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ARIEL

- Fala sério, Pedro! Dirigir o carro dos meus pais ainda é o cúmulo! - Disse irritada para meu amigo enquanto eu dirigia um fusca de mil novecentos e bolinha. Ele segurava o riso e isso fazia com que eu ficasse ainda mais irritada.

- Definitivamente você é uma reclamona nata. - Pedro sorriu. - Graças a seus pais emprestarem o carro que não me atraso para o trabalho após a escola e não andamos mais de ônibus.

- Eu sei que eu não deveria ser mal agradecida, porém preciso enfatizar meu desgosto para eles comprarem um carro no meu aniversário de dezoito anos. - Tentei ficar concentrada na estrada a caminho da lanchonete que ele trabalha. - E você será inteiramente beneficiado, posso lhe emprestar para conseguir alguma garota. Está mais do que na hora. - Provoquei.

- Estou ocupado demais me concentrando na minha banda. Quando eu ficar famoso ficarei com quem eu quiser e não essas caipiras do bairro.

- Nem caipira você está conseguindo, me poupe. E a propósito: sua banda perdeu o respeito com o nome inusitado que deu.

- Le Gume é criativo e não inusitado, gatinha. - Piscou e eu sorrir.

Eu e Pedro somos amigos desde a infância. O sonho dele é ser um típico astro do rock, mas nunca conseguiu nem ser um "bad boy" do colégio, pelo ao contrário, eu sempre o ajudei e dei conselhos amorosos apesar de eu mesma não segui-los. Eu não era muito diferente, afinal, eu era tímida, só tenho ele de amigo e sempre preferi assim. Minha notas razoáveis. Até que, diga-se de passagem, minha vida era ótima. Meus pais se amavam e sempre refletiam seu amor para mim, sua única filha.

- Vamos aproveitar que é sexta e terminamos o trabalho hoje para ficarmos livres no final de semana.

- Já ia me esquecendo. Vou para sua casa então. - Respondi. - Vou pedir minha mãe se eu posso dormir lá.

Deixei o Pedro no trabalho e me despedi. Fui direto para casa, estava com uma fome medonha.

Quando eu cheguei em casa me surpreendi que meu pai tinha chego cedo do trabalho. Ele estava com um semblante sério e preocupado.

- Oi pai - Plantei um beijo em sua careca, seu semblante mudou e ficou um pouco mais leve. - Aconteceu alguma coisa? - Indaguei.

Minha mãe juntou-se a nós e lhe dei um beijo cumprimentando-a.

- Minha pequena sereia - Papai me chamava assim carinhosamente desde pequena menção de uma princesa de um clássico da Disney. - Temos um assunto a tratar hoje a noite e preciso que você não esteja presente.

- Isso não será problema, eu iria justamente dizer que vou na casa do Pedro fazer um trabalho e eu iria aproveitar para dormir lá.

- A mãe dele sabe? Ela vai estar lá? - Minha mãe se pronunciou pela primeira vez, 'indiretamente' se eu iria ficar sozinha com ele. Apesar de o conhecer a muito tempo, ela achava que tínhamos algum tipo de relacionamento não revelado.

- Sim, mãe - Menti - Ele trabalha e só sai as sete, então como podia ser muito tarde para voltar sozinha, foi só uma ideia. Se preferir pode me buscar.

- Vamos deixar você ir por confiarmos em você. Mas se por acaso acontecer alguma coisa tenha responsabilidade - Meu pai se pronunciou dando um leve sorriso ainda com seu olhar triste.

- Me desculpa perguntar...o que está acontecendo? Quem vai vir em plena sexta aqui?

- Prefiro que não saiba agora. Prometo te contar depois. - Minha mãe respondeu acariciando meus cabelos e dando um beijo em minha têmpora. - Agora suba e vai tomar seu banho, depois desça para almoçar.

Assenti e fiz o que ela disse. Fiquei pensando sobre todo esse mistério. Meus pais sempre ficavam de cochicho, vira e mexe recebem telefones estranhos e eram extremamente misteriosos. São ótimos pais, de fato, porém aquilo aguçava cada vez mais minha curiosidade.

Vigésimo QuintoOnde histórias criam vida. Descubra agora