21º Capitulo: "Recaída"

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         PDV da Demi

            É ele. Meu Deus, não posso acreditar. Todo este tempo com ele a desenvolver novos sentimentos e afinal os sentimentos já antes existiam… As lembranças da minha infância começaram a atacar-me o cérebro. Ele era o meu melhor amigo, a pessoa que me queria melhor. O meu salvador e eu recusei não percebendo isso. Mas o destino voltou a juntar-nos. De repente senti uma mão descer-me pela perna. Olhei para ele com um enorme sorriso, mas surpresa.

            “O que se passa?” pergunta ele. Eu estava tão contente que nem consegui responder. Ele olhou-me com desejo, mas algo estava mal. Ele parou olhando para as minhas mãos, especificamente para os pendentes que agora estavam unidos. “Que pensas que estás a fazer?” questiona ele, mas desta vez com um tom agressivo. Levanta-se do sofá e arranca-me os pendentes. Esta atitude foi estranha… Será que ele…

            “Tu já sabias?” sussurro com medo que aquilo que estava a pensar fosse verdade. Se ele soubesse que eu era a Demi, porque razão ele não me teria contado. Isso significaria que ele deixou de ser o Liam que eu conheci, esse de certeza que me diria a verdade.

            “Sabia o quê? Do que estás a falar?” pergunta ele, tentando disfarçar a conversa.

            “Não te faças de inocente! Porque é que me mentiste?” grito, com a raiva à flor da pele sou capaz de lhe bater.

            “Desculpa… Eu pensei que quisesses esquecer o teu passado e se soubesses que eu era ele terias de me esquecer juntamente.” explicou ele.

            “Para. Diz a verdade. Admite que só querias ir para a cama com uma rapariga bonita… Tornaste-te no meu maior pesadelo.” afirmei e ia afastar-me para sair. Ele correu atrás de mim nu e agarrou-me antes de eu sair da porta.

            “Demi… Não é nada disso eu juro. Eu não te quero perder. Eu continuo o mesmo.” promete.

            “O outro Liam teria mentido? Teria escondido ser quem é? Teria feito sexo só por prazer? Meu Deus. Aquela fita ontem, de «sou virgem». Aposto que nem a 10ª fui…” exclamei furiosa.

            “Não… Tu foste e continuas a ser o meu grande amor. Demi eu tinha medo de perder a virgindade porque eu queria perde-la contigo. Eu procurei-te sabes… Quando soube que estavas internada!” conta ele, ainda com a mão no meu braço e o corpo nu.

            “Chega! Estou farta de ouvir desculpas. Fica com isso.” replico referindo-me aos pendentes e saiu a correr. Andei o mais rápido que podia, até que por fim chegar à minha casa. Quando cheguei reparei que estava sozinha. A minha mãe já deve ter ido trabalhar e a Cher… Cher? Fiquei preocupada e então liguei-lhe. “Está tudo bem?” perguntei, disfarçando o choro.

            “Demi? Onde estás?” questiona ela, percebendo que eu não estava bem.

            “Estou em casa!” respondi, desta vez mostrando os meus sentimentos pela voz, pois na verdade precisava de alguém. Estava a sentir-me muito em baixo.

            “Eu vou já… Não faças nada Demi!” pediu ela e desligou o telemóvel. «Não faças nada»? Sei o que ela quis dizer com isto. É exatamente isso que me está a passar pela cabeça. Eu fui estupida o suficiente para deixar-me cair de novo. A culpa é toda minha!

            Senti uma vontade enorme de me castigar. Procurei uma faca, mas era incapaz de arranjar forças para chegar à prateleira. Vi a tesoura de costura que a minha mãe costuma deixar ali mesmo em cima da mesinha da sala. Rastejei pelo chão até lá chegar. Ninguém me quer bem… A culpa é minha por isso. Agarrei na tesoura com a mão esquerda encostei-me à parede e virei o meu pulso direito. Vi «Strong». Lágrimas começaram a cair-me pela cara. Talvez aquilo que o Liam disse seja verdade. Eu tenho que esquecer o passado e todos nele. Talvez ele tenha me escondido as coisas por bem. Mas mentir é mau. E eu nunca vou saber quais eram as verdadeiras intenções dele. Levanto a mãe esquerda e abro a tesoura. Olho de novo para o «strong», as pombas estão a levar a fé à força. Olho para as pombas desenhadas no meu braço. Olho para a palavra «fait». Olho para o meu braço esquerdo, para os lábios a beijar-me. Com a mão direita toco nas costas perto do ombro esquerdo e lembro-me do que lá está escrito «Now I’m a Warrior» (Agora sou uma guerreira). Stay Strong. Seja forte, continue forte, fique forte. Sou uma guerreira. Eu não preciso de me castigar. Atiro a tesoura para o chão. E grito, um simples «ah». Choro e choro. Mas não penso mais em mim como a culpada de alguma coisa.

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