Capítulo Treze

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Entrei no banheiro e tranquei ele, procurei por meu bisturi que ficava no fundo do armário e não achei, e aí me lembrei que provavelmente eles o tiraram daqui. Mas que droga, eu sabia que era errado, mas eu precisava, de alguma maneira aquilo aliviava as minhas dores internas, mesmo não sendo bom, eu precisava, então eu fui a procura de algo que pudesse substituir o bisturi. Fui ao banheiro do andar de baixo e lá estava, achei uma lâmina dessas qualquer de fazer barba, a peguei, escondi no meu caso e fui de volta para o meu quarto. Tranquei-me novamente no banheiro e comecei a fazer os primeiros cortes, aquilo era errado, eu sei, mas era bom, enquanto eu me concentrava no sangue que escorria eu esquecia dos problemas, das dores que estava sentindo, por um momento eu podia ter paz.

Por fim me levantei, tomei um banho e fui para o closet, peguei meu pijama de unicórnio e após isso escondi a lâmina por ali, em um lugar que eu tinha certeza que ninguém acharia. Sair de lá, olhei no relógio e vi que já eram 23:30, precisava dormir, amanhã acordaria cedo.

Meu despertador novamente fez o seu trabalho, levantei mesmo sem querer e fui me arrumar. Coloquei a mesma roupa do dia anterior para ir ao colégio,nutrem ao invés do moleton na cintura eu o coloquei, precisava esconder os cortes da noite passada, e as pulseiras não faziam isso suficientemente. Desci e vi meu pai tomando café sozinho.

— Bom dia pai. - Falei dando um beijo na tua bochecha. - Cadê o Gustavo?

— Bom dia princesa. Hum... Acho que ele ainda está no quarto. Não o vi hoje, creio que se atrasou.

— Hum. Vou lá vê-lo. - Era estranho, ele sempre desvia antes de mim. Cheguei na porta do seu quarto e ela estava aberta então decidir entrar sem ao menos bater. Ele estava sentado na cama com as mãos no rosto e soluçando. Pera, ele estava chorando? - Gustavo? - Eu o chamei, mas ele não olhava para mim. Droga o que estava acontecendo? Me aproximei dele e sentei do seu lado. - Está tudo bem?

— Sai daqui Sophie porfavor. - Ele disse ainda sem me olhar. Me aproximei mais dele na cama. - Sério Sophie, me deixa em paz, sai daqui. Agora!

— Hey me conta o que aconteceu, eu sou sua irmã esqueceu? Por maior que seja os nossos problemas você pode se abrir comigo. - Eu insistia, não aguentava ver meu irmão naquele estado.

— SOPHIE, GUSTAVO, VOCÊS IRÃO SE ATRASAR. VAMOS LOGO. - Meu pai gritou do andar de baixo.

— Você vai? - Perguntei pro Gustavo que apenas balançou a cabeça negativamente. - Tudo bem, então vou avisar ao papai que não iremos hoje. - Ele olhou para mim, pela primeira vez naquele dia, e concordou.

Desci e falei com o meu pai que o Gustavo não estava se sentindo bem, que eu ficaria com ele, e depois de muito insistir em levar o Gustavo ao médico e me levar ao colégio eu consegui convencê-lo a nos deixar eu casa. Assim que ele saiu eu subir correndo para o quarto do Gustavo, entrei e agora ele estava deitado encarando o teto. Cocei a garganta para chamar a sua atenção, ele olhou para mim e voltou a olhar para o teto, então fui para o seu lado e deitei também. Ficamos assim, nesse silêncio, era bom, mas estava me matando, eu precisava saber o porque o Gustavo estava chorando, queria ajuda-lo.

— Porque em Sophie? - Ele virou-se para mim e eu fiquei sem entender.

— An? Porque o que?

— A lâmina que sumiu do banheiro de baixo, era minha. Eu procurei hoje de manhã e não achei, perguntei a papai e ele falou que não pegou. Só pode ter sido você Sophie, eu sei que foi você, mas porque hein? - Então era isso, droga, por isso ele estava chorando, por minha culpa.

— É que... É complicado Gustavo. Você não vai entender, ninguém nunca vai entender até passar pelo que eu passei. Mas eu não desejo isto a ninguém, eu não desejo que sofram o que eu estou sofrendo. Isso tudo dói Gustavo, eu já não sei mais como aliviar essa dor, antes eu lia, depois eu passei a ouvir música, depois passei a chorar constantemente, até que chegou ao ponto de nada mais adiantar, foi quando eu achei o bisturi da mamãe e fiz o primeiro corte, e caralho Gustavo, eu nunca achei que fosse bom, mas você não tem noção do quanto alivia. Parece doentio, eu sei, eu também acho que seja, mas essa está sendo a minha única escapatória para não enlouquecer de vez. - Eu falava enquanto fitava o teto, quando terminei os meus olhos já estavam marejados. Olhei para ele e ele me olhava sem nenhuma expressão. - Não sei se você entenderia. - Completei dando uma risada de lado.

— Realmente, eu não entenderei nunca Sophie. Mas você é minha irmã, me dói te ver assim, fazendo essas coisas, e o pior é saber que eu tenho culpa. Tudo por egoísmo meu. - Como assim egoísmo dele?

— Egoísmo seu? Como assim?

— Você nunca percebeu Sophie. Você é perfeita garota. Olha pra você, você é a melhor pessoa que alguém poderia querer se espelhar, você é a melhor filha que alguém poderia ter, ótima aluna, decidida, determinada, e tudo mais. Eu gostaria de ser você Sophie, acredite se quiser, eu queria ter toda essa sua determinação e confiança, eu queria ser o orgulho da mamãe e do papai como você é, eu queria saber me virar como você se vira nos seus problemas, sem descontar em ninguém, eu queria saber lidar com as coisas como você lidar, mesmo não sendo da maneira mais compreensível você enfrenta tudo sozinha. Você é forte Sophie. - Eu já chorava. Era difícil de acreditar no que eu estava ouvindo. Eu sempre tive o Gustavo como o meu exemplo, como o meu irmão mais velho, até mesmo o meu herói. Apesar de tudo eu nunca o deixei de ama-lo. - Hey, olha pra mim. - Fiz o que ele pediu. - Eu te amo Sophie, acredite, eu te amo demais, e me arrependo todos os dias por tudo o que te fiz. Sei que sou um péssimo irmão, um irmão que ninguém gostaria de ter, mas eu te amo Sophie. Me perdoa porfavor. - Nos dois já choravamos, eu simplesmente o abracei com todas as minhas forças, eu o amava de qualquer maneira, ele sempre foi o meu irmão.

— É claro que eu te perdôo, eu te amo Gustavo, mesmo com tudo você nunca deixou de ser o meu irmão, você sempre foi o meu irmão mais velho, aquele que eu sempre amei e amarei, aquele que eu dividir os melhores e até os piores momentos da minha vida. Não se fica se martirizando com isso, porque vai passar, eu sei que vai, tudo passa certo? Vai ficar tudo bem. - Falei o soltando e olhando para ele.

— Tá vendo aí, você sempre sendo forte, você é meu maior orgulho Sophie. - Ele disse rindo e me abraçando novamente. - Eu te amo. Desculpas tá. Prometo não ser esse escroto com você.

— Prometem mesmo?

— Só se você me prometer nunca mais se ferir fisicamente com essas coisas. - Ele disse já me olhando.

— É difícil. - Falei baixando a cabeça. - Mas eu prometo que vou tentar.

— Está ótimo assim. Eu vou te ajudar, pode ter certeza que você nunca mais precisará disso. - Falou me dando um beijo na testa. - Agora vamos descer para comer e assistir um filme, já que hoje temos o dia só nosso. - Disse rindo e me puxando para descer.

                            Notas Finais

* Capítulo revisado - mas possa ser que haja uma outra revisão futuramente ;) -
* Comentem o que acharam, e se gostaram dêem estrelinha.
* Lembrem-se que opiniões/críticas (construtivas) são importantes e serão sempre bem vindas.
*Capítulo dedicado a meninadodallas06

*Boa leitura unicórnios ❤*

A Nerd da Sala ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora