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ARIEL

– Oh! não se acanhe com minha presença minha jovem – Ele ficou com sorriso estampado no rosto – Estou surpreso que estou vivo para ver a 'garota da profecia'.

 –  E eu mais surpresa ainda...– Disse mais para mim mesma do que para ele.

  – Veja bem, eu sou considerado o feiticeiro mais poderoso de Quemésia e você descendente da feiticeira mais poderosa que já existiu, irônico não é mesmo? – Eu ia me pronunciar porém ele levantou o dedo me impedindo e continuou – Eu irei ajudar você, não vou mentir, meu tempo é extremamente curto mas eu preciso de um favor e obviamente de uma aliada. Em troca, vou te ajudar a dominar seus poderes e investigar quem assassinou seus pais.

Arregalei meus olhos com sua proposta. Como vou ajudar o tal feiticeiro mais poderoso? E que tipo de favor farei a esse homem? Por ele ser poderoso ele pode realmente localizar o assassino dos meus pais mais rápido possível.

 – E que tipo de favor seria? – Arqueio as sobrancelhas.

– Meu filho está desaparecido e preciso de alguém que tenha tamanho poder juntamente com o meu pai localizá-lo. Já tentei pedir a algumas bruxas e nada... talvez você consiga me ajudar. –  Disse por fim, me encarando aguardando minha resposta.

– Farei o possível, mas já adianto que em relação a magia nunca veio nada que possa demonstrar que sou algum tipo de feiticeira ou bruxa, sei lá... – Disse um pouco me enrolando com as palavras.

  – Talvez. –  Começou a andar em volta da sala de um lado para o outro com uma expressão pensativa – A noite que seus pais morreram fiquei sabendo que estava internada, porque?

Sou obrigada a falar coisas para um desconhecido. Tento me segurar para não revirar os olhos.

– Minha cabeça parecia que ia explodir.– Suspirei– Tive que ir para o hospital.

 – Justamente na hora que seus pais foram assassinados. Li o laudo todo Ariel, tanto do hospital quando do policial. Fui no necrotério ver conversar com o legista e fazendo comparações de certa forma você pressentiu o que estava acontecendo e acabou tendo essa reação já que não teve treinamento desde criança para quando algo assim acontecer. Sei que não pediu nada disso mas é um mal necessário.

Engoli em seco com suas palavras. Fazia sentido o que o homem me falava.

 – E o diário, você leu? – Ele perguntou tirando dos meus devaneios.

–  Algumas partes sim. Outras não faziam sentido.

 – Pois bem. Vou começar a te ensinar alguns truques fáceis que feiticeiros quando criança aprendem e dizer toda nossa história para você. Só que, você está no meio de lobisomens então não pode contar o que te direi daqui para frente, combinado? – Ele sorriu chegando próximo ao meu ouvido – ...e até agora não entendo o porque de Olívia querer que fique com um bando de cães.– Sussurrou em seguida fazendo cara de nojo.

 – Não gosta deles?

  – Suportamos um ao outro, por assim dizer.  Vamos começar?– Deu um sorriso.

Eu assenti e ele estalou os dedos fazendo aparecer um livro grosso e abriu explicando que ficava alguns feitiços e como cada um funcionava. Mostrou alguns feitiços simples e algumas palavras que eu deveria dizer em latim dependendo do que seja. Passamos o decorrer da tarde assim porém não conseguia me concentrar por completo, era muita informação e cada vez mais via Nicolau perder a paciência comigo.

**********

TOBIAS

 Deixar Ariel sozinha com Nicolau era algo que me preocupava. Ao seguir meu pai até o escritório em silêncio fiquei pensando se realmente ela estava preparada para aquilo e metade de mim eu torcia para que sim e esse pesadelo acabar. Outra parte entendia que talvez ela não conseguiria por tudo que sofreu e ela ir pelo mesmo caminho que eu pelo que aconteceu com minha mãe e acabei descontando a raiva querendo vingança e com minha idade ser impotente para isso além de ser fraco. Talvez ter seguido o conselho do meu pai para esperar um pouco mais para lhe contar sobre quem ela realmente é seria sábio, afinal.

Ainda tenho pesadelos e nunca iria desistir de procurar o desgraçado. É por isso que eu queira ser o alfa. Ter todo esse poder sobre uma alcateia iria me ajudar na investigação e minha força dobrará. A tristeza da perda para alguns faz ficar mais fortes, para outros se fecharem para sempre. Talvez eu seja um pouco dos dois, tenho medo de amar e perder assim como meu pai perdeu e acabou se fechando para todos ao redor se concentrando apenas na alcateia e tirando o foco até dos próprios filhos. Vejo o pesar todas as vezes que olho em seus olhos através de sua expressão com seriedade.

  – O que tanto pensa, Tobias? – Ouço meu pai dizer após entrarmos em seu escritório.

– Acha uma boa ideia de Nicolau está aqui? Sabe que ele é uma pessoa...difícil. – Disse por fim.

– Quem mais eu poderia chamar? Ela não tem como ficar sem saber o propósito disso tudo e o primeiro passo de entregar o livro a garota já foi dado, só que ela não vai conseguir sozinha.

  – Faça o que achar melhor, já tentei te convencer do contrário e o senhor não quis. – Dei um sorriso irônico – Vou buscar o carro da garota na cidade enquanto ela está com o feiticeiro distraída.

– Tudo bem. – Disse começando a mexer distraído em seu computador sem olhar para mim. Rir pelo nariz e me retirei.

Segui até o quarto a procura da chave da lata velha da bruxinha. Precisava traze-lo antes dela começar a me cobrar aquela coisa cor de rosa. Bufei indo até o ponto de ônibus.

Entrei sem nenhum problema no estacionamento da escola. Vi alguns alunos distraído adentrando e o carro da garota ainda estava no mesmo local e agradeci mentalmente de não ter nenhum problema para pegá-lo. Olhei o carro com desdém.

– É meu amigo, parece que vou pagar um mico em dirigir um carro rosa até em casa. – Revirei os olhos, entrando no carro.

Sai o mais rápido possível dali e fiquei em um pequeno engarrafamento mais a frente da escola um pouco antes da rodovia principal. Fiquei olhando distraidamente quando algo na calçada me chamou atenção. Olhei atentamente e vi o desgraçado com sua pose em um banco lendo um jornal totalmente aéreo ao seu redor. Era ele, eu tinha certeza. O líder dos vampiros do estado todo. O que será que ele faz aqui justamente na cidade que a Ariel morava? Isso estava extremamente suspeito porém não tinha como abordá-lo. Pego meu celular e tiro algumas fotos para levar até o meu pai. Ouvi buzinas chamando a minha atenção e tive que seguir meu caminho.

Disco em meu celular o número do meu pai. Sem sucesso. Logo após o de Diego que me atende no segundo toque.

Tobias?

Vá imediatamente lá em casa. Tenho uma pista sobre a investigação da garota. Não consegui ligar para o meu pai, avise-o por favor. – Desligo sem esperar por sua resposta.

 Não demorou muito e sai do engarrafamento e comecei acelerar em direção a minha casa. Precisava amostrar o mais rápido possível. Era nossa melhor pista até agora dando quase certeza que quem está por trás do assassinato é o vampiro.

Vigésimo QuintoOnde histórias criam vida. Descubra agora