🔫AVISO: PODEM HAVER ERROS DE DIGITAÇÃO.🔫
Freya
A vida é uma coisa realmente estranha. Veja só: Eu, Freya Cole, um dos braços direitos de Charlie Walker, participando de uma seleção para entrar na maior organização criminosa rival à minha.
Talvez seja um pouco de falta de amor próprio, se bem que a minha autoestima não é uma das mais baixas. Na verdade, é exatamente o contrário. Sou conhecida pelo meu ego um pouco inflado demais. Porém, que culpa eu tenho se realmente sou boa em quase tudo o que faço? Apenas reconheço meu talento, afinal de contas, minha maior admiradora tem que ser eu mesma.Mas voltando, eu devo ter falta de amor a minha vida, pois caso eles descubram quem realmente sou, tenho certeza que vai faltar espaço no meu corpo para o tanto de balas que irão disparar em mim.
Antes que alguém pense: não, eu não estou com medo. Esta é só uma pequena análise das minhas atuais condições. Condições nada favoráveis, devo ressaltar.
— Atenção! — eu estava tão perdida em minha própria mente, que custei a reconhecer o pedido de silêncio. Balancei a cabeça levemente, mandando para longe todo e qualquer possível pensamento, e focalizei a atenção aos homens à minha frente.
Estávamos agora em uma ampla sala, com janelas enormes, e muito altas. O cômodo estava repleto de armas de todos os tipos. Facas, pistolas, revólveres , munições. Havia também vários sacos de areia pendurados, colchonetes, entre outras coisas. Até arco e flecha tinha ali. Bem Robin Hood, eu sei.
— Circulem pela sala, e escolham três tipos de armas. — Roger pronunciou.
Andei pela sala, observando atentamente as opções que eu tinha. Eu gostava de qualquer tipo de arma, desde as silenciosas armas brancas, até as mais potentes armas de fogo. Estar no meio de todas aquelas opções era como estar num shopping center para mim.
Resolvi então misturar minhas opções. Escolhi um pequeno canivete, uma spear point*, e um revólver calibre 38. São escolhas simples, armas bem comuns. Todavia, em toda a minha vida lidando com esse tipo de coisa, eu havia aprendido que de nada adianta uma arma sofisticada, com alta potência, se você não souber manuseá-la com precisão.
Caminhei de volta para onde todos estavam, e observei o que cada um havia pegado. A maioria tinha escolhido armas de fogo, ou grandes facas. Ao ver minhas escolhas, Code rio debochado.
— Um canivete? — ele perguntou dando um risinho nasalado.
Dei de ombros desinteressada. Não queria comprar outra discussão com ele. Briguinhas assim poderiam diminuir meus créditos com Róger. Além disso, todas essas provocaçõezinhas são piegas de mais, infantis demais. Não me trariam nada além de dor de cabeça, e muito ódio acumulado em meu corpo nunca dava em coisa boa.
— Muito bem. — Damian começou. Sua voz era forte, ele tinha presença. Ele gostava de intimidar, eu já havia notado isso há tempos. Devia se deliciar com a sensação de respeito que impunha aos outros. Eu sabia muito bem como era aquilo. — Em um momento de combate, as armas que vocês têm dispostas, podem ditar o curso de suas vidas. Digam o porquê escolheram estas armas. Freya, comece — ele ordenou. O fitei por alguns segundos interessada no motivo de sua escolha, e comecei a falar.
— Eu escolhi um canivete, uma spear point, e um trinta e oito.
— Escolhas intrigantes — foi Róger quem falou desta vez. — Por que, em meio a tantas outras armas mais potentes, e mais sofisticadas, você escolheu estas?
— Eu gosto da simplicidade — disse sem precisar pensar — Gosto de como estas armas, mesmo tão simples, e aparentemente inofensivas, podem se tornar poderosas se manuseadas corretamente.
—Então para você não faz diferença a potência de uma arma, ou o alcance de uma faca? —Damian me perguntou curioso.
— Não sou tão radical. — respondi com um ar divertido — Sei bem que existem armas melhores que outras, mais precisas, mais potentes. No entanto, de nada adianta a superioridade da arma, se a pessoa que a tiver em mãos não souber mostrar do que ela é capaz. — disse sustentando seu olhar. Eu não gosto do jeito que Damian me encarava. Ele parecia o tempo todo desconfiado. Sabia que seria assim, porém aquilo me incomodava. Ele pareceu surpreso com minha resposta, e apenas balançou a cabeça afirmadamente
— Ah, fala sério! — Por Deus, de novo não. Era Code, mais uma vez. — O que você acha que pode fazer com esse canivetinho?— sua voz era puro deboche, e eu sinceramente daria tudo para cortar sua língua com o canivete que estava em minhas mãos.
— Mostre a ele, Freya — olhei confusa para Roger. O que ele queria dizer com aquilo? Damian o encarava da mesma forma, provavelmente surpreso com a atitude do homem.- Mostre a ele do que esse canivetinho é capaz. — sua voz era séria, não havia nenhum tom de brincadeira ali. O encarei por longos segundos, tentando encontrar qualquer resquício de incerteza em seu semblante, porém nada encontrei. Um sorriso maquiavélico brotou em meus lábios. Tudo o que eu queria, afinal.
— Com prazer. — respondi sorrindo de lado, e antes que Code pudesse entender o que estava acontecendo, o canivete que antes estava minhas mãos, agora se encontrava cravado em sua perna direita. O grito que saiu de sua garganta invadiu o ambiente inteiro. Desesperado, ele tentava parar o sangue que jorrava de sua perna, e ao mesmo tempo parecia tentar criar coragem para retirar a pequena faca do seu corpo. Caminhei lentamente até seu corpo curvado, e me abaixei para ficar em sua altura.
— Escute bem... — comecei. Meu rosto estava próximo ao seu, e sua respiração descompassada batia em minha face. Eu podia sentir o ódio emanando dele. Seu maxilar estava travado,e seus olhos semicerrados numa carranca de raiva e dor. — Escute bem, pois é a primeira e última vez que vou falar. — o ambiente estava completamente silencioso, todos prestavam atenção em mim e em Code. — Eu sou uma mulher, mas isso não me faz inferior a ninguém. Não quero ser defendida, não preciso de proteção. Você não me conhece, não faz ideia do que eu posso fazer contigo. E eu tenho certeza que você não vai querer pagar para ver. — levei minha mão até o canivete em sua perna, e o pressionei, fazendo com que a lâmina afundasse em sua carne. Ele grunhiu alto, e fechou os olhos, pressionando as pálpebras com força. — Olhe para mim — exigi, porém ele permaneceu com os olhos fechados. Pressionei novamente o canivete em sua perna, dessa vez com mais força que anteriormente. Ele abriu os olhos de imediato. Estes estavam esbugalhados devido a dor que sentia. — Não me desafie, não me subestime, não me discrimine... — nossos rostos estavam colados, e nosso olhar travava uma batalha silenciosa, que não precisava de palavras para ser entendida — Porque da próxima vez, eu não pouparei você.
Ao dizer isso, retirei o canivete de sua perna, o ouvindo gritar mais uma vez. Me afastei de Code, e sequei a lâmina manchada de sangue em meu casaco. Encarei atentamente a figura do homem caída no chão, e uma sensação de prazer percorreu meu corpo. Eu sentia prazer ao machucar pessoas, sentia prazer ao ouvir seus gritos, e ao ver seu olhar cheio de sofrimento. Não me culpo por isso, não mais. Eu não deixaria ninguém passar por cima de mim, nem que para isso precisasse derramar sangue.
— Uau. — alguém pronunciou — Garota, você é quente.
Finalmente olhei ao redor, e me deparei com rostos espantados e surpresos. Todos pareciam em choque, assimilando oque havia acabado de ocorrer. Varri o local com meus olhos. Roger estava surpreso e parecia admirado. Raul, o nerd, estava encolhido, aparentemente tremendo. Oliver sorria discretamente. E Damian...Bom, Damian estava inexpressivo. Eu não sabia o que ele estava pensando, contudo sabia que não era bom.
*um tipo de adaga, com lâmina reta.
Gente, desculpe a demora pra postar. Esse capítulo ficou curto, porém preferi parar por aqui. Espero que gostem, beijinhosss <3

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Linhagem
ActionTrês máfias, um objetivo: controle. Órfã, desde sempre a única realidade de Freya é a máfia na qual ela trabalha. Seguir ordens de seu chefe é tudo o que ela fez. Matar, roubar, torturar e principalmente: jamais se envolver. E ela seguia a risca tai...