Capítulo Bônus - Diego

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Era comum durante o período de férias a minha família trocar o Rio de Janeiro pelas praias de Recife - mesmo morando em São Paulo,o meu coração sempre pertenceu ao Rio. Os meus pais me levavam para a chácara da minha tia Rosana. E eu passava o meu tempo livre jogando futebol com os meus primos e tocando violão com a minha prima Alicia.

Com o tempo, eu passei a trocar a viagem para a casa da minha tia pelas praias do Rio de Janeiro. Não que fosse ruim passar um tempo fora, mas acontece, que eu queria passar um tempo com os meus pais aqui mesmo no Rio. Eles viviam trabalhando, e quando surgia as férias, nós não nos falávamos porque eu viajava pra casa da minha tia e eles para as praias cariocas.

Durante essas férias eu pude conhecer o Arthur. Em uma partida de futebol - que durou menos de duas horas - nós nos tornamos amigos.

Pouco tempo depois ele começou a namorar a Luisa. Com isso as nossas partidas de futebol foram substituídas por idas ao cinema.

Eu gostava de ver o quanto a Luísa deixava o meu amigo feliz. O quanto eles pareciam felizes com coisas bobas,como um simples pega-pega na areia da praia.

Eu torcia pela sua felicidade, mas no fundo, uma pontada de ciúmes foi surgindo.

Eu não queria ficar de platéia, eu queria estar no lugar dele. Queria poder correr e abraçar alguém por ter ganhado a partida de futebol. Queria poder sair no fim de semana para tomar sorvete,e quando deixasse ela em casa recebesse uma mensagem com algo escrito: "Amor,você chegou bem em casa ?". Mas como diz aquele famoso ditado "Querer não é poder !".

Até que em um sábado qualquer o Arthur me convidou para tomar um sorvete. Tentei inventar uma desculpa pra não precisar ir,mas ele, me conhecendo como ninguém fez com que eu me levantasse da minha cama confortável,e saísse para encontrá-lo em um parque que ficava próximo a sorveteria.

Eu estranhei quando o vi sem a namorada. O mesmo me contou que ela ficaria em casa porque a prima que morava em São Paulo iria chegar de viagem naquele dia. Caminhamos até a praia,e paramos para jogar uma pelada com alguns amigos. Quando percebemos,já se passava do meio-dia. Pegamos as nossas camisetas,que estavam na areia,e saímos em direção a sorveteria.

- Aquela não é a Luísa ? - Avistei a namorada do meu amigo alguns metros à frente acompanhada de uma garota morena.

- É ela mesma. - Meu amigo afirmou e começou a andar sorridente até a sua amada.

Faltando quase três metros de distância para chegarmos perto das garotas,elas se viraram e nos encararam. Observei o caminho que os olhos da morena fizeram e sorri pra mim mesmo.

Depois de comprimenta-lá nós começamos a conversar. E foi depois dessa conversa,que eu percebi o quando aquela garota me fazia bem. E do quando eu queria que ela fosse só minha. 

Tentei resistir,mais foi em vão. O seu jeito inocente e as suas inseguranças,me conquistaram. Quando eu menos esperei, já estava me apaixonando. A minha mãe é a prova viva do quanto ela havia ocupado todos os meus pensamentos,tanto,que eu havia tirado um tempo para lhe dedicar uma música.

Infelizmente,eu não tive tempo de mostrar o quanto eu a amava. Não tive tempo de dar o carinho que ela merecia. Não tive tempo de dizer sobre como ela ficava linda sob a luz do luar. Mas tive tempo de dizer adeus. O adeus mais doloroso e mais sofrido que eu já havia dado.

Na ida para a nova cidade,eu me senti incompleto. Eu sabia que nós teríamos que nos separar,tinha consciência disso. Mas não sabia que isso aconteceria bem antes do esperado.

Meus pais tentaram me animar,tentaram trazer o antigo Diego de volta. Mas nada adiantou. Nem a visita da nossa nova vizinha,que a propósito, minha mãe fez questão de mandar um bolo no dia seguinte. Quem ficou responsável por levá- lo foi eu.

Mas apesar de tudo,a vida tinha que continuar. Meus pais me matricularam em uma nova escola,eu passei a frequentar as aulas pela manhã, e a tarde,eu me concentrava em somente ouvir as notas do violão.

No começo,eu via o seu rosto por onde eu passava. Um exemplo disso,foi quando eu pensei ter a visto na porta de uma sala próximo a minha. Mas depois,eu descartei esta ideia e passei a me concentrar nos estudos. Foi então,que surgiu a oportunidade de uma viagem para um resort. No começo,eu recusei. Tentei de todas as formas argumentar com a minha família,mas foi tudo em vão.

Neste momento eu me encontro sentado próximo a janela. Ao meu lado,um garoto devora o seu lanche - isso porque o ônibus nem saiu do lugar.

Alheio a tudo e a todos,eu coloco os meus fones de ouvido,a única coisa que faz com que eu me anime e não fique no tédio. Depois do que se pareceram horas,o ônibus finalmente começou a se movimentar.

Observando as ruas sendo deixadas para trás eu me permito pensar,e com isso,eu acabo dormindo.

Sinto uma mão me balançar levemente,abro os olhos um pouco cansado e vejo o meu parceiro de viajem me encarar.

-Já chegamos ! Anda senão vai ficar pra trás ! - Terminou de falar e saiu me deixando sozinho.

Levantei,ainda um pouco sonolento. E desci do ônibus,encarei aquela imensidade de alunos e suspirei fundo.

O dia seria longo

Depois de um tempo relativamente grande,eu consegui me infiltrar no meio dos alunos e pegar a minha mala preta de rodinha. Caminhei até um instrutor que nos informou sobre a divisão do quarto. Fiquei um pouco perdido,não sabia com quem eu iria dividir o quarto. Não conhecia basicamente ninguém. Mas eis que alguém cutuca o meu braço,me viro e encaro o menino que dividia o assento do ônibus comigo.

- Meu nome é Pietro ! - Estendeu a mão para um cumprimento.

- O meu é Diego ! - Lhe devolvo o cumprimento.

- Eu vi que você está sozinho,e queria saber se você quer dividir o quarto comigo. - Encarei ele. - ser o meu colega de quarto ?

- Pode ser ! - Confirmei e comecei a andar para o meu suposto quarto.

Assim que entrei,coloquei as malas no chão e deitei exausto na cama.

- Não dorme não,por que o almoço já vai ser servido ! - Meu colega me alertou e entrou no banheiro para tomar banho.

Esperei que ele saísse para poder entrar. Não demorei muito,só joguei uma água gelada no corpo para despertar.

Assim que eu terminei de me arrumar,eu sai em busca do meu colega de quarto. Não demorou muito,e eu o encontrei encostado na porta. Começamos a caminhar em direção do refeitório,que se localizava próximo a recepção do hotel.

Cansado,e exausto da viagem comecei a desenrolar o meu fone de ouvido. Não queria ouvir ninguém,só o silêncio já me bastava. Mas antes que eu pudesse terminar de descer os degraus,algo me fez parar. Ou melhor,alguém.
Alguém que sabia como desregular as batidas do meu coração. E que sabia o quanto isso me afetava.

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