«Estupida, tu és uma gorda. Demetria tem vergonha fecha-te em casa sua aberração», todos os dias a mesma coisa, já estou cansada não sei mais o que fazer. Os nomes que me chamam perseguem-me até enquanto durmo. «Obesa, tu és como um elefante», estou perdida no mundo, tenho medo de sair de casa. Eu sei que não é normal uma rapariga de 15 anos não ter amigos, mas… Eu já tentei comunicar mas torna-se impossível!
Hoje, é um novo dia e já começou mal as minhas calças preferidas não me servem, e já me sinto constrangida, como se no meu quarto alguém me chama-se de gorda!
- Demetria, querida desce, o pequeno-almoço está feito, são panquecas! - Gritou a minha mãe.
Panquecas, adoro. Mas quando penso que se as comer, vão de novo gozar comigo, só de pensar que se comer terei de comprar calças com um número ou mais a cima do 36…
Vou a caminho da escola com a mochila às costas, até parecia estar preparada para o primeiro dia de aulas, mas só por fora, só pelos lápis, as canetas e os cadernos, porque por dentro tenho uma dor na barriga. Talvez sege a fome, pois saí de casa sem comer o pequeno-almoço, talvez será do medo daquilo que me puderam fazer na escola, ou talvez das duas coisas!
Entrei com o pé direito para dar sorte… Como se isso me valesse de alguma coisa. A Taylor deve estar a chegar e isso é o que mais me assusta porque ela é quem mais me magoa, quem mais me afeta, não sei porquê que ela me faz isto, juro que não sei. Estou assustada. Também, eu tenho azar ela tinha que ficar na mesma turma que eu!
-Hey, tu és tão gordo.– ouvi eu. Pensei que se tinham enganado na palavra “gordo”, e talvez eles me quisessem chamar de gorda. Mas não era para mim, era o Joe, o rapaz mais popular e mais giro da escola, que só por acaso namora com a Taylor. O Joe estava a agarrar um rapaz e a empurra- lo contra a parede e a tentar ajudar o tal rapaz estava lá uma rapariga.
-Para, larga-o. Ele não te fez nada de mal, por favor, parem.- dizia a rapariga enquanto os enquanto eles discutiam.
-Eu posso ser gordo fisicamente, mas pelo menos sou mais educado do que tu.- respondia o rapaz aos insultos do Joe.
-Tu não estas a chamar-me mal-educado, seu badocha!- disse Joe e manda-lhe um soco. E a discussão piorou, os rapazes andavam à pancada e ninguém a não ser aquela tal rapariga tentava separa-los, aquela situação estava a ficar feia e eu queria ajudar, mas o que uma rapariga obesa com problemas de autoestima poderia fazer naquela situação. Foi aí que me lembrei e corri. Corri e gritei:
- Senhor diretor, por favor venha está a haver uma discussão no corredor.
O diretor parou com a discussão, mas eu não percebi muito bem o que aconteceu. O diretor agiu como se já tivesse à espera que aquilo acontecesse, como se já fosse normal. Bom, a verdade é que me senti bem em ajudar aquele rapaz e me senti triste porque traí o Joe.
Agora, estava eu a porta da minha sala de aula, à espera do toque de entrada e vinha na minha direção a Taylor, loira, magra, linda e poderosa como sempre, as minhas pernas estremeceram com o medo que estava a sentir.
- Sonsa, que direito tens tu para acusares o meu namorado, por tua culpa o Joe vai ser suspenso…
- Eu não fiz por mal só achei que era o certo! Pede desculpa ao Joe. – respondi.
- Cala-te sua balofa. Não vou descer ao teu nível nem para ti vou olhar. Sai-me da frente. – exigiu a Taylor, e eu fiz. Taylor vai com rapidez e com andar de rainha, até que tropeça e caí. Foi aquela rapariga que estava no meio da discussão que fez uma rasteira a Taylor, a rapariga vinha na minha direção rindo-se daquilo que fez.