POV EMILLY
Concordei em conversar com o Juliano, estava mais do que na hora de colocar os pingos nos is. Caminhávamos em silêncio, para longe dos outros, Juliano estava com as mãos no bolso e eu com os braços cruzados, andando bem lentamente, buscávamos as palavras certas pra começar.
- Eu não odeio você Emilly. - ele começou com o assunto- Nunca foi totalmente ódio, acho que eu exagerei muito na proteção ao Marcos, te julguei de forma errada, discordei de diversas atitudes suas que prejudicaram ele e acabei passando dos limites. Custou a felicidade dele- ele dizia olhando pra mim, mas logo abaixou o olhar.
Fiquei em silêncio, estava buscando as palavras pra me expressar, exatamente como eu me senti todo esse tempo. Chegamos no cais de frente para o Rio e sentamos um do lado do outro, estávamos observando a noite. O silêncio se fez presente de novo, só se ouviam os grilos e as vozes distantes deles, mas eu tratei de quebrá-lo logo.
- Eu sim, quer dizer foi momentâneo,eu não odeio ninguém, eu não guardo mágoa de ninguém, mas quando tu e os envolvidos invadiram a minha privacidade atras de ex namorado meu, pesquisando sobre a minha vida, fazendo dossiê sobre o meu passado, baseado no que os outros falavam, quando eu descobri isso, sim, eu te odiei- eu olhava pra ele para observar sua expressão, ele ouvia atentamente cada palavra minha- Como você se sentiria com alguém invadindo a sua vida querendo te prejudicar? Tu ia querer a cabeça não é ? - ele concordou - O Marcos falava tão bem de ti e eu só pensava "será que os amigos dele gostam de mim?", aí eu sai e me dei conta que não. Eu te odiei por tu ter pedido votos contra mim, pelas coisas que tu falou para o Marcos quando ele saiu, eu te culpei, joguei a culpa da carta em ti, tudo o que o Marcos fazia eu achava que era influência sua, mas como eu disse foi momentâneo, eu percebi que ele não é um bebê, tudo o que ele fez foi porque ele quis, sem influência de ninguém, então a raiva passou, eu só senti indiferença, só isso- voltei a olhar o Rio esperando as palavras dele, mas ele pareceu estar sem elas naquele momento.
- Acho que você consegue imaginar como é difícil ver um irmão seu, trancado em uma casa, vigiado pelo país inteiro, assim como eu imagino o quão difícil é ficar trancado em uma casa longe de tudo.- concordei com o que ele disse- foi difícil aceitar que ele iria, se expor pra todo mundo, mas era o que ele queria, ele queria muito essa experiência. Aí ele conheceu você- ele sorriu - No começo eu achei que era só tesão por uma novinha, mas depois eu vi o poder que você tinha sobre ele, eu vi tua influência em cima dele, de como ele se afastou de todos os supostos amigos por causa de você. Nós ficamos com medo de você colocar o jogo dele a perder, apesar dele não querer o dinheiro, ele queria ir pra final e ele queria te levar pra final a todo custo. Isso nos assustou, aí começaram as brigas diárias, as ofensas que ele recebia aqui fora, chegou uma hora que tivemos que pensar na carreira dele Emilly, então quisemos tirá-lo de lá, tirá-lo de você- ele abaixou o olhar para o Rio novamente.
- Eu entendo, mas vocês fizeram parecer como se ele fosse um garoto indefeso, ele não é , bem longe disso. Todas as atitudes e condutas que ele teve na casa, foram totalmente responsabilidade dele, eu nunca obriguei ele a nada. É realmente muito difícil tu entrar em um programa sem conhecer ninguém, tu se jogar de cabeça em um relacionamento vigiado por tanta gente, é muita pressão, as brigas eram muitas realmente, mas eu não era a única culpada disso, vocês nunca tentaram se colocar no meu lugar, deixaram eu levar a culpa por algo que eu não fiz, por raiva. Sabe Juliano... o ódio cega e cegou vocês, vocês tentaram me prejudicar muito, mas eu nunca revidei, sabe por que ? -perguntei e ele negou - Porque eu sempre coloquei o meu sentimento de gratidão pelo Marcos, acima de qualquer ranço que eu sentia por você ou qualquer outro. Eu jamais prejudicaria ele, tu sempre soube disso.
- Agora eu sei de verdade, vê-lo assim tão feliz, me fez enxergar que você sempre foi a única que esteve do lado dele, sem querer nada em troca. Todos pediam cirurgias e outras coisas, mas você não, sempre gostou gratuitamente e nós fechamos os olhos pra isso quando as coisas perderam o controle. Eu sinto muito se eu te julguei de forma errada, sinto muito por tudo o que aconteceu nesse tempo, de verdade Emilly, a única coisa que eu quero, é ver o meu irmão, meu amigo, meu filho feliz e isso ele é com você- ele sorriu pra mim e eu senti muita sinceridade em cada palavra dita por ele - Não estou dizendo para sermos melhores amigos, mas passarmos por cima de tudo o que aconteceu e começarmos do zero, o que acha ? - ele levantou a sobrancelha.
- Tá, uma trégua entre nós - estendi a mão novamente e ele a apertou- Eu acho bom a gente se entender, o Marcos ama você, eu jamais pediria pra que ele se afastasse de ti ou de alguém. Acho que nós damos conta de nos entendermos, nós amamos muito a mesma pessoa. - ele riu, levantou e me puxou para que eu levantasse também.
- Trégua - ele apertou minha mão mais uma vez.
Voltamos para a área da mesa e estavam todos ali, tensos esperando por nós. Mas o clima era leve, eu e o Juliano sorriamos deixando um suspense no ar. Carol se aproximou dele alisando suas costas e a Mayla se aproximou de mim.
- Tá tudo bem mana ? - ela perguntou preocupada.
- Tudo ótimo - eu falei e ela sorriu.
- Tá tudo bem nenê ? O que vocês conversaram ? - foi a vez do Marcos perguntar, ele estava preocupado.
- Tá sim meu bem, tudo no seu lugar, tu não precisa mais se preocupar com o Juliano, nós nos entendemos- pisquei pro Juliano e eles todos sorriram. Marcos me olhava com um brilho nos olhos.
- Obrigado por ter feito isso, eu amo você- ele me beijou carinhosamente e me abraçou. Tudo parecia estar no lugar agora, nada atrapalharia minha felicidade e a do Marcos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Second Chance
Fanfic1 ano depois Emilly e Marcos tem o tão esperado reencontro, mas será que o destino ainda os quer juntos ? Afinal a vida de ambos de certa forma seguiu...