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Camila

- Oi, papa. Como o senhor está? - pergunto, ao atender sua ligação. 

- Por aqui está tudo bem, sua mãe está mandando um abraço. - ele diz. 

- Mando vários outros. Estou morrendo de saudade, o senhor não tem noção. - digo, sentindo o quanto a distância pode doer. 

- Eu também. Não é nada fácil ficar longe da minha filha. Céus, nem parece que você já está crescida e agora tem uma vida longe de mim, devia ser proibido que os filhos crescessem. - ele diz, me fazendo sorrir. 

- Te amo pra sempre. - digo.

- Amo você, minha filha. 

- Pai, tem algo que preciso contar. - digo, sentindo o tique nervoso na perna. 

- Pelo amor de Deus, você não está grávida, não é? 

- Não! Pai, claro que não! - trato de dizer.

- Ufa... Então o que é? - ele pergunta, fazendo graça. 

- Harry e eu terminamos. 

- Ah... É isso. 

- O senhor já sabia? - pergunto, porém não muito surpresa. 

- Ele veio falar comigo e com sua mãe há alguns dias.  

- Claro que foi. - digo, enquanto nego com a cabeça e passo os dedos pelo cabelo, colocando-o para trás. 

- Esse menino não é normal. Ele é obcecado por você e isso não é saudável pra você, já falamos sobre isso. - meu pai diz, posso sentir o alerta em seu tom. 

- Eu sei. Agora eu sei. Desculpe não ter te ouvido antes. Hoje posso enxergar tudo claramente. 

- É bom ouvir isso. Olha filha, tem relacionamentos que não foram feitos para durar. Algumas pessoas são melhores separadas e se ele gosta verdadeiramente de você, vai entender e não irá insistir. 

- Espero. - digo mais para mim mesma do que para o meu pai. 

- Você sabe que pode me falar tudo, não sabe? Se ele tentar alguma- 

- Eu sei. - interrompo sua fala. - O senhor é o meu melhor amigo. Não vou te esconder nada, prometo. Ele pediu para voltar, pedi um tempo. Realmente não consigo mais ver futuro, é melhor terminar de uma vez. Não quero ficar segurando ninguém. - explico. 

- É o melhor a se fazer, minha filha. 

Finalizo a ligação após mais uns minutos de conversa. 

Não passa das 10h da manhã. Encontro com as meninas no térreo para irmos juntas ver as duas aulas de economia que nos prenderão até às 13h. 

- Meninas, vocês... - começo, mas travo. Começamos a subir as escadas do prédio onde ocorre todas as aulas do curso de direito. 

- Você está fazendo aquela cara de novo. - Normani diz. 

- Vocês acham que estou sendo ingrata por terminar um namoro tão longo? Será mesmo que um tempo não resolveria isso? - finalmente pergunto. 

- Não é questão de ingratidão. Até casamentos e amizades de anos acabam esfriando, quando uma coisa não é para ser, simplesmente não é. Eu penso assim. - Ally falou. Assenti. 

- E outra, vocês começaram a namorar cedo demais. Vocês tinham 14 anos, quatro anos nisso já. Mila, você nunca conheceu outras pessoas, sempre esteve presa nesse namoro. É normal que esfrie, Ally está certa. Principalmente se ele foi um escroto. Olha, não sou a maior fã dele, mas amiga, já deu o que tinha que dar, o mundo não se resume a isso. - Normani se posiciona. 

Gostos Peculiares - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora