Libertino

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Quão injusto é o nosso acaso
Encontramos algo tão verdadeiro
Que está fora de alcance
Mas se você encontrasse nesse vasto mundo
Você teria coragem de deixá-lo ir?

---Not About Angels, Birdy

Os primeiros raios de sol infiltraram pelas janelas e o despertaram, ele costumava deixar as cortinas abertas para ser acordado pela luz solar e naquele dia não seria diferente. Entreabriu as pálpebras lentamente e se deparou com um par de olhos castanhos o assistindo sem piscar.

— Não costumo ser observado adormecido por um homem. — comentou sonolento.

— Pois deveria, sua beleza é digna de um quadro. — o homem piscou lhe oferecendo uma caneca de café, Victor achou mais seguro beber o líquido quente antes de tentar se lembrar da noite anterior por isso aceitou a caneca com as iniciais da cidade de New York e bebericou lentamente. — Se está se perguntando não, não foi dessa vez que teve o privilégio de dormir comigo, ela já foi.

— Você lê mentes? — o loiro se sentou cobrindo o quadril com o lençol branco que forrava o chão.

— Quem me dera, apenas já estou acostumado, todas as manhãs Genevieve corre para pegar o metrô e ir para casa antes que seu marido note e me deixa para despertar seus acompanhantes. — o homem tinha uma segunda caneca que levou aos lábios e suspirou. — Não se sinta mal, é um dos homens mais lindos que tive o prazer de despertar.

— Obrigado, acho. — olhou ao redor se recordando aos poucos da noite anterior, o estúdio que servira de palco para sua noite estava exatamente como se lembrava. Havia conhecido a francesa em um bar com dança muito famoso em São Paulo e ela o levara para aquele estúdio no segundo andar de um prédio comercial. — Então você é o pintor?

— Sim, ela é minha melhor modelo e por isso tem no meu trabalho um álibi sempre que o marido desconfia das suas escapadas. Ela não é má pessoa — o homem interrompeu o Ruiz que mal tinha pensado em perguntar — Ela apenas tem o espírito livre, e embora tenha carinho pelo marido, busca em outros homens e mulheres inspiração, paixão e beleza.

— É uma artista.

— Sim, a propósito sou Leonard.

— É um prazer Leonard, sou Victor, poderia me jogar minhas roupas? Ainda preciso ir trabalhar. — o francês empurrou os óculos de grau sobre o nariz e se ergueu recolhendo suas peças espalhadas por todo o estúdio. Era delicado, de pele bronzeada, cabelos castanhos nos ombros presos por um elástico, traços suaves e finos e um maxilar muito quadrado. — Obrigado.

— Poderia me deixar pintá-lo um dia, sua beleza é tão crua e singular tenho certeza que me inspiraria em uma pintura magnífica. — o loiro vestiu-se notando que o outro não lhe daria privacidade, de fato parecia vê-lo como um quadro e sua nudez como algo natural.

— Me desculpe, cara, mas não tenho pretensão de me tornar modelo, agradeço pela oferta. — o outro suspirou desapontado e assentiu, o Ruiz calçou os sapatos e deixou a gravata pendurada antes de recolher o terno e a carteira, seu celular tinha algumas mensagens pessoais não lidas.

— Caso mude de ideia, esse é meu cartão. — Leonard o ofereceu e o loiro o pegou e acenou em despedida enquanto se afastava. — Tem um ponto de taxi na esquina do café! — assentiu abrindo a porta e desceu pelas escadas se encontrando na rua, logo seguiu para o ponto de taxi.

. . .

A área social da Space Dance estava surpreendente vazia, Samanta se encontrava colocando todos os copos limpos no lugar e então os abridores de garrafas, os quebradores de gelo e os baldes, não queria acumular para a hora do almoço porque os Backar faziam as refeições todos ali e ainda que não deixassem claro ela sabia que sua presença os deixavam desconfortáveis.

Série Os irmãos Backar - Amor por preconceito (Victor Ruiz) - livro 4.1Onde histórias criam vida. Descubra agora