Capítulo XIV

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" As vezes você quer muito uma coisa, mas não é pra ser. É preciso ter coragem para aceitar as coisas que não consegue mudar."
Apartament 23

Naruto
Três dias.
Havia se passado apenas três dias desde que mandei Kiba e Lee atrás dos supostos pais das garotas, mas para mim esses poucos dias passavam como anos.
Não tive coragem o suficiente para comentar minhas suspeitas com nenhum dos outros, apenas inventei uma história, junto a Kakashi, para que eles não tocassem nelas até que eu descobrisse se o que suspeito é verdade. Eu nem mesmo tive que convencer ou explicar para o platinado o que estava acontecendo, ele aceitou de bom grado me ajudar, o que me me deixou profundamente aliviado.
Ainda não estava pronto para falar o que estava acontecendo em voz alta.
Era como um pesadelo, porém não adiantava eu abrir meus olhos, porque ele não passava.
Ele era muito real para ir embora.
Nesses últimos dias me tranquei em meu quarto, não sai para treinar e nem para as reuniões junto ao conselho. Preferia isolar-me na bolha de segurança que criei. Era como que se eu saísse daqui a verdade bateria mais forte em minha face e isso eu não suportaria.
A única coisa que fiz foi investigar mais a fundo toda essa história, por sorte não precisei pensar muito tempo sobre isso. No segundo dia que estava preso em meu quarto, em meu martírio silencioso, minha mãe o invadiu, como o verdadeiro furacão ruivo que era. Exigiu uma explicação plausível para o meu comportamento, ela estava preocupada com o filho. Desde a perda de Ino a ruiva se tornou paranóica com a segurança de seus dois únicos bebês, cuidou de nós com todo o cuidado do mundo. Ela odiava quando eu tinha que ir a batalhas, ela chorava como uma condenada, implorando para que eu não fosse, mas eu sempre ia e sempre voltava para limpar as lágrimas de minha mãe.
Eu e ela sentamos e conversamos por um bom tempo, tomei muito cuidado ao perguntar sobre minha irmã e as outras, afinal mesmo tendo se passado quase treze anos do ocorrido, até hoje era um assunto delicado de se tratar. Era uma espécie de Tabu, porém eu precisava quebra-lo a qualquer custo para descobrir o que precisava.
Minha mãe me falou um monte de coisas, como era a personalidade de cada uma, tudo que aprontavam juntas, o que mais gostavam de fazer... Muito do que ela me disse não daria para usar para descobrir o que queria, porém uma parte da conversa foi útil para o meu propósito.
Toda a família real tinha certa característica peculiar que mostrava a sua descendência. Alguns nobres mais próximos da árvore genealógica real também tinham essas características específicas e os Harunos era um clã que as possuía.
Segundo minha mãe os Naras possuíam uma macha marrom que poderia aparecer em qualquer parte do corpo, porém possuía uma forma mais específica, ela se parecia com uma gota.
Os Sabukus tinham como característica uma pinta negra, grande e que se destacava das outras, na região do tronco.
Os Harunos eram os únicos que conseguiam ter a coloração rósea em seus fios, devido uma mutação genética que acontecia com eles. Essa coloração os faziam ser parte do clã Haruno e os que não a possuíam eram mestiços impuros ou agregados.
Os Hyuugas puros e do ramo principal da família detinham os olhos de uma coloração única, cinza perolados, que também era fruto de uma mutação genética.
Os Uzumakis, o clã ao qual pertenço, também tinham características próprias. Geralmente os membros do clã eram ruivos, porém ao unir o gene Uzumaki ao gene Namizake acabou por tirar a característica ruiva dos fios, deixando-os loiros, porém a marca em forma de espiral continuou. Todos os membros do clã possuíam essa marca, seja em que parte ela esteja.
Os Uchihas eram todos brancos, dos cabelos negros e olhos ônix, sem exceção, porém a característica peculiar dessa família era o fato de seus olhos ônix mudarem de cor quando estavam estressados, passando para coloração vermelha.
De acordo com essas características que eram dados os sobrenomes para cada criança que nascia, caso ela não nascesse com a característica seria dado o sobrenome de seu outro pai. No meu caso, se eu não tivesse nascido com a marca da espiral o sobrenome do meu pai seria dado a mim, eu seria um Namizake e não Uzumaki, e não teria direito ao trono, assim como meu irmão Deidara, que era um Namizake.
Com isso seria muito mais fácil descobrir se elas realmente eram quem eu pensava. Hinata e Sakura cessaram minhas dúvidas quanto suas origens, afinal elas tinham a característica própria do clã ao qual pertenciam. Isso era algo que nunca deveríamos ter deixado passar, não prestamos atenção em algo que serve para nos identificar como descendentes legítimos.
Puta que pariu, são elas mesmo!
Meu estômago embrulhou tanto quando descobri a verdade que tinha agradecido por não ter comido nada até aquele horário.
Quando minha mãe saiu do quarto eu sentei no chão e entrei em uma crise nervosa.
Sasuke e Sakura.... Merda! Ele vai querer se matar quando descobrir o que fez com a irmã que ele tanto procurou!
Em que merda nos metemos!?
Eu estuprei a Hinata, caralho! Eu estuprei aquela menina fofa e meiga que vivia correndo e rindo pelo palácio. O Neji vai me matar quando descobrir! Eu já estou quase me matando!
Isso eu tinha descoberto ontem e hoje meu estado estava deplorável. Nem banho tinha tomado ainda. Minha noite foi uma merda, não preguei os olhos em um momento se quer, sempre que eu os fechava ouvia as risadas da perolada quando criança e logo depois escutava o choro compulsivo dela na nossa primeira noite, onde a forcei deitar comigo. Eu era um merda, um merda do caralho! Eu não merecia nem mesmo ter nascido, como pude fazer isso. Por Deus! Como eu me tornei isso?
Não tinha nem mesmo forças para me levantar da cama, tudo que eu queria era que essa merda de pesadelo acabasse e que quando eu acordasse estivesse com oito anos de novo, brincando com Ino no jardim das margaridas e a encontrando no pique e esconde.
Batidas na porta triraram-me do meu estado de torpor, porém estava sem força e animo o suficiente para parecer ao menos apresentável para quem quer que fosse que estivesse do outro lado da porta. Apenas falei um entre abafado e me virei em direção a porta, esperando que a pessoa entrasse.
⁃ Naruto - falou Lee entrando no quarto.
Assim que o vi dei um pulo da cama, quase caindo no chão com o ato, mas consegui me equilibrar a tempo.
⁃ Lee?! - falei eufórico - não acredito que já estás aqui! Conseguistes?
⁃ Como se eu voltasse sem conseguir o que me é ordenado - disse ele rolando os olhos e sorrindo de canto - conseguimos encontrar as famílias e trouxemos os pais de todas, menos os de Tenten - falou ele
⁃ Eu disse todos, Lee!
⁃ Sei disso, porém não poderíamos trazer corpos para que vossa majestade interrogasse.
⁃ Estão mortos? - falei surpreso
⁃ Sim, os dois. Ela morava sozinha a quase um ano. Encontramos uma lápide perto da casa com o nome do pai dela. Pelo que vimos nos documentos ele era a única família dela já que a mulher dele havia morrido a anos.
Apenas concordei com a cabeça e suspirei pesado.
Eu tinha que descobrir o porquê delas estarem com essas famílias e como chegaram até lá, mas sem ninguém que tivesse cuidado de Tenten ficaria difícil descobrir o que tinha acontecido com ela.
⁃ Tudo bem, darei um jeito nisso depois. - falei suspirando e coçando minha nuca - leve eles até meu escritório e chame Shino e Choji para ficarem lá mais Kiba e tu. Precisarei de vocês caso precise controla-los. Irei ajeitar-me e vou para lá!
⁃ Sim, Senhor! - falou batendo continência.
Eu estava nervoso e isso deveria estar perceptível já que Lee chegou perto de mim e apertou meu ombro.
⁃ Não sei o que está acontecendo, mas estaremos lá contigo para qualquer coisa. Confie em nós. Não servimos apenas ao Reino e à Coroa, estamos fazendo isso por ti e pelos outros princípes, porque somos seus amigos e estaremos dando apoio mesmo quando não for mais um General.
Meu peito apertou e quase desabei na frente dele. Mesmo sendo um tremendo filho da puta tinha conseguido amigos bons e leais. Eu não merecia isso, não depois do que fiz.
⁃ Obrigado Lee, mas não sei se pensará assim quando descobrir o que fiz.
⁃ Todos erramos, Naruto, só temos que aprender a nos perdoar e fazer o melhor para reaver o mal que fizemos.
Ele soltou meus ombros e saiu do meu quarto, fechando a porta sem fazer um barulho se quer.
Não sei se vai ser assim tão fácil sobrancelhudo.

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