A Nerd da Sala ao Lado

Capítulo Quarenta e Seis

P.O.V Sophie
Acordei com o despertador tocando, eram 6:30, e eu não estava com a miníma vontade de ir para a escola, ficaria em casa maks uma vez, e dessa vez ficaria em casa mesmo, não quero que ocorra a mesma coisa de ontem.
Como não iria sair de casa hoje virei o lado e fiquei encarando a parede, pensando na vida.
Eu estou cansada de dar trabalho a todo mundo, até ao Harry eu já comecei a incomodar. Falando em Harry, ele estar muito mais cuidadoso comigo, ainda fala o básico, mas é percepitível a diferença, até foi no orfanato comigo e com o Gustavo, sem falar de ontem né?! Ele chegou lá ainda com o uniforme do time, e pelo jeito que estava ofegante acho até que chegou lá correndo. Olha só a que ponto essa minha doença chegou, ao ponto do Harry ir correndo me ajudar, eu sou uma inútil mesmo.

Ouço alguém batendo na porta, deve ser o Gustavo para me chamar, eu só fechei os olhos e fingi que estava dormindo.

— Hey, acorda. Sei que está acordada, você não consegue fingir que está dormindo Sophie, esqueceu disso? - O Gustavo diz se aproximando da cama.

— Droga! - Pego o travesseiro e jogo na cabeça, eu realmente não consigo fingir que estou dormindo, morro de vontade de rir.

— Não vai se arrumar? - Agora ele já está sentado na cama.

— Não vou hoje. - O som saiu abafado por conta do travesseiro no meu rosto.

— Como assim não vai hoje? - Ele tirou o travesseiro do meu rosto. - Você já não foi ontem, esqueceu?

— Eu não estou a fim de ir, Gustavo. Me deixa e vai logo.

— Não! Levanta logo e vai se arrumar.

— Eu não vou, Gustavo.

— O que está acontecendo hein? Você nunca foi de faltar aula, independente do que acontecesse.

— Quer saber em ordem alfabética o que está acontecendo?

— Quero saber se você vai mesmo se entregar assim. Que merda Sophie, eu sei o quanto é díficil, mas você não pode se render, tu tem que dar a volta por cila e ficando em casa, se escondendo do mundo não é a maneira que você irá combater isso!

— NÃO GUSTAVO, VOCÊ NÃO SABE O QUANTO É DÍFICIL, PORQUE NÃO É VOCÊ QUE ESTÁ PASSANDO POR ISSO, NO MÍNIMO VOCÊ PODE IMAGINAR COMO É, MAS VOCÊ NÃO TEM COMO SABER! - Me exaltei e sentei na cama berrando com ele, estou cansada de verdade, cansada de toda essa palhaçada, se eles realmente soubessem o quanto é díficil ter todas essas crises, se soubessem como é lutar contra a droga da depressão eles me deixariam ficar em casa para sempre, ou até dar um fim nisso.

— DROGA, SOPHIE, VOCÊ ACHA QUE TAMBÉM NÃO SOFRO COM ISSO? VOCÊ ACHA QUE A MAMÃE E O PAPAI TAMBÉM NÃO SENTE? NOSSAS VIDAS PASSARAM LITERALMENTE A GIRAR AO SEU REDOR, SOPHIE! TUDO QUE FAZEMOS ULTIMAMENTE É PENSANDO EM VOCÊ! NÃO CONSIGO MAIS ME CONCENTRAR EM UMA AULA SE QUER POIS SÓ FICO PENSANDO EM VOCÊ, ESPERANDO ALGUÉM PASSAR PELA PORTA ME CHAMANDO PARA TE ACALMAR. ENTÃO NÃO VEM DIZER QUE NÓS NÃO SENTIMOS, PORQUE ASSIM COMO VOCÊ NÓS TAMBÉM SOFREMOS COM ESSA MERDA TODA! - Eu já chorava horrores, ele estava certo, nínguem faz mais mada sem pensar em mim, todo mundo está fazendo tudo por mim, eu sou um peso pra todo mundo nessa casa.

— Que gritaria é essa aqui, posso saber? - Mamãe aparece na porta sendo seguida pelo papai

— Nada não, a Sophie não vai pro colégio hoje, de novo. - O Gustavo disse saindo do quarto e passando por eles.

— Que história é essa Sophie? Por que não irá hoje? - Foi a vez de meu pai se pronunciar.

— Não estou a fim de ir. - Disse baixo e tentando controlar as lágrimas que caiam.