ARIEL
Fiquei encarando-o e resolvi tentar raciocinar. Precisava entender o motivo de Pedro ter feito isso. Foi por medo? Para chamar minha atenção? Eu nunca percebi nenhum tipo de afeto além da nossa amizade, ou pelo menos não prestei a devida atenção quanto à isso. Ele afastou nossos rostos e ficou me encarando esperando algum tipo de atitude. Soltei o ar que nem sabia que estava segurando e comecei a falar.
- Porque fez isso?
- Minha mãe tomou atitude depois de alguns anos de conhecer alguém. Se sentiu liberta, sabe? - Ficou encarando suas mãos entrelaçadas e continuou a falar em seguida - Ariel...eu estou apaixonado por você faz muito tempo. Vamos terminar o colegial, cada um vai para um canto e você nunca ia saber...você tem o direito de saber e eu precisava tentar. Infelizmente não tive a presença de um homem para pedir conselhos, saber o jeito certo de dizer isso. Desculpa por ter te beijado.Não quero que nossa amizade acabe.
Eu nunca tinha pensado em Pedro desse jeito, na verdade, nunca prestei atenção muito sobre sua aparência mesmo depois de anos de amizade. Permitir à mim mesma encarar e observar suas feições. Seus olhos castanhos me olhavam com súplica alguma resposta enquanto percorria cada detalhe do seu rosto. De fato ele era muito bonito, seu porte normal. Não queria criar expectativas falsas tanto para mim e principalmente para ele, mas eu não sabia se deveria dá uma chance no qual poderia dá certo ou muito errado por nunca mais termos nossa amizade,
- Me dê um fora logo, Ariel. Melhor do que seu silêncio. - Chegou próximo à mim novamente segurando meu rosto.
Dei um beijo leve em seus lábios e afastei minha cabeça suavemente segurando seus cabelos. Ele rapidamente colou nossos lábios novamente abrindo espaço para um beijo suave e percorrendo sua língua por cada centímetro de sua boca. Não senti desejo ou as tais borboletas no estômago - na verdade nunca senti - é como se minha curiosidade e evaporasse a cada movimento de nossas línguas. Tudo foi se intensificando e Pedro me beijava com mais e mais desejo como se sua vida dependesse disso. Não sei por quanto tempo ficamos nos beijando enquanto eu mesmo não me concentrar no que eu estava fazendo. Ele foi fazendo uma trilha de beijos até meu pescoço e começou a chu.par e beijar me trazendo algumas sensações boas desconhecidas. Sua língua era quente sobre meu pescoço e deslizei minhas mãos até suas costas e apertando-o deixando escapar um gemido baixo e pude senti-lo sorrir. Eu nunca permitir ninguém me tocar daquela forma, mas eu estava gostando.
- Não pensava que sua atitude fosse tão positiva. - Disse quase em um sussurro na minha orelha mordiscando-a levemente. - Você não faz ideia de quanto estou feliz. - Dei um leve sorriso e preferi não conversar sobre isso no momento. Ele me beijou novamente dessa vez mais veroz.
De repente eu comecei a sentir uma dor terrível de cabeça que começou a latejar e estava ficando insuportável. Eu me afastei rapidamente de Pedro saindo da cama e agachei no chão, ele me olhou confuso enquanto eu sentia uma dor inexplicável como se tivessem esmagado meu cérebro. Eu não sabia o que fazer e comecei a soltar gemidos abafados tentando conter um grito.
- P-p-edro, minha cabeça dói muito - Balbuciei
- Vamos para o hospital - Disse em tom preocupado e me erguendo, segurando minha mochila e colocando-a no ombro oposto que me segurava.
Coloquei minhas mãos sobre seu ombro me apoiando e seguimos até as escadas. Cada passo minha cabeça lateja e eu não entendia porque isso estava acontecendo. Seguimos até o carro de sua mãe e na parte do carona da frente encostada e tentando relaxar, mas estava sendo impossível.
Pedro dirigia desesperado. Apesar de não ter carteira ainda por falta de condições financeira, eu tinha o ensinado nas horas vagas. Não demorou muito para chegarmos ao hospital que ficava a sete quarteirões de sua casa.
- Fique no carro enquanto peço alguma cadeira de rodas para você.
Não consegui responder, apenas dei um gemido de dor. Saiu desesperado para dentro do hospital. O tempo que fiquei sozinha peguei minha mochila no banco detrás e coloquei de forma desajeitada nos meus ombros para caso pedir algum documento poderia achar mais facilmente.
Parecia uma eternidade até um enfermeiro vir com Pedro trazendo a cadeira de rodas pegando a mochila do meu colo. Sai com dificuldades do carro torcendo para aquela dor acabasse de uma vez.
Dentro do hospital dois enfermeiros me colocaram na maca e Pedro foi relatando tudo ao médico que estava ao lado. Não consegui ouvir mais nenhuma palavra, só conseguia me concentrar no latejar da minha cabeça que piorava a cada segundo que passava. Senti uma picada no meu braço, olhei de soslaio e vi uma injeção, não demorou muito e tudo estava ficando escuro até que não vi mais nada.
Apaguei.
***
Minhas pálpebras estavam pesadas e incomodada por conta da claridade. Não sabia quanto tempo eu havia dormido e comecei a ficar preocupada com meus pais. Minha mãe irá arrancar os cabelos quando souber que eu estou internada, se ela já não sabe e ambos estarem morrendo de preocupação. Olhei para o estofado ao lado e não avistei Pedro, bem provável dele ter ido para casa se de fato fiquei por muito tempo adormecida.
Não demorou muito quando um senhor nos seus cinquenta e poucos todo de branco e jaleco entrou no meu quarto observando sua prancheta em mãos. Ao me ver acordada ele sorriu.
- Senhorita Reed? - Disse.
- Sim, Ariel Müller Reed - Confirmei.
- Sou o neurologista Montenegro. Como se sente? - Aproximou-se de mim olhando em meus olhos.
- Estou melhor. Nunca aconteceu isso antes comigo, teve alguma alteração nos exames? - Disse receosa.
- Na verdade... - Ele correu seus olhos até a prancheta e suspirou encarando-me novamente. - Fiz todos os exames possíveis e nada foi encontrado. Acredito que seja psicológico, talvez algum estresse ou preocupação, algum esforço que tenha feito. De qualquer forma irei passar alguns calmantes para você assim que receber alta.
- Eu... - Engoli em seco, lembrando que estava sim preocupada com meus pais por conta da conversa com alguém misterioso - Acho que deva ser psicológico, então.
- Sim, entendo. Você tem apenas dezessete anos, é jovem, só tem que se preocupar com seus estudos no momento. Aconselho a algumas visitas no psicólogo para não haver risco de agravar a situação futuramente.
- Quanto tempo eu dormir? - Disse cortando o assunto bruscamente.
- Você chegou ontem antes da meia noite e são exatamente - Olhou seu relógio de pulso - 14:15. Vai ter alta amanhã, descanse um pouco enquanto tento contatar seu responsável.
Ouvi batidas na porta do quarto e uma enfermeira abriu de forma afobada, sua aparência mostrava ser nova, negra com tranças de nagô presa em um coque.
- Doutor, tem dois policiais aqui querendo falar com a paciente - Disse apressadamente - Ela tem condições de receber visita? Disseram que é importante.
Arqueei minhas sobrancelhas estranhando aquela situação. Talvez eles pensassem que aconteceu algum atentado comigo ou algo do tipo.
- Pode entrar. Mas fique na porta da sala e me chame se ocorrer algum problema.
Dr Montenegro saiu rapidamente do quarto e a enfermeira deu passagem para dois policiais adentrarem. Uma mulher e um homem. Estavam sérios e segurava algumas folhas em suas mãos e retiraram a caneta de seus bolsos. Foram em direção da minha cama em passos lentos e a enfermeira fechou a porta me deixando na presença dos dois. Os olhei atentamente ansiosa para responder suas perguntas de rotina.
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Vigésimo Quinto
Mystery / ThrillerAriel é uma menina nos seus dezessete anos que foi criada com uma vida normal. Quando seus pais foram assassinados brutalmente, descobre que veio de uma linhagem de feiticeiros muito poderosa que sua falecida mãe tentou esconder. Ela fica sob os cui...