21. Retratos de solidão

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—Talvez eu nunca tenha sido particularmente ótimo em investigações pessoais, mas sempre consegui acompanhar meus bons amigos e seus raciocínios. - Calú sentou-se no chão.

Miguel o encarou. Ao ver sua expressão percebeu que ele estava de certo modo satisfeito. Parecia divertir-se com a situação. O líder dos Karas não pode evitar um sorriso.

Miguel voltou-se para Peggy.

—Peggy, você esteve presente nas últimas reuniões, mas acredito nunca ter sido introduzida às regras...

—Na verdade, Calú me ensinou elas há anos atrás. - ela disse. - Nada do que conversamos chegará a alguém de fora.

—Talvez para o Nicolas. -Alertou Crânio.

—Certo -Miguel respondeu - Vamos descobrir tudo o que pudermos sobre essa foto.

Magrí levou mais de quarenta minutos contando todos os detalhes sobre a vida de Andrade. Era incrível o que poderia se descobrir sobre uma pessoa ao examinar a casa onde a mesma morou.

Depois, Miguel exibiu em uma folha de caderno a sentença que estava escrita na foto.

—Quem é a mulher da foto? - Chumbinho perguntou -

—Esta é a pergunta de "um milhão de dólares", acredito.. - Peggy respondeu ao pequeno ás do time -

—Ela só possui uma única foto e curiosamente é a única que estava solta do álbum. - Magrí dizia - Ninguém com características parecidas estão no álbum de fotos.

—Quem mais está no álbum? - Crânio perguntou -

—Colegas de profissão, uma velha servente de algum hospital, acreditamos... E bem, as fotos mais novas são uma da Magrí, Chumbinho, Calú, sua e minha. — Miguel disse -.

Calú se levantou e observou o local, buscando ver o álbum de fotos em meio aos outros objetos nas últimas duas caixas.

Com o livro de capa marrom em mãos, ele fez um sinal para que continuassem falando.

—As fotos estão marcadas e colocadas em posições de acordo com a data. Mas existe algo estranho. Observem.

Miguel pede para Calú uma foto de Andrade ainda muito pequeno. Dois a três anos no máximo. A página possui três fotos. Uma, exibe um pequenino Andrade distraindo-se com brinquedos antigos. A outra mostra uma enfermeira. A terceira uma foto de Andrade no refeitório.

—O que significa isso? — Chumbinho perguntou, mais para si mesmo do que para seus colegas a seu redor -.

—Isso me parece um orfanato. - Crânio disse - Esta é a primeira página deste álbum. Devido a isso, esta deve ser a foto mais antiga de Andrade.

—E como fez a ligação com o orfanato? — Peggy perguntou ao gênio dos Karas Que indicou com o dedo -

—Mais ao fundo é possível ver um garoto com as mesmas roupas que Andrade. Claro, eles estão em ângulos diferentes, mas alguns detalhes conversam entre si.

—Entendo. Então, Andrade cresceu em um... Orfanato? - Chumbinho realizava aos poucos o quão triste e solitária a infância do amigo detetive poderia ter sido.

Crânio assentiu com a cabeça.

—Andrade de fato não possuía família. Muito provavelmente ele foi um filho de mãe solteira... muito pobre... E que por ironia do destino, sobreviveu ao parto.

Os Karas | Cigarros & Moscow Mule.Onde histórias criam vida. Descubra agora