Despedida

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Embora eu tenha perdido a aposta, eu comecei a pensar sobre as "coisas estranhas" que aconteciam por lá. Talvez eu conseguisse alguma resposta, talvez.

Quando eu aceitei a vaga para sub-xerife, minha avó resolveu fazer uma festa de despedida na mini chácara onde a gente morava.

- Ouvi dizer que você ia fazer uma festa. – Disse uma voz conhecia, quando eu resolvi ficar sozinha no portão de entrada. Quando me virei, vi Lizzie, muito bem arrumada, com um presente na mão e um sorriso enorme.

Meu rosto não conseguiu esconder o espanto e a surpresa. Abri o portão em câmera lenta, tentando fazer meu cérebro entender que aquilo realmente estava acontecendo.

- Não queria que você deixasse tudo pra trás sem uma conversa. – Avisou, andando até o portão, mas não entrou. – A não ser que você queria que eu vá embora.

- Com certeza eu quero que você fique. – Eu estava muito surpresa para me lembrar como respirava naquele momento, consegui sorrir de volta. Esperei ela entrar e fechei o portão. – Eu senti muito sua falta. – Olhei para ela, enquanto tentava voltar a respirar normalmente.

- Eu não esqueci você em nenhum minuto. – Abriu os braços lentamente, com medo que eu a rejeitasse, dei três passos a frente e a abracei. – Desculpa ter sido uma péssima pessoa com você! – Começou a chorar enquanto falava e me abraçava. – Eu nunca consegui demonstrar o quanto você era importante para mim e ainda é. Sem você eu não seria quem eu sou. – Me abraçou mais forte – Por favor, me desculpe.

- Claro que eu te desculpo. – Nos afastamos um pouco – E me desculpa por ter partido seu coração. – Sorri olhando para baixo.

- Você não tinha como saber que estava fazendo isso e eu não tinha o direito de tratar você como se fosse responsável pela minha falta de atitude. – Fez uma pausa para pensar no que falar – Eu... a gente nunca vai saber o que teria acontecido se eu tivesse me declarado naquela época. – Deu de ombros e me entregou o presente. Segurei o embrulho franzindo a testa e sorrindo ao mesmo tempo. – O que foi?

- A gente tem 48 horas para descobrir. - Segurei a mão dela e fomos até meu quarto. Deixei o presente em cima da mesa do computador, esperei ela entrar e fechei a porta. Ela ficou me encarando, sem mover um músculo. Apaguei a luz. A música da parte de trás de casa estava muito alta, mas eu não sabia dizer exatamente o que eles estavam ouvindo.

- Você tem certeza que a gente deveria estar aqui? – Ela parecia um pouco nervosa com a pergunta. Caminhei lentamente até ela e encontrei minha testa na dela.

- Você quer descer? – Eu conseguia vê-la encarando minha boca. A iluminação da parte de fora era suficiente para iluminar meu quarto. Ela balançou a cabeça negativamente. Inclinei meu queixo um pouco para frente, ficando milímetros de distância da boca dela. Nossa respiração começou a ficar acelerada. – Tudo bem? – Passei meu nariz no dela lentamente. Ela sorriu em resposta e colocou as mãos em minha nuca. Encostei os lábios nos dela. Ela foi abrindo a boca, dando passando para nossas línguas se encontrarem. Enquanto a gente se beijava, ela passava os dedos levemente pelo meu pescoço. Segurei sua cintura, forçando mais o contato dela com a parede.

Lizzie começou me empurrar para trás, logo senti a cama e me sentei. Ela sentou em meu colo, com cada perna de um lado do meu corpo. Meu celular começou a vibrar. Lizzie apoiou a cabeça em meu ombro e esperou eu ver a mensagem. Era o Chris avisando que tinha acabado de chegar com a Olivia e o pai.

- Eu tenho que descer. – Avisei, enquanto passava os dedos devagar pelas costas dela. Ela me abraçou e me deu um último beijo.

Minha mãe, minha avó, a Sra. Clanton, a Clarissa e a Olivia nos viram voltando para a festa de mãos dadas, cada um com uma expressão diferente sobre o assunto. Cumprimentei os recém chegados e apresentei Lizzie como colega da escola. Clarissa esperou um pouco antes de me puxar para um canto e perguntar o que eu fazia com ela.

Crônicas de Ghost RiverOnde histórias criam vida. Descubra agora