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Camila

Acordei bem antes do despertador. Puxei o celular de debaixo do travesseiro e quase fui cegada pela luz altamente exagerada. Xinguei. Ousei acionar a câmera frontal. Olhos avermelhados, cabelos quase em pé. Bufei. 

Três chamadas de Harry no skype, merda, esqueci completamente que havíamos combinado. Duas ligações  perdidas da minha mãe, nove mensagens de Normani, até que dessa vez ela não exagerou, certas vezes quando demoro para responder, ela chega a enviar cinquenta, palavra abaixo de palavra. 

E quatro mensagens de Ally, droga. Eu odeio  preocupar as pessoas, mas realmente precisei ficar sozinha. Certas vezes, o melhor a se fazer é deixar que milhares de pensamentos gritem até que percam a voz e finalmente se calem. Precisei admitir que foi real para aliviar a pressão.

Os minutos foram se passando e eu  continuei imóvel na cama feito um cadáver. Uma quase perfeita comparação já que minha cara não estava das melhores. Às seis horas, arrastei-me para o banheiro e escovei os dentes, evitando até prestar atenção na minha imagem acabada. Tomei um banho quente. 

"Quente" soava até gentil. Acho que se a água estivesse numa panela, estaria fervendo. Mas essa foi a única maneira que encontrei para me sentir consciente. Já limpa e enrolada numa mini toalha branca, decidi correr. Havia muita gente se exercitando no campus. Nunca fui muito atlética, mas qualquer coisa que me fizesse sentir viva seria bem-vinda. 

Já em casa, larguei as roupas suadas pelo chão do quarto e fui tomar outro banho. Não demorei, fiz tudo o que tinha que fazer e já estava pronta para sair. Comi qualquer coisa e joguei o caderno dentro da mochila. O som de notificação soou em meu celular, movi os olhos na direção da tela acesa.

"Mila, está tudo bem? Eu e Mani estamos preocupadas... Se você não responder  esta mensagem, ela vai derrubar a porta do seu apartamento." – Ally.

Devagar, massageei minhas têmporas que começaram a doer. Senti um calafrio subindo pelo corpo e logo reconheci a sensação. Corri para o banheiro do meu quarto e só tive o tempo de levantar a tampa da privada. Vomitei toda a  vitamina e provavelmente tudo o que havia comido no dia anterior também. Reuni o cabelo num nó bem no topo da cabeça e permaneci sentada no piso do banheiro. 

- Camila, se você não abrir esta porta, juro que vou arrombar! – gritou Normani. Levantei-me e lavei o rosto, escovando os dentes rapidamente. Caminhei até a sala e destranquei a porta.

- Meu Deus, Mila. Você está bem? – perguntou Ally, provavelmente assustada com minha aparência.

- Tô, só não me sinto muito bem. – respondi, ainda me sentindo mole.

- E o que aconteceu com você ontem? – Perguntou Normani, após me analisar.

- É que... Passei mal quando cheguei da biblioteca e decidi ir dormir. - expliquei quando elas entraram.

- Sei... – disse Normani, a qual sempre sabia quando eu não dizia a verdade.

- Mas você se sente bem o bastante para ir assistir a palestra conosco? – perguntou Ally.

- Claro. Eu só vou pegar minha mochila. – garanti.

- Mila, você tem certeza de que não quer ir ao médico? Pode ser algo grave. – Porcaria. Ally estava tão preocupada comigo.

- Garanto, pequena. Só foi o meu estômago mesmo. Você sabe como ele é fresco.

- Dinah disse que te viu correndo hoje cedo, mas não botei muita fé. A verdadeira Camila jamais andaria acima de meio quilômetro por hora. – disse Normani com uma expressão engraçada, reconheço, ela estava se esforçando para me fazer sentir melhor e só os céus sabem da minha gratidão por ter essas duas na minha vida.

Gostos Peculiares - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora