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TOBIAS
 

– Você só pode estar de sacanagem! – Rir pelo nariz – Com todo o respeito, tenho mais o que fazer do que vigiar uma criança. A Perséfone dá conta de ficar com a menina.

– Tobias, ela é uma jovem apesar de ser menor de idade. – Meu pai se levantou com postura autoritária – Vou dá um trabalho que só a sua irmã pode fazer. Fora que a garota é importante e como você será o próximo alfa seria ótima ficar com essa missão de cuidar dela.

– Eu não sou bom nisso. Odeio feiticeiros ou bruxas, sei lá o que esses seres malignos são! Além dos vampiros, obviamente. – Tentei convencê-lo. Meu pai é o alfa e eu seguirei seus passos. Sempre me dediquei muito para chegar onde eu cheguei e agora ele me dá uma “missão” patética?

– Tobias, graças a uma feiticeira somos a melhor alcateia que existe. Vivemos em paz, somos fortes, dedicados e ter uma companheira não atrapalha como antigamente atrapalhava. Apesar de alguns deles não prestarem não quer dizer que Ariel não irá prestar. – Ele passou a mão no rosto em sinal como se tentasse recuperar a paciência enquanto eu o encarava incrédulo – Ela foi criada como uma humana, é inofensiva.

– Ah, é? – Rir sarcástico – E como pretende contar que contos de fadas existe de uma maneira ruim? Eu definitivamente não vou ter paciência para um surto.

– Exatamente, Tobias. Você nunca tem paciência com ninguém! Quando você for alfa vai criar uma guerra logo de cara. Precisa aprender a tratar as pessoas e ter mais ‘jogo de cintura’, sabe? Ela vai ser ótima exatamente por isso. E quanto a contarmos quem somos e o que ela é, eu vou conversar com ela. Não espero uma boa reação mas não podemos esconder isso dela, até porque, vamos chamar Nicolau para ensiná-la a dominar sua magia.

– O QUE? – Trinquei os dentes – Vai chamar aquele bruxo pra cá?

– Ele vai saber mais cedo ou mais tarde da garota. Fora que ele é o responsável de todos os bruxos e feiticeiros, sabe de tudo em relação a magia apesar de ser um porre. – Ele sentou-se ajeitando seu terno – Eu sei que não gosta dele mas o cara é bom, e se escondermos que encontramos a garota da linhagem de Olívia pode ter alguma briga desnecessária.

– Aquele cara é um crápula, pai.

– Não temos escolha, não confiamos em nenhum feiticeiro, e se for pra confiar que seja ele por ser bom no que faz.

– E eu tenho que ser babá até quando?

– Eu sinceramente não sei. Os pais da garota foram assassinados e não sabemos o porque. Talvez quem os matou possa vir atrás da Ariel. – Suspirou – E você é forte, centrado em uma missão, você vai dá conta. Só precisa mantê-la perto de você, não necessariamente aprisioná--la aqui. Se ela quiser sair, passear e até mesmo ir para escola você tem que está por perto, é simples.

– Não vou ter mais vida, vou viver para tomar conta dela por tempo indeterminado? – Rir sarcástico – Não vou ter pelo menos alguém pra revezar?

– Só se for realmente necessário. Ela está abalada por conta dos pais, a princípio acredito que ela fique trancada sem muito contato, então não precisa se preocupar de início dela querer sair e ter que ser um carrapato. – Debochou.

– Que hilário. – Rir sem humor – Quando essa garotinha vai vir?
 
– Sinto o cheiro da Perséfone e da Ariel de longe. Já chegaram.
 
Não queria contrariar meu pai – acima de tudo o alfa, realmente a garota é importante mas eu não via o porque de ter que ficar responsável tendo que me preparar. Com certeza vinha problemas por aí com a chegada dela, até onde sei sobre Olívia é que além de poderosa era extremamente inteligente e sabia o que faz, com o que mexia e o total controle de seus poderes e não colocaria nas mãos de qualquer um alguém de sua linhagem.

NÃO IRIA COLOCAR NAS MÃOS DE QUALQUER UM.

É, talvez de certa forma, faça sentido eu ficar com ela. Porém precisava treinar, ficar de olho em outras alcateias e principalmente dos vampiros, fora os feiticeiros que conseguiam ser mais traiçoeiros de todos.

Saí do escritório para esfriar a cabeça e não o responder mal.

No corredor avistei Perséfone amostrando a casa para Ariel. Dei passos largos querendo sair logo dali sem ser percebido, pois no momento não estava muito receptivo a situação e ninguém tinha culpa com minhas frustrações, principalmente ela que perdeu os pais e somos totalmente desconhecidos.

– Tobias? – Escutei Perséfone me chamando. Droga. Continuei andando fingindo não ter a ouvido quando ela me chamou novamente mais alto. – TOBIAS! – Parei bruscamente, fechando o punho.

– Oi. – Me virei para encará-la. Avistei dessa vez melhor a aparência da garota. E...bem, de fato, não era uma criança apesar de seu rosto angelical e ar ingênuo. Seus olhos verdes encontraram os meus e me encararam, seus cabelos castanhos e ondulados caíam perfeitamente em seus ombros. Como toda feiticeira tinha uma beleza única, diferente e quase que gloriosa. Era a mais bonita que tinha visto até hoje. Desviei meu olhar para Perséfone – Eu estou com pressa, depois falo com vocês com mais calma.

– Pelo menos seja educado e cumprimente nossa prima. – Perséfone disse com um olhar de súplica.

– Prima? – Rir pelo nariz. – Não tenho tempo para encenações. Quando ela souber de tudo aí sim me procurem. – Encarei Ariel – Seja bem-vinda ao nosso mundo, gracinha.

Saí andando para esfriar a cabeça. Não quero ficar para as devidas explicações para uma pessoa que foi criada com uma vida normal e acabar dando algum chilique comigo por perto. Eu definitivamente não tenho paciência para isso.

Vigésimo QuintoOnde histórias criam vida. Descubra agora