Paciência

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Restando poucos minutos para o restaurante ser aberto, Thiago me pede:

-Por favor Kris, coloque esses dois arranjos de flores naquelas mesas próximas à porta!

Ele aponta as mesas e eu vou até o balcão para pegar os vasos com a flores. Quando seguro os vasos, atrás de mim, uma mão estranha toca minha cintura. Sei que não é Theo pois, eu reconheceria seu toque.
Viro-me para tentar ver de quem se trata porém, as flores bloqueiam minha visão. Apenas ouço-o dizer:

-Ei princesa, pode deixar que eu te ajudo!

É Marcus. Digo, enfaticamente:

-Tira as mãos de mim! Obrigado mas, não preciso de ajuda e só gosto de ser chamada pelo meu nome!

-Calma, eu só vim oferecer ajuda!

Ao dizer isso, Marcus toca meu braço direito e, exatamente nessa hora, Theo sai de sua sala e vê a cena. Num tom de voz bem alto, ele indaga:

-O que é isso Marcus?!

Marcus se afasta de mim e se cala. Theo se posiciona na minha frente e, num tom de voz elevado, diz:

-Lembra do que eu falei na hora que você foi contratado Marcus? Fica longe dela, não toca nela e não incomoda ela!

Marcus permanece calado e eu imagino que seja por falta de razão e argumentos. Theo respira fundo e conclui dizendo:

-Ela é minha namorada! Não quero você perto dela! E, você, como homem, deveria saber respeitar uma mulher! Isso não vai se repetir está me ouvindo?! Porque, se isso acontecer novamente, não queira imaginar do que eu serei capaz.

Marcus me fuzila com os olhos e se afasta bruscamente de nós dois. Theo me olha com ternura e acaricia meus cabelos. Ele diz:

-Eu sinto muito por isso.

-Está tudo bem, ele só queria bancar o garotão.

Internamente, duvido do que eu mesma acabei de dizer. Qual é a desse cara?

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Deitada na rede junto com Theo, aos fundos de sua casa, aconchego-me ao seu corpo. Digo:

-Sabe, eu sonho todos os dias que nós dois poderemos ter uma vida juntos sem essa questão sobre aonde vou ficar.

Theo diz:

-Sonhos precisam ser vividos, Kris. Nós vamos viver o nosso.

Sorrio diante de sua confiança no entanto, minhas dúvidas não desaparecem. Indago:

-E o que eu vou fazer para podermos viver juntos? Abandonar minha família em Belta?

-Kris, você precisa ser paciente. Por enquanto, você não pode voltar para lá porque a guerra não acabou. Só com tempo você vai decidir isso. Não fique ansiosa agora por isso.

-Tem razão. Mas quando chegar a hora de decidir, vamos decidir juntos. Não quero fazer algo que te magoe e nunca quero ficar longe de você! Eu amo você!

-Eu também te amo e não se preocupe porque eu não vou viver minha vida sem você.

O medo do que está por vir, some e dá lugar ao que eu chamo de esperança.
Esperança de que, de alguma forma, tudo ficará bem.
Theo pergunta:

-Teria como me passar o número dos seus pais?

-Sim mas, por que?

Num tom risonho, ele responde:

-Ué Kris, talvez eu só queira conversar com os pais da mulher que eu amo.

-Ok, então vamos entrar e eu anoto no seu celular.

Então entramos e anoto o número dos meus pais na agenda do celular de Theo.

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Anoiteceu, estou no meu quarto. Rosalinda já adormeceu.
Deito-me e olho para os dois porta-retratos no meu criado-mudo. Numa foto, minha família. Na outra foto, eu e Theo.
É como se a vida estivesse cobrando uma decisão final da minha parte.
Uma decisão que eu não tenho.

Permanecer ou partirOnde histórias criam vida. Descubra agora