Capítulo VII

739 25 19
                                    


Feels like I'm falling

Into the world

Into the world

I can't control it

I hear it calling

Down in my soul

Gripping my bones

It won't let go

                                 Ruelle - Bad Dream











Tenten

Fazia cerca de uma semana que havíamos saído daquele maldito calabouço e desde então fomos postas em uma espécie de harém especial para os príncipes, onde só tinha nós cinco mais um monte de empregados encarregados de cuidar de cada detalhe nosso, pele, maquiagem, roupas, alimentação... Tudo era feito por eles, e isso já estava começando a me irritar profundamente.

Até agora nenhuma de nós foi chamada até os aposentos reais, o que eu agradecia internamente, já que não tinha a mínima vontade de ir até aquele lugar. Porém, Temari já tinha conhecido os aposentos do seu Senhor, segundo ela, assim que terminou seu castigo nas câmaras ela foi levada para lá e no dia seguinte veio parar aqui para ser tratada dos machucados, e mesmo tendo se passado mais de uma semana desde o ocorrido ainda dá para perceber algumas poucas marcas em sua pele, mas são mínimas comparado a quando a vimos no dia seguinte, ela estava acabada.

Ela não nos disse nada do que aconteceu durante os quatro dias que passou naquele lugar, apenas disse para em hipótese alguma irrita-los a ponto de eles resolverem as mandarem para aquele lugar. Ela também nos mostrou a marca que tinha ganhado em seu corpo, a marca do Clã Nara, a qual ela agora era propriedade. Aquilo fez uma raiva sem igual crescer em mim.

Não tínhamos a permissão de sair dessa parte do castelo sem autorização e no mínimo dez guardas faziam a vigia da porta que dava acesso até os corredores principais, porém nenhuma de nós ousou em tentar fugir novamente, ainda tentávamos digerir tudo que tinha acontecido da última vez que tentamos, e querendo ou não, de uma forma ou de outra, acabamos tomando certo medo de tentar algo assim novamente, ao menos por enquanto. Estava tudo muito recente ainda.

Já estava a noite, melhor dizendo, era muito tarde da noite e somente eu e Temari estávamos acordadas, todas as outras estavam dormindo em seus quartos. Temari estava lendo em um dos cantos da grande sala, perto das janelas, que iam do teto ao chão, assim permitindo a entrada de luz suficiente para clarear o local. Eu estava sentada em um monte de almofadas e uma folha de papel repousava sobre uma pequena mesa de centro feita de madeira. Segurava um pedaço de carvão e tentava pensar em algo para preencher o espaço em branco. Às vezes, nas viagens que meu pai fazia ou quando sobrava dinheiro ele trazia algumas folhas de papel junto com um carvão para que eu desenhasse, já que eu amava fazer isso. Sinto uma falta absurda da minha antiga vida, uma falta tão grande de acordar cedo, sair e ir para a nossa pequena plantação, ajudando a preparar a terra, a regar, a cuidar do pequeno espaço. Sentia falta do meu pai, de seus conselhos e das suas broncas. Eu odiava esse castelo, odiava o fato de estar presa aqui dentro enquanto queria estar lá fora, odeio o fato de ser tratada apenas como um objeto, como apenas mais uma que ocupará a cama de um deles e depois quando enjoarem me jogarão fora, assim como eu fazia com as ervas daninhas que cresciam no meu quintal.

O pouco que eu perdi, na concepção deles, era tudo para mim. Eu estava sendo privada de mim mesma, privada dos direitos sobre o meu próprio corpo, e isso era algo que eu não conseguia aceitar, de jeito nenhum. Eu estava presa aqui, apenas esperando a ordem que viria a qualquer momento, a ordem que por mais que lutasse contra teria que cumprir, querendo ou não. Apertei com força o carvão em minha mão, quase o quebrando no processo, olhei para a folha de papel com pesar e comecei a fazer traços simples, mas firmes. Demorou cerca de uma hora para terminar meu desenho, minhas mãos estavam sujas de carvão, mas estava satisfeita com o resultado. Era uma mulher de longos cabelos, de costas olhando para algo que estava à frente, mas que ninguém sabia o que era, segurando uma rosa com força, machucando os seus dedos e deixando pingar seu sangue no chão, sem se dar a menor importância. Era assim que me sentia, perdida em meio a tudo o que acontecia, me machucando com a certeza que tinha e não podendo me importar com o que me aconteceria, porque de nada adiantaria.

























Minha SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora