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Lauren

Coloquei uma roupa de dormir leve e penteei o cabelo, revirei os olhos ao ver a notificação na tela do meu celular e coloquei no modo avião. Estava completamente sem saco. Algumas coisas já não pareciam tão interessantes, assim como certas pessoas. 

Vinquei as sobrancelhas ao me dar conta do meu momento atual. 

A necessidade de sexo não estava me machucando, minha mente estava completamente focada no agora, concentrada em deixá-la confortável e segura de si e das coisas ao seu redor. 

Parei na entrada do quarto dela. 

Camila tinha uma das pernas sobre a cama, aplicava um creme de cheiro agradável e confortante. Ela fechou o tubo e me olhou sem muito jeito. 

- Basta dizer que quer dormir sozinha e irei embora. - falei. Ela olhou para a cama por uns instantes. 

- Gostaria que ficasse, eu ainda... 

- Você ainda quer ver meus olhos da cor do caribe antes de dormir, já entendi. - falo, me aproximando. Ela ri de modo ensaiado e rodeia a cama para ocupar o outro lado. 

- Sua confiança beira o narcisismo. 

- E o que é que tem? Não gosta de mulheres confiantes? - pergunto, já acomodada.

- Metade das suas frases são ambíguas. - virada mim, Camila fala. 

- Tem razão. - falo e respiro fundo em seguida. 

- Gostaria que fosse direta comigo. - o tom dela é calmo, ela mantém o olhar no meu.

- Você já beijou uma mulher? - pergunto. 

- Não. 

- Que tipo de mulher você beijaria? - questiono. 

- Uma que tenha lábios. - Camila responde. 

- Nossa, sério? 

- Aham. E que também tenha dentes. Cabelo, duas pernas, unhas, pescoço, umbigo. 

Ouço ela dizer. Parece uma conversa cheia de perguntas bobas. E é. 

- Por que eu esqueço das coisas quando estou com você? - pergunto, mais para mim mesma do que para ela. Camila ergue as sobrancelhas lentamente em surpresa. 

- Que tipo de coisa? 

- Tipo tudo o que está além de nós duas. - respondo. 

- Bem... Não sei o que dizer e sua sinceridade profunda me assusta. 

- Disse para que eu fosse direta. - falo. 

Camila

Duas semanas se passaram. 

A sensação de perseguição ainda estava presente, mas não tão intensa quanto nos primeiros dias. Consigo assistir às aulas normalmente, mas não ando mais sozinha. Lauren continua dormindo comigo. Essa última parte meio que se tornou um costume. Conseguiria deixar a porta do quarto aberta e a luz apagada para dormir, mas continuei lhe dando sinal positivo para deitar ao meu lado. 

Depois de um tempo, você meio que aprende a lidar com as frases dúbias e sorrisos safados dela. Até que me distrai bancar a desentendida. É engraçado. 

Achava ela uma bela de uma escrota sem filtro, mas... É agradável a sensação de tê-la por perto. Sabe, nunca vou esquecer da forma como ela ficou do meu lado. Talvez essa seja minha forma de agradecer, baixando um pouco dos meus muros. 

No meio da semana, voltei para o apartamento cedo. Estava na cozinha quando um som meio longe começou a chamar minha atenção. Parecia um celular vibrando com algo por cima, o som era abafado. Comecei a procurar pela casa e acabei parando na porta do quarto de Lauren. Estava entreaberta. Empurrei devagar. Entrei e acabei parando na frente da mesinha de canto. Hesitei. Sabia que não era nada correto invadir a privacidade dela assim. 

Gostos Peculiares - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora