Porre

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Durante quase uma hora Camila permaneceu naquele consultório vazio, amargando a desilusão, decepção, perda. Sentimentos devastadores e estranhos a ela tomaram de conta da jovem, se deu conta que nunca sofrera de fato por amor, os foras que levara dos meninos no colégio nada mais eram do que drama de adolescente, a proporção do que sentia era incomparável.

Aos poucos aquele sentimento dilacerante se converteu em revolta e raiva contra Lauren. Tal reação nublou a sensatez de Camila, que se detinha apenas nas últimas palavras da agora ex-namorada, ignorando os sinais que a fotógrafa dava, os sinais que a própria Camila aprendera a ler, os sinais do esforço que Lauren fez para esconder seus reais sentimentos ao tomar aquela decisão tão dolorosa.

Com os olhos inchados, e rosto nitidamente abatido pela dor que lhe assolara, Camila saiu pelo corredor do hospital a fim de cumprir um triste, mas, prático ritual de fim de relação: recolher suas coisas do apartamento de Lauren e voltar para sua quitinete. Quando saía do hospital encontrou Harry que ao notar seu estado perguntou preocupado:


– Camila, o que houve?


– Harry eu não estou para conversas, estou apressada.


– Ei calma! Você está tremendo, qualquer um vê que você não está bem.


Harry segurou a mão de Camila atestando a alteração dos seus nervos.


– Foi algo com a Lauren?


Harry indagou mansamente. O tom da voz de Harry pareceu desarmar a moça que se entregou a um choro silencioso, mas ininterrupto. O rapaz não teve alternativa que não fosse oferecer seu peito para Camila recostar-se. Durante alguns minutos permaneceu assim, abraçando Camila, apoiando seu queixo na cabeça dela, afagando seu rosto ternamente.


– Está mais calma? Quer falar?


– Não, não quero falar. – Camila respondeu enxugando as lágrimas.


– Tudo bem então. Está com fome? Quer ir naquela padaria? Aqueles sonhos deliciosos saem daqui a pouco...


– Não obrigada. Preciso ir ao apartamento da Laur...


Camila interrompeu a fala ao se dar conta do desconforto da situação.


– Lauren, pode completar Camila.


– Desculpe-me Harry.


– Vou ter que me acostumar não é? – Harry disse sem graça.


– Não será preciso. A Lauren acabou de terminar tudo comigo. Preciso ir ao apartamento dela para pegar minhas coisas.


Harry mudou a expressão, deixando evidente sua satisfação ao ouvir tal notícia. Conteve seu entusiasmo e foi cordial:


– Quer que eu vá com você?


– Melhor eu ir sozinha...


– Ao menos te dou uma carona, e te deixo em casa depois...


Mental e fisicamente exausta, Camila apenas consentiu com um gesto positivo, a solicitude de Harry não era tão desinteressada, ela sabia disso, mas, não suportaria o peso do carregaria ao sair do apartamento de Lauren sozinha, o peso do fim de um amor que ela acreditava nem ter tido a chance de existir.


***********


O trânsito caótico do fim de tarde de Nova Iorque não afetava a clausura mental que Lauren criara, sentia-se inepta para explicar o que sentia ou interagir com a realidade que ela mesma provocara: seguir sua vida sem Camila ao seu lado, e pior, a certeza de tê-la magoado o que certamente a jogaria nos braços de Zayn.

Leis do Destino - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora