Disse Nicolas entre uma garfada e outra, os dois olhos fitavam Miguel que ainda tinha um semblante muito perturbado — O último capanga vivo do Dr. Q.I está com o laudo do Andrade?

—Exatamente. - Miguel começava aos poucos a ter uma aparência melhor. O encontro com o Dr. Q.I era um teste de resistência psicológica. — Ele se esconde em alguma periferia de São Paulo. Deve ter ganhado uma grana alta pra manter isso escondido.

—Se envolver com bandidos é muito difícil. Se um deles vir o seu rosto, adeus. E devo te lembrar de uma coisa... Calú não pode aparecer. Ele é famoso. Peggy e Magri também não poderão.

—Mas que droga!- Miguel praguejou com intensidade a mesa -

—Sobrou para nós dois e Crânio.

—Não desconsidere o Chumbinho. – Miguel disse sem olhar para Nicolas -

—Não acho certo ele estar envolvido nisso.

Miguel o encarou. Olho no olho

.

—Nicolas, o Chumbinho já passou por tantas coisas quanto você quando o assunto é bandido. Já ficou preso junto com sequestradores no pantanal, já enfrentou neonazista... e coleciona vitórias contra capangas do Dr. Q.I antes dos seus dezoito anos.

Miguel tomou um gole d'água e observou Nicolas com um sorriso.

—Você está agindo como Andrade, cara.

—Então, estou agindo como uma boa pessoa... — Ele disse sorrindo—.

Miguel parou por um segundo e refletiu. As palavras que o Dr. Q.I disseram se repetiam em sua mente. Andrade seria capaz de esconder algo de seu passado todos esses anos... Não, muito provavelmente aquilo tudo era mentira. Dr. Q.I sempre jogou com todos a seu redor... Tinha que ser isso. Era apenas uma manobra para atordoar Miguel.

—Qual o próximo passo?

—Vamos precisar analisar o registro de ocorrências. Alguém deve ter visto os bandidos. Devem ter ocorrido em algum local depois do desaparecimento do laudo do Andrade ao menos um indício deles.

Nicolas se surpreendeu.

—Vocês nunca param de me impressionar. Certo. Vou providenciar. Vai fazer alguma coisa hoje à noite? Podemos começar hoje mesmo.

—OK. Esteja lá em casa, às 17h.

O almoço se encerrou e cada um seguiu seu caminho.

As anotações de Crânio sobre seu projeto levaram um pouco mais de tempo para serem feitas. Poucas pessoas notaram que Crânio vestia as mesmas roupas do dia anterior, e que chegara junto de Maria no campus.

Maria fazia a tudo com um sorriso bobo no rosto. Desviava a atenção dos tubos de ensaio para observar a Crânio volta e meia.

O Gênio dos Karas por sua vez, variava seus pensamentos em dois rostos femininos. Magri e Maria. Era mais difícil esquecer Magri do que parecia. Porém, Maria começara a despertar em Crânio algo diferente. Diferente do que ele sentia por Magri, mas tão bom e satisfatório quanto.

"Droga!" Crânio pensou. As mulheres tiravam dele a concentração. Começou a focar-se completamente ao experimento. Química orgânica. Hidrocarbonetos para ser mais exato. Sua área preferida.

Crânio aprendera na escola que Hidrocarbonetos eram o nome genérico para compostos binários de carbono e hidrogênio. Estaria usando agora Alcanos ou parafinas. Estes dois eram hidrocarbonetos de cadeias alifáticas saturadas, ou seja, apenas ligações simples. Eram insolúveis em água e, em geral, os pontos de fusão e de ebulição aumentam com o aumento do número de carbonos. Brincadeira de criança para o gênio dos Karas.

Os Karas | Cigarros & Moscow Mule.Onde histórias criam vida. Descubra agora