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Lauren

Ambas as cópias do nosso contrato estavam sobre a mesa, restava apenas ela assinar. Camila relia os termos atentamente, esperei pacientemente, observando suas expressões, bem como as mãos levemente trêmulas. Ela pode ainda não conseguir se expor, falar diretamente o que pensa e deseja, mas sei que ela tem grandes expectativas nisso. Reconheço o quanto ela está se permitindo para tentar algo que jamais pensou em tentar. Submeter-se a alguém na forma de uma relação BDSM não é pouca coisa, ainda que a relação seja de apenas um único encontro, a troca de sensações é intensa, é algo que marca. 

Camila assina e me olha com expectativa. 

- Espere aqui, tenho um presente pra você. - digo e me retiro. Vou até meu quarto e pego a caixa de veludo vermelho. Volto para a sala, ganhando seu olhar curioso. - É sua. - digo, entregando. Devagar, Camila abre a caixa e ergue as sobrancelhas lentamente, pegando o objeto. 

- Uma coleira... - diz ela, analisando atentamente. Vejo seu indicador deslizando devagar, percorrendo as pequenas pedras brilhantes que enfeitam de forma minimalista a coleira de couro preto. 

- Falamos a respeito, uma coleira indica que a submissa possui um dono. - explico.

- Só vamos fazer isso de forma particular, não vejo sentido em reafirmar tal... circunstância. - Camila faz uma pausa, erguendo o olhar em minha direção para completar. 

- Trata-se de um fato. Você me pertence. - digo com firmeza, vendo ela passar a mão pela nuca em nervosismo. Respiro devagar, devo ter uma dose redobrada de paciência com ela, não quero assustá-la ou provocar algo que a faça recuar. - Isso não é um namoro, mas é uma relação de exclusividade, você não pode ter outra dominadora, não aceito isso. A possessividade é ínsita, ela existe nas sessões, não há outra palavra para definir. Você não precisa usar fora daqui, apenas comigo. - explico. Ela assente devagar, voltando a deslizar os dedos sobre a coleira. 

- Sabe, isso parece uma aliança pra mim. 

- É uma boa forma de se pensar. - concordo. 

- Mas nada justa, já que apenas eu te devo fidelidade. - Camila aponta. 

- Dominadoras não costumam ser monogâmicas. Mas, se serve de consolo, atualmente tenho apenas você como submissa. 

- Mas pode arranjar outra. - ela fala. 

- Posso, você tem razão. Mas você me satisfaz. - digo.

- Satisfaço, é? Como sabe se ainda nem começamos? - provocante, Camila pergunta, fazendo-me sorrir. Ousada. Aproximo-me, devagar, levo as mãos aos seus cabelos soltos e começo a reuni-los, enrolando calmamente numa das mãos até o limite, momento em que fecho a mão em torno e puxo um pouco para trás, forçando para que incline. Camila fecha os olhos e respira fundo. 

- Quem disse que não começamos? - em tom baixo, questiono. Ela abre os olhos. Estamos próximas o bastante para que sinta sua respiração descompassada. Ela tem uma língua afiada, na maioria das vezes fala a primeira coisa que vem na mente, preciso corrigir isso nela, não sou a favor de punições gratuitas, mas não irei tolerar gracinhas. - Quero que diga quem é a sua senhora. 

- É a senhora. - após uns segundos, ela responde, encarando minha boca. 

- Isso mesmo, sou eu. Sou a dona do seu prazer a partir de agora, você quer ser uma boa menina pra mim, não quer, Camz? - pergunto, aliviando o nó em minha mão, mas apenas para entranhar os dedos de ambas as mãos por suas mechas macias. Não foi nada difícil notar a sensibilidade que ela tem aqui, ela sempre fecha os olhos e respira fundo, umedecendo os lábios. 

Gostos Peculiares - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora