14. Território desconhecido.

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Uma narração de jogo de futebol tornava no ambiente menos pesado. A casa estava toda revirada. Nenhum canto foi esquecido. Esconder provas era algo que o Dr. Q.I ensinará muito bem a seus subordinados. Este, em especial, tinha feições e um gênio mais explosivo. Quase um metro e noventa de altura, pouco grau de instrução... Q.I o recrutou por precaução. Era mais inteligente ter ele a seu lado, mesmo nunca vindo a utilizá-lo em tarefas de fato...

...Bem, era isso que o gênio do crime pensou, mas a realidade agora era outra. Q.I já não possuía o benefício da escolha. O número de pessoas que o queriam morto era muito maior do que os convertidos a sua causa. O gigante abobado também fora útil para ele em outros assuntos. Ele aceitou o pedido de Dr. Q.I que levasse a sua irmã até a penitenciária de Segurança máxima. Q.I teve assim uma última noite de sexo dias antes de Miguel o visitar também.

Agora, o gigante precisava apenas esperar. Esperar ser pego, esperar Q.I dar sinal do próximo passo... o que viesse primeiro. Era sem dúvida algo valioso, mas o grande homem-músculo não entendia os termos daquele laudo. Só entenderá que era morte e de um famoso ex detetive. Um crime em São Paulo era acompanhado sempre pelo receio de se esbarrar com Andrade na outra esquina. Era lendária a história daquele homem. Mas, não existem alarmes bons quando um ladrão habilidoso quer algo.

Os pensamentos do gigante logo voltaram para o pior novamente. Sua imaginação era fértil como terra preta. Conseguia imaginar os policiais arrombando a entrada de seu esconderijo e apontando seus rifles para seu rosto...

De repente, a porta do esconderijo fez um barulho. Era um chamado. Sem pensar duas vezes, pegou sua 9 mm, destravou-a e escondeu debaixo da longa camiseta que usava. Sorte. Era apenas uma vizinha pedindo seu carrinho de compras emprestado. O gigante inventa alguma desculpa e volta a trancar a porta, assustado, porém, com boa parte do seu ser pedindo por um pouco de ação.

•|•

Peggy levantou as sobrancelhas quando certo rapaz conhecido por Calú visivelmente cansado e com fome chegou ao hotel já à noite. Magri estava junto de Peggy. As belas mulheres acabaram de jantar e conversavam enquanto o carro da família de Magri não chegava. Magri olhou no relógio de pulso: Nove e vinte e três. O aviso de Nicolas sobre a missão do dia seguinte fora um dos assuntos do jantar das senhoritas.

E o desfile? -Peggy perguntou tomando um gole d'água -

Sai no meio. Alta moda é altamente "boring" sem você lá. - ele beija Peggy apaixonadamente e se volta para Magri a fim de abraçar a amiga -

—Então, o que você disse? - Magri perguntou para Calú se referindo à missão do dia seguinte -

Mais ou menos o que já havíamos decidido. Tornamo-nos pessoas públicas. Não podemos estar em atividade lá fora sem dar bandeira. Eu saio de um desfile hoje sem dizer onde fui. A tevê deve comentar isso em breve.

Calú se sentou mostrando-se de algum modo, abatido.

—Como está se sentindo..? - Peggy acariciou o seu rosto –

Ele suspirou fundo. Calú sentia-se de alguma forma impotente. Ele escolhera não se envolver no caso, mas, vendo aquilo tudo com olhos mais sóbrios, não poderiam nem se quisesse. Fitou o balcão de bebidas. A abstinência de álcool tinha gritado por trégua.

Suponho que isso passa depois... - Disse ele - não sei o que gostariam de escutar... Acho que não sou o homem mais otimista que conheço...

Os Karas | Cigarros & Moscow Mule.Onde histórias criam vida. Descubra agora