Ops

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Camila não dividia mais o quarto com Dinah na república, com a conclusão do curso por duas outras meninas, como combinado, Camila herdou um quarto por assim dizer. E essa herança foi o cenário de uma dúvida que lhe consumiu toda noite, enquanto encarava seu celular com o número de Lauren no display.

Seria muito cedo para ligá-la? Ora, faziam apenas algumas horas que elas se falaram, vai parecer desespero... E afinal, o que havia entre ela e a doutora Lucy? Tanta intimidade, porque Lauren atravessaria toda cidade só para levar uma guloseima para ela? Seria um gesto romântico? E se já fosse tarde demais? Ela mesma disse que não esperaria a vida toda, já se passou mais de um ano. Agora ela fazia carreira de fotógrafa em meio a modelos espetaculares, festas badaladas, o que ela ia querer com uma caipira cheia de problemas? Dezenas de perguntas angustiavam e minavam a coragem de Camila tomar a iniciativa de procurar Lauren.


A manhã chegou sem que ela sequer se desse conta, deve ter cochilado poucas horas, e despertou exatamente do mesmo jeito do jeito que estava na noite anterior: angustiada, ansiosa com o celular na mão.

Era sábado, e o time de vôlei do curso reiniciaria seus treinos. Camila seguiu para a quadra do campus ainda distraída com seus pensamentos conectados na vontade incessante de procurar Lauren.

A morena mal conseguiu fazer companhia a Lucy no Mess durante a noite, se pegando por diversas vezes vigiando seu celular na esperança de atender a chamada de Camila. Num gesto incomum, levantou-se cedo naquele sábado, revivendo o encontro do dia anterior com sua amada, se deliciou com as lembranças do seu sorriso, do seu cheiro que ressentiu quando ela se aproximou e supôs que naquele momento a encontraria no treino de vôlei. Durante aquele ano, Lauren frequentou em segredo tais treinos a fim de assistir como fã apaixonada os lances de Camila em quadra. Não teve dúvidas, arrumou-se abusando do seu estilo e rumou para o campus.

Pela força do hábito, Lauren tentou ficar imperceptível pela arquibancada, pelo túnel de acesso, disfarçando qualquer olhar curioso. Entretanto, Dinah a reconheceu, e em quadra ao lado de Camila não perdeu a oportunidade de compartilhar o estranhamento à presença da morena ali.


– Estou vendo direito? Aquela é a Lauren?


A hora para o comentário não poderia ter sido pior. Dinah indagou no momento em que a equipe adversária sacava justamente em cima de Camila que estava ao fundo da quadra e instintivamente olhou na direção que a amiga apontou, sendo acertada em cheio na cabeça com o saque violento da ponteira adversária.


– Meu Deus, Camila!


Dinah berrou quando viu a colega desabar na quadra. Em um reflexo óbvio, Lauren saiu do suposto anonimato e correu para quadra se ajoelhando ao lado de Camila.


– Camz! Está me escutando?


Dinah tentava chamar atenção da amiga que permanecia estatelada ao chão, apertando os olhos encarou com dificuldade a forma do rosto que lembrava o de sua amada. Estaria alucinando ou era mesmo Lauren ali aos seus pés?


– Lauren?


Camila perguntou franzindo a testa esfregando-a, atestando a protuberância consequente da pancada ali.


– Procure não se mexer, foi uma pancada forte.


Lauren respondeu para Camila ter a certeza de que era ela mesma ao seu lado. Outra jogadora chegou trazendo uma bolsa de gelo a qual Dinah se precipitou em posicionar sobre o hematoma.


– Estou bem meninas, não precisam se assustar.


Camila se sentou a contragosto de quem a assistia. Fernanda tratou de dispersar as outras pedindo que o material do treino fosse guardado, já que o horário dos meninos usarem a quadra já chegara. Dinah se levantou fazendo menção de ajudar Camila a fazer o mesmo:

Leis do Destino - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora