Embate

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Abra seus braços e reze

Para a verdade que você está negando
Se entregue ao jogo
Para a sensação de que você está escondendo

Perseguindo aquele impulso
Eu preciso te mostrar o que você está perdendo
Eu sou suficiente
Para manter seus outros amantes escondidos?

Desire, Years & Years ft Tove Lo

Era período da manhã ainda naquela quinta-feira e Samanta já queria mais que tudo sumir. Das pessoas, dos seus pensamentos, dos seus pesadelos, do julgamento nos olhos de todos, até da sua própria sombra.

Depois de mais uma noite alimentada por pesadelos a morena se encontrava exausta e foi assim que sentiu uma mão afastar delicadamente a mecha de cabelo a frente dos seus olhos e um beijo demorado em sua têmpora.

— Achou mesmo que fugiria de mim? Não aceitou meus convites então invadi seu trabalho. – ela repousou o queixo na mão e tentou seu melhor sorriso para Danniel Milles Assumpção, ou como era publicamente conhecido, Dani Milles. – O que foi, Safira, que brilho é esse que entristece esses olhos lindos? – ele ergueu seu queixo com aquela elegância coloquial que ele exalava.

Dani a conheceu em um evento que Daniela promoveu, ele estava à frente da revista Rosto, não apenas como jornalista e entrevistador, como produtor e herdeiro da mesma. No primeiro olhar ele se mostrou diferente de todos os homens que ela conhecia, de fato ele deu sim em cima dela, mas com elegância e charme, nada de cantadas baratas e quando ela recusou ele foi compassivo e não só aceitou sua recusa como a convidou para serem amigos e eram, há dez anos.

— Como me encontrou, Belo? – brincou com o tratamento já que era uma brincadeira dos dois e certamente não era exagero, Dani exalava poder e beleza por todos os poros com seus olhos azuis, seus cabelos negros e seu cavanhaque, ele tinha um jeito de lorde que combinava muito com ele.

— Faro de jornalista, jamais duvide ou me ofenderia. – ele abotoou o terno negro e piscou charmoso antes de puxar a banqueta e sentar-se, não usava gravata e sua camisa social branca se encontrava aberta os primeiros botões. – Na verdade os Backar me chamaram aqui para retratar a imagem deles que foi exposta na mídia de forma desonrosa, acha-la aqui foi uma maravilhosa coincidência, está linda de uniforme.

— Certo, vou comprar seu elogio barato ainda que não seja muito a sua. – ela brincou finalmente sorrindo de verdade.

— Eu nunca minto, querida. – ele tocou seu queixo e ela piscou um pouco sem jeito. – Agora vamos, esclareça a razão da tristeza nesses olhos lindos, não gosto quando estão assim. – inclinou-se para vê-los melhor e ela suspirou.

— Os pesadelos voltaram, Dani.

— Aqueles mesmos que nunca me contou. – ele afirmou sem precisar perguntar e ela assentiu afastando a mecha para trás da orelha. – Precisa conta-los para alguém, Safira, se abrir, ainda que seja para um profissional, talvez ajudasse a diminuir o peso deles para você.

— Já são horríveis quando penso neles, dizê-los em voz alta seria desconfortável demais. – balançou a cabeça e mirou a superfície espelhada do balcão. – Dizem que cada um tem seu karma, bom esse é o meu.

— É jovem e esperta demais para acreditar que está sendo castigada pelo destino.

— Eu sei, mas não tem a terceira lei de Isaac Newton que diz que toda ação tem uma reação? Eu sei que ele se referia a forças aplicadas, mas na minha vida essa frase parece fazer bastante sentido e eu comecei a acreditar, Dani. Que a vida resolveu que eu teria que lidar com as consequências dos meus erros passados, que outra explicação há para isso tudo?

Série Os irmãos Backar - Amor por preconceito (Victor Ruiz) - livro 4.1Onde histórias criam vida. Descubra agora